Um macho idoso de jaguatirica (Leopardus pardalis), cuja presença desafiava as expectativas de longevidade e vigor desses felinos, foi registrado com características marcantes de envelhecimento, mas exibindo impressionante força e agilidade. O encontro aconteceu durante um monitoramento de fauna na Caiman Pantanal, a principal base do Onçafari com uma área de 53 mil hectares protegidos. À primeira vista, o animal parecia ferido, levando a uma rápida mobilização da equipe para verificar seu estado. A preocupação girava em torno de um grande incêndio que afetou o Pantanal recentemente e impactou muito as populações de animais que lá vivem. Diversas equipes estavam em campo para monitorar os animais sobreviventes, e uma delas avistou esta jaguatirica se movendo de maneira peculiar. Apesar da idade avançada, o animal se movia com normalidade entre os galhos — Foto: Giovanna Leite No entanto, o que se revelou foi um macho idoso, mas em condições notáveis de saúde, um caso raro e ainda mais especial por ser o primeiro registro do tipo feito pelo Onçafari. “A Caiman Pantanal é uma área preservada de 53 mil hectares, e embora seja um desafio encontrar jaguatiricas por aqui, quando as encontramos, geralmente são animais jovens. Encontrar jaguatiricas idosas não é algo comum por aqui. Nunca havíamos registrado casos de jaguatiricas idosas, e por isso, eventos como esse são super legais e importantes de serem reportados.”, explica a bióloga do Onçafari e responsável pelo registro, Giovanna Leite. De acordo com Giovanna, a idade jaguatirica gira em torno de 10 anos de idade, mas nunca chegaram a monitorar uma jaguatirica desde seu nascimento até a idade avançada de sua vida, uma vez que o foco da instituição é o monitoramento de onças-pintadas. “Aqui na nossa base da Caiman Pantanal trabalhamos com a onça-pintada, a nossa espécie-alvo, e temos monitorado esses animais há quase 14 anos. Por isso, adquirimos um profundo conhecimento sobre a intimidade das onças. Com isso, estamos constantemente em campo, em busca desses felinos, e durante o processo, acabamos nos deparando com uma grande variedade de outras espécies”, diz Giovanna. Jaguatiricas mais velhas tendem a ser mais magras, resultado da redução na frequência de caça em comparação com os indivíduos mais jovens. — Foto: Giovanna Leite O avistamento também despertou curiosidade pela forma como a jaguatirica se comportava. Apesar da idade avançada, o animal se movia com normalidade entre os galhos, demonstrando que o ambiente protegido, com abundância de alimento e água, foi crucial para sua sobrevivência. Segundo a bióloga do Onçafari, o fato de ter alcançado essa idade é um reflexo de sua habilidade em se manter em seu território, caçar com eficiência e se defender de outros machos, deixando evidentes suas habilidades e adaptabilidade. Além disso, como a Caiman Pantanal é uma área protegida e sem ameaças como caça ou desmatamento, a espécie teve a oportunidade de conquistar tudo isso naturalmente. “Pelo simples fato dele estar no alto de uma árvore, conseguindo subir, descer e se locomover entre os galhos, saltando e caminhando no topo, já diz muito sobre suas condições, embora magro, ele estava em condições corpóreas adequadas”, informa Giovanna Leite. Macho idoso de jaguatirica avistado no Pantanal — Foto: Giovanna Leite As características físicas de uma jaguatirica podem revelar muito sobre sua idade. Indivíduos mais velhos apresentam vibrissas (bigodes) com diferenças de tamanho, frequentemente desalinhadas, e as pontas das orelhas começam a mostrar sinais de imperfeição. Esses detalhes visíveis ajudam a diferenciar animais idosos dos mais jovens, facilitando a identificação durante as observações no campo. Além disso, jaguatiricas mais velhas tendem a ser mais magras, resultado da redução na frequência de caça em comparação com os indivíduos mais jovens. Essa perda de massa muscular não indica problemas de saúde, mas sim o processo natural de envelhecimento, evidenciando a resiliência e adaptação desses felinos, mesmo em fases avançadas da vida. Para o Onçafari, cujo foco principal é o monitoramento de onças-pintadas, esse registro reforça a importância de preservar o ecossistema do Pantanal. Com uma vida que já deve ter testemunhado inúmeras mudanças na floresta, o “sábio do Pantanal” segue sendo um símbolo de resistência e um lembrete de que cada espaço preservado é essencial para a sobrevivência dessas espécies. *Texto sob supervisão de Lizzy Martins VÍDEOS: Destaques Terra da Gente
O sábio do Pantanal: jaguatirica idosa é registrada por equipe de monitoramento
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