O ex-marido da vítima, Dominique Pélicot, e mais 50 homens estão sendo julgados pela Justiça francesa. O principal réu já confessou ser culpado de todas as acusações e pode ser condenado a até 20 anos de prisão. Gisèle e Dominique ficaram casados por 50 anos. Apesar de os crimes terem acontecido, pelo menos, desde 2011, a vítima só descobriu que estava sendo drogada para ser violentada em 2020. Nesta reportagem você vai ver: Clique no menu acima ou desça a página para ler a reportagem completa. Quantas vezes a vítima foi estuprada? Réus sendo orientados por advogada durante audiência — Foto: Christophe SIMON / AFP Segundo as investigações, ao longo dos últimos anos, Gisèle foi estuprada 92 vezes. Os crimes foram cometidos por 72 homens diferentes, com idades entre 21 e 68 anos. A acusação formal envolve apenas 50 réus, além do ex-marido da vítima. Os outros 22 abusadores não foram formalmente identificados. Do total de réus, 18 estão em prisão preventiva, incluindo o ex-marido de Gisèle. Na terça-feira (3), ao serem questionados pelo juiz, 35 réus se declararam inocentes. Além disso, 13 disseram ser culpados. Um deles está foragido, e outro não compareceu ao tribunal. Como a vítima descobriu que era violentada? Francesa drogada pelo marido para ser estuprada por estranhos acompanha julgamento Gisèle descobriu que era violentada por acaso, em 2020. À época, o marido foi flagrado filmando sob as saias de três mulheres em um supermercado. Ela foi intimada para prestar depoimento na delegacia, e um policial mostrou imagens encontradas no computador de Dominique. Os investigadores descobriram milhares de fotos e vídeos de Gisèle visivelmente inconsciente, estuprada por estranhos, dentro da casa da família. Além disso, a polícia encontrou conversas de Dominique convidando homens para ter relações sexuais com a esposa dele. “Tenho um sentimento de nojo, tínhamos tudo para sermos felizes, tudo. Não entendo como ele conseguiu chegar a isso”, lamenta Gisèle. Como os crimes aconteciam? O ex-marido da vítima admitiu que dava para esposa tranquilizantes potentes sem que ela soubesse. Depois disso, ele convidava outros homens para estuprá-la, usando um site de encontros da França. Segundo as investigações, o réu orientava os homens para que não acordassem a vítima. Ele também pedia para que os abusadores não usassem perfume ou tabaco. Além disso, os estupradores tiravam a roupa na cozinha, para evitar que elas fossem esquecidas no quarto. De acordo com o processo judicial, o ex-marido de Gisèle participava dos estupros e filmava os crimes. Ele não pedia dinheiro em troca. Alguns acusados afirmaram que não sabiam que a vítima estava drogada e alegaram que pensavam estar participando de uma fantasia sexual do casal. Por outro lado, Dominique disse que todos sabiam que a mulher estava inconsciente. Por que a vítima resolveu tornar o caso público? Protesto na porta do tribunal — Foto: Christophe SIMON / AFP Gisèle Pélicot falou pela primeira vez sobre o caso na quinta-feira (5). Segundo um dos advogados da vítima, ela renunciou o direito ao anonimato para que “isso nunca mais aconteça”. “Assisti a todos os vídeos. Não são cenas de sexo, são cenas de estupro. Dois, três deles sobre mim. Fui sacrificada no altar do vício”, disse à imprensa. Ela também não poupou os abusadores e criticou o fato de nenhum deles ter denunciado o que ela estava sofrendo. “Estes senhores se permitiram entrar na minha casa, não me violaram com uma arma apontada à cabeça. Me estupraram com toda a consciência. Por que não foram à delegacia? Até um telefonema anônimo poderia salvar minha vida”, disse. Segundo a imprensa francesa, durante todo depoimento no julgamento, a francesa se mostrou firme. No entanto, ao juiz, ela admitiu: “Dentro de mim sou um campo de ruínas. A fachada é sólida, mas por trás dela…” A defesa da vítima acredita que um julgamento a portas fechadas era tudo o que os investigados queriam. O que aconteceu com a filha do casal? Caroline sendo amparada pelo irmão, ao lado da mãe — Foto: Christophe SIMON / AFP Gisèle e Dominique tiveram três filhos. Uma das filhas, Caroline, descobriu durante o julgamento que o pai guardava fotos dela nua. As fotos foram encontradas no computador de Dominique, em uma pasta intitulada “Em volta da minha filha, nua”. Segundo a imprensa francesa, a mulher deixou a sala de audiência tremendo e chorando. Ela só retornou ao local 20 minutos depois. Ao jornal “Le Parisien”, Caroline confessou temer a possibilidade de também ter sido estuprada sem saber. “Estou convencida de que fui drogada, mas ele nunca vai admitir.” VÍDEOS: mais assistidos do g1