Com isso, a associação pretende automatizar algumas atividades do monitoramento da fauna nas 15 bases onde realiza atividades de conservação atualmente. Todos os meses, biólogos do Onçafari coletam e analisam mais de mil horas de vídeos feitos por armadilhas fotográficas. De acordo com a organização, essas armadilhas – que são câmeras com sensores de movimento instaladas no campo – são ativadas facilmente por vento, folhas e outros movimentos não relacionados aos animais, que geram “imagens fantasmas”. Nesse sentido, o novo sistema auxiliaria na triagem desses vídeos, a fim de reduzir a quantidade de horas a serem analisadas pelos técnicos. Posteriormente, a ideia é refinar ainda mais essa triagem para realizar a identificação de espécies nos vídeos de forma automatizada. Instalação e georreferenciamento das armadilhas fotográficas passa a ser estrategicamente pensado — Foto: Lilian Rampim De acordo com a gerente de marketing do Onçafari, Lélia Bárbara Doumit, a iniciativa partiu dos estudantes do ensino médio Felipe Barbosa, João Barbosa e Roberto Haberfeld, que são voluntários da associação, e teve apoio dos colaboradores Rafael Souza e Vinicius Miloco. Desde fevereiro de 2023, um piloto do projeto “Bushmen AI” está sendo elaborado para a base Caiman Pantanal. Após a conclusão, segundo Lélia, o esquema deve ser replicado para as demais bases de conservação. O processo de análise dos vídeos deve ser repensado desde a instalação e georreferenciamento das armadilhas fotográficas, passando pela triagem das imagens baseada em IA e revisão humana em casos específicos, até a análise integrada dos dados para consumo interno e externo. Armadilhas fotográficas registram diferentes espécies de animais na base Caiman Pantanal, do Onçafari “O aplicativo pensado pelo projeto irá remover quase inteiramente o processo de triagem de vídeos. Isso é extremamente importante porque a equipe do Onçafari passa mais de 200 horas por campanha fazendo triagem de vídeo”, explica a profissional. Importância de monitorar Para biólogos e outros técnicos da área ambiental, o monitoramento de fauna é imprescindível para entender impactos da ação ou de empreendimentos humanos em espécies, indicar novas formas de manejo e auxiliar na preservação das populações. Por atuar em diferentes frentes de trabalho (ecoturismo, ciência, reintrodução, social, educação e florestas), os dados coletados pelo Onçafari acabam servindo para funções múltiplas. Nesse caso, o monitoramento está relacionado a: Entendimento da dinâmica populacional nas regiões monitoradas;Identificação de espécies raras e/ou ameaçadas;Detecção de potenciais conflitos entre humanos e a natureza selvagem, entre outras aplicações práticas e acadêmicas. “A tecnologia é essencial para o futuro da conservação ambiental, pois serve para fazer tarefas que são impossíveis ou extremamente exaustivas para humanos, como a triagem ou o monitoramento 24/7 de focos na Amazônia. O futuro da conservação é a união de cientistas ambientais e a computação”, afirma Lélia Doumit. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente