No documento, produzido após o encontro de líderes do bloco em Washington nesta quarta-feira (10), a Otan chamou a China de uma “facilitadora decisiva” do esforço de guerra da Rússia na Ucrânia, dizendo que Pequim continua a representar desafios sistêmicos para a segurança euro-atlântica. Além disso, exigiu que os chineses interrompessem o envio de “componentes de armas” e outras tecnologias consideradas críticas para a reconstrução do exército russo. A acusação é um episódio marcante da relação da Otan com a China, porque foi a declaração mais detalhada sobre o país asiático feita pelo bloco no contexto do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. E destacando que foi num documento oficial do Bloco, que dá mais peso. Além da repreensão a Pequim, o comunicado da Otan deixa claro que a China está se tornando um foco da aliança militar. Os membros europeus e norte-americanos e seus parceiros no Indo-Pacífico veem cada vez mais preocupações de segurança compartilhadas provenientes da Rússia e seus apoiadores asiáticos, especialmente a China. Segundo o comunicado, a “parceria sem limites” da China com a Rússia e seu amplo apoio à base industrial de defesa da Rússia “aumenta a ameaça que a Rússia representa para seus vizinhos e para a segurança euro-atlântica. Apelamos à China, como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas com uma responsabilidade particular de defender os propósitos e princípios da Carta da ONU, que cesse todo apoio material e político ao esforço de guerra da Rússia”. A China, por sua vez, insiste que não fornece ajuda militar à Rússia, mas mantém fortes laços comerciais com seu vizinho do norte durante o conflito. Os chineses também acusam a Otan de ultrapassar seus limites e incitar a confrontação na região do Indo-Pacífico. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também está participando da cúpula, apesar da Ucrânia não ser membro da Otan. As conversas para o país ingressar ao bloco estão avançando –o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse nesta quarta que o caminho para a entrada da Ucrânia na organização é “irreversível”, mas ainda existem obstáculos para serem superados. Faixa anunciando cúpula da Otan em Washington, nos Estados Unidos, por conta da cúpula de 75 anos da aliança militar, em 9 de julho de 2024. — Foto: Yves Herman/ Reuters