O que se sabe e o que falta saber sobre caso da menina que prendeu cabelo e se afogou em piscina de resort em Campinas

O que se sabe e o que falta saber sobre caso da menina que prendeu cabelo e se afogou em piscina de resort em Campinas

A menina ficou sete minutos debaixo d’água antes de ser socorrida por hóspedes do hotel e morreu 11 dias depois do acidente na UTI do Hospital Pediátrico Mário Gattinho, onde estava internada. Durante a coletiva, o delegado explicou o rumo das investigações [veja abaixo] e contou que um caso semelhante ocorreu com outra criança dia 13 de setembro, mas a criança de sete anos conseguiu se soltar com ajuda do irmão. O g1 preparou uma cronologia com os principais acontecimentos do caso. Veja abaixo: Uma criança de 9 anos se afogou após ficar 7 minutos submersa presa pelo cabelo em ralo de uma piscina em resort de luxo.Conforme o registro na Polícia Civil, a menina foi resgatada por hóspedes do hotel.Ela foi conduzida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ao Hospital Pediátrico Municipal Mário Gattinho. Segunda-feira, 25 de novembro O caso foi registrado como lesão corporal no 2º DP de Campinas pelo pai da menina. Terça-feira, 26 de novembro Foi realizada a perícia do local e um representante do hotel foi ouvido. Imagens das câmeras de segurança foram apresentadas às autoridades. Quinta-feira, 28 de novembro A polícia começou a ouvir testemunhas que estiveram no local, funcionários e hóspedes do hotel. Quarta-feira, 4 de dezembro A menina morreu no hospital no mesmo dia em que comemoraria o aniversário de 10 anos. Sexta-feira, 6 de dezembro Velório da criança no Cemitério Central de Paulínia pela manhã e enterro no Cemitério Parque das Palmeiras. Quarta-feira, 18 de dezembro Polícia Civil divulgou laudo da perícia técnica apontando irregularidade em dispositivo e apresentou novas linhas de investigação. Próximos passos Durante a coletiva desta quarta, o delegado Luiz Fernando Marucci, responsável pela investigação do caso, explicou os próximos passos da investigação: Solicitar informações sobre o projeto técnico da piscina;Buscar informações sobre o responsável pela instalação do dispositivo (engenheiro, técnico responsável pelo projeto e engenheiro técnico responsável pela execução do projeto). Segundo o delegado, a partir do laudo técnico foi pensado um novo direcionamento para investigação, uma vez que foi constatado que o dispositivo onde aconteceu o acidente estava fora das normas técnicas. O caso é investigado como homicídio culposo (sem intenção), mas a Polícia Civil não descarta classificar como dolo eventual. Laudo aponta irregularidade em dispositivo De acordo com o delegado Luiz Fernando Marucci, responsável pela investigação do caso, a irregularidade foi apontada pelo laudo pericial do Instituto de Criminalística (IC). “O dispositivo onde aconteceu o acidente está em total desconformidade com as normas técnicas. Esse tópico é muito importante para nós agora no curso da investigação, porque a partir de agora nós vamos buscar informações de quem foi o responsável por colocar aquele dispositivo lá, então o engenheiro, o técnico responsável pelo projeto e o engenheiro técnico responsável pela execução desse projeto, para ver se constava ou não esse dispositivo da forma em que foi encontrado e foi periciado pelos peritos no local”, explicou o delegado. Em nota, o Royal Palm Plaza Resort hotel informou que tem colaborado com as investigações desde o primeiro momento e que não teve acesso ao laudo. “O dispositivo do retorno da cascata, no qual aconteceu o acidente, foi desconectado e a cascata desligada de forma definitiva”. (Veja mais abaixo) Piscina no The Royal Palm Plaza, onde criança se afogou em Campinas, foi isolada — Foto: Arquivo pessoal Lei obriga segurança Marucci explicou que esse dispositivo, responsável por abastecer uma cascata da piscina do resort, é permitido, porém, a lei vigente obriga a presença de equipamentos de segurança que impeçam a sucção de cabelos e de partes do corpo debaixo d’água. “Nós temos uma legislação, salvo engano de 2022, que coloca de uma maneira muito clara que os responsáveis pelas piscinas em funcionamento e em construção têm que obedecer alguns critérios, que esses critérios são dispositivos que evitem qualquer tipo de enlace, aprisionamento, que as pessoas consigam inserir qualquer objeto lá que possa gerar algum tipo de acidente”, afirmou Marucci. O delegado disse que vai solicitar informações sobre o projeto técnico da piscina e, depois disso, avaliar eventuais responsabilidades. O caso é investigado como homicídio culposo (sem intenção), mas a Polícia Civil não descarta classificar como dolo eventual. “Não houve dolo, consciência, vontade de ter esse resultado, mas, na medida em que os fatos vão surgindo, surge, então, uma nova linha de um dolo eventual”. Delegado Luiz Fernando Marucci, responsável pela investigações — Foto: Clausio Tavoloni/EPTV Em nota, o resort reafirmou que “os ralos de todas as piscinas são antissucção e anti aprisionamento”, e que mantém “os protocolos e procedimentos de segurança sempre em operação”. Sete minutos submersa “Hoje nós podemos já dizer, com vistas nas imagens do acidente que foram disponibilizadas pelo hotel, que a criança ficou submersa mais de 7 minutos. E o laudo do IML traz o resultado da morte como afogamento mesmo”, disse Marucci. Outros acidentes com o dispositivo De acordo com o delegado, não foi o primeiro acidente envolvendo o dispositivo da piscina do resort. Um casal comunicou a Polícia Civil que no dia 13 de setembro a filha deles, de sete anos, também prendeu o cabelo no equipamento, mas conseguiu se livrar após ajuda do irmão. Em depoimento, os pais disseram ter avisado o salva-vidas que estava na piscina no dia do incidente, que ocorreu 40 dias antes do afogamento da menina de nove anos. “É óbvio que a gente vai apurar tudo isso, isso não é uma verdade absoluta. Nós vamos então ver se o hotel dispõe as imagens do dia 13 de setembro, quem são os salva-vidas que estavam trabalhando nesse dia 13 de setembro”. Sobre isso, o resort informou que a administração do hotel não teve conhecimento de nenhuma ocorrência anterior à de novembro, “apenas recebeu mensagem de uma hóspede dias depois do acidente”, disse em nota. Nota Royal O hotel lamenta profundamente o acidente e tem colaborado com as investigações desde o primeiro momento. O dispositivo do retorno da cascata, no qual aconteceu o acidente, foi desconectado e a cascata desligada de forma definitiva. Não tivemos acesso ao laudo, mas continuamos à disposição das autoridades para qualquer esclarecimento. A administração do hotel não teve conhecimento de nenhuma ocorrência anterior à de novembro, apenas recebeu mensagem de uma hóspede dias depois do acidente. Reforçamos que os ralos de todas as piscinas são antissucção e anti aprisionamento e reiteramos nosso compromisso com a segurança e o bem-estar de nossos hóspedes, mantendo os protocolos e procedimentos de segurança sempre em operação. Morte Em nota, o Royal Palm Plaza Resort informou que expressa sinceras condolências e solidariedade aos familiares da vítima. “Seguimos oferecendo o apoio e a assistência necessários à família, respeitando sua privacidade”, diz o texto. VÍDEOS: tudo sobre Campinas e Região

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