Daniela FernandesDe Paris para a BBC Brasil15 setembro 2014Crédito, ReutersLegenda da foto, Desaceleração da economia levou montadoras brasileiras a conceder férias remuneradas a funcionáriosO Brasil deverá crescer 1,4% em 2015 contra 0,3% neste ano, mas ainda abaixo de vários emergentes e países ricos, informou um relatório divulgado nesta segunda-feira pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).O estudo, intitulado Avaliação Econômica Intermediária, revisou consideravelmente para baixo as previsões em relação ao crescimento da economia brasileira neste ano e no próximo.Segundo a OCDE, a alta do PIB brasileiro (Produto Interno Bruto, a soma dos bens e serviços produzidos por um país) em 2014 deve ser inferior, inclusive, à da Zona do Euro (0,8%), que ainda não conseguiu se recuperar totalmente da crise financeira.No próximo ano, o Brasil continuará crescendo menos do que a China (7,3%) ou a Índia (5,9%) e também terá expansão menor do que países como Estados Unidos, Alemanha e Canadá. Por outro lado, deve ter um crescimento maior que o da Zona do Euro (1,1%) e da Itália (0,1%), diz a OCDE.InvestimentosEm maio passado, no relatório Perspectivas Econômicas, publicado semestralmente, a organização havia previsto que a economia brasileira cresceria 1,8% em 2014 e 2,2% em 2015.O novo levantamento diz que, no curto prazo, o Brasil deve registrar “apenas uma lenta retomada econômica após a recessão”, ressaltando que a inflação permanece acima da meta e sugerindo, assim, que as políticas monetárias deverão continuar restritivas.A economia brasileira entrou oficialmente em recessão – quando há dois trimestres consecutivos de queda – no final deste primeiro semestre.A OCDE destaca que os investimentos no Brasil têm sido particularmente fracos neste ano, “afetados pelas incertezas em relação à direção da política econômica após as eleições e pela necessidade de reduzir a inflação”.A organização ressalva, no entanto, que “uma recuperação moderada do crescimento pode ser esperada no Brasil quando esses fatores se dissiparem”.Mas o crescimento da economia brasileira “deve permanecer abaixo do potencial em 2015″, prevê a OCDE.O novo documento divulgado nesta segunda-feira tem o objetivo de atualizar as previsões e análises publicadas em maio, avaliando se elas continuam pertinentes.As novas perspectivas no curto prazo foram publicadas devido à reunião de ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais do G20 nos dias 19 a 21 de setembro em Cairns, na Austrália.Ritmo desigualPule WhatsApp e continue lendoNo WhatsAppAgora você pode receber as notícias da BBC News Brasil no seu celularEntre no canal!Fim do WhatsAppA OCDE também afirma no documento que uma expansão econômica moderada está em andamento na maioria das economias desenvolvidas e emergentes, mas isso ocorre a um ritmo desigual entre as regiões.”Há um aumento das diferenças entre as principais economias. A retomada nos Estados Unidos é sólida e o crescimento é uma tendência no Japão e na China e também está se reforçando na Índia, após o recente ritmo fraco”, afirma o documento.O cenário contrasta com a situação do Brasil, com perspectiva de recuperação lenta da economia, e também nos países da zona do euro, onde a expansão permanece fraca no curto prazo e “há risco de estagnação prolongada se não houver medidas para aumentar a demanda”, estima a OCDE.O PIB dos Estados Unidos deve crescer 2,1% neste ano e 3,1% em 2015, contra 2,6% e 3,5% previstos no estudo de maio passado.A zona do euro deve crescer apenas 0,8% neste ano. Enquanto a Alemanha deve ter expansão de 1,5% neste ano e no próximo, a Itália, por exemplo, deve encerrar 2014 com retração de 0,4% do PIB e crescimento de apenas 0,1% em 2015.A economia da China deve avançar 7,4% em 2014 e 7,3% no próximo ano, sem mudanças em relação às estimativas anteriores.Já no caso da Índia, a OCDE revisou para cima a estimativa de crescimento econômico do país neste ano, que deverá ser de 5,7%, contra 4,9% previsto anteriormente para o mesmo período. Em 2015, o PIB indiano deverá crescer 5,9%.”O grupo de economias emergentes continuará crescendo muito mais rápido do que os países avançados, mas o ritmo também é desigual entre esses países”, afirma a OCDE, comparando a expansão do PIB na China e na Índia e os números bem mais modestos no Brasil.