Francisco recebeu os membros da Fundação Hilton, uma organização sem fins lucrativos dos EUA que colabora com alguns dicastérios do Vaticano, oferecendo oportunidades de formação, crescimento e estudo para as religiosas. O Pontífice recordou os papéis femininos no Vaticano e reiterou o desejo de nomear a irmã Petrini como chefe do Governatorato. Mariangela Jaguraba – Vatican News O Papa Francisco recebeu, nesta quarta-feira (22/01), no Vaticano, antes da Audiência Geral na Sala Paulo VI, os membros do Conselho de Administração da Fundação Conrad Hilton, organização caritativa estadunidense sem fins lucrativos, comprometida com os desfavorecidos e que colabora com alguns dicastérios vaticanos. Em sua saudação, o Pontífice sublinhou que “a missão de promover a dignidade humana é urgente numa época em que o número de pobres e excluídos continua aumentando. Vocês escolheram não ficar olhando, mas se envolver pessoalmente com paixão e compaixão, como o Bom Samaritano. Esta parábola de Jesus nos ensina a assumir a fragilidade dos outros, a aproximar-nos e a levantar quem caiu, para o bem de todos”. “Não se esqueçam de que somente numa ocasião e num só ato da história é permitido olhar uma pessoa de cima para baixo: para ajudá-la a se levantar”, acrescentou. Compaixão é se aproximar De acordo com Francisco, a Fundação Conrad Hilton “demonstrou como a generosidade e o comprometimento podem transformar a vida de pessoas em situações vulneráveis. O serviço gratuito nas áreas da educação, saúde, assistência aos refugiados e combate à pobreza é um testemunho, um testemunho concreto de amor e compaixão”. “Não se esqueçam desta palavra: compaixão, ‘sofrer com’. Deus é compassivo, Deus se aproxima de nós e sofre conosco. Compaixão não é jogar uma moeda nas mãos de outra pessoa sem olhar nos olhos dela. Não. Compaixão é se aproximar e ‘sofrer com'”, disse ainda o Papa. Apoio às religiosas idosas A propósito do fundador, Conrad Nicholson Hilton, o Pontífice disse que ele “deixou seu sonho como legado, que inspira os projetos da Fundação”. Dentre eles, o apoio às religiosas. “Conrad Hilton tinha grande estima pelas religiosas e em seu testamento pediu à Fundação que as apoiasse em sua missão a serviço dos pobres e desfavorecidos. Vocês fazem isso com fidelidade e criatividade, especialmente na formação e no cuidado das irmãs idosas”, disse o Papa. “Em alguns países elas são idosas, mas não devem ser mandadas para a casa de repouso”, sublinhou, lembrando que uma vez, na Argentina, numa congregação, onde tinha uma religiosa de origem italiana, a provincial chegou e disse: “Aos 70 anos, fora!” “E as irmãs morriam de tristeza”, acrescentou. “As religiosas têm que trabalhar até o fim. Aqui temos uma que sempre trabalhou com os pobres. Ela é idosa, mas ainda dirige, e a deixam dirigir. Assim, ela se sente útil. As religiosas estão sempre com o povo! Sei que vocês colaboram com alguns dicastérios vaticanos para dar oportunidades às irmãs de crescerem profissionalmente e no trabalho missionário. Obrigado”, disse Francisco, agradecendo a Fundação Conrad Hilton. Servir aos últimos, não ser servas de alguém Tem gente que pensa “que as religiosas, e as mulheres, são de segunda categoria”, disse ainda o Papa. Em vez disso, “é importante que as religiosas possam estudar e se formar”. O trabalho nas fronteiras, nas periferias, entre os desfavorecidos, exige pessoas formadas e competentes. Atenção! A missão das religiosas é servir aos últimos, e não serem servas de alguém. Isso precisa acabar, e vocês, como Fundação, estão ajudando a tirar a Igreja dessa mentalidade clericalista. Papéis femininos no Vaticano A seguir, o Papa se deteve na “questão das mulheres” na Igreja, ou seja, no pouco espaço que elas encontram. “Muitas vezes se queixa de que não há religiosas suficientes em cargos de responsabilidade, nas Dioceses, na Cúria e nas Universidades. É verdade. Por um lado, é verdade. É preciso superar uma mentalidade clerical e machista”, disse ainda Francisco. Graças a Deus agora temos uma prefeita na Cúria, do Dicastério para os Religiosos. Temos uma vice-governadora do Estado Vaticano que se tornará governadora em março. Temos três religiosas na equipe que escolhe os Bispos e que dão o seu voto. Temos a subsecretária do monsenhor Piccinotti na APSA: uma religiosa que tem dois diplomas em Economia. Graças a Deus as religiosas estão à frente e sabem fazer melhor que os homens. É assim, porque elas têm essa capacidade de fazer as coisas, as mulheres e as irmãs. Apelo às superioras “No entanto”, disse o Papa, “também ouvi bispos dizerem: gostaria de nomear religiosas para alguns cargos na diocese, mas suas superioras não as deixam ir”. “Por favor, deixem elas ir. Digo às superiores: sejam generosas, tenham o espírito da Igreja universal e de uma missão que vai além dos limites do seu Instituto”, sublinhou. Protagonistas de uma mudança social O Papa disse ainda que “juntos podemos construir um mundo onde cada pessoa, independentemente de sua origem ou situação, possa viver com dignidade. Juntos podemos ajudar a acender a esperança nos corações de quem se sente sozinho e abandonado. Compaixão, proximidade e ternura: esses são os três atributos de Deus”. A seguir, concluiu: Sonho com um mundo onde os descartados, os excluídos, os marginalizados possam ser protagonistas de uma mudança social da qual tanto necessitamos, para viver como irmãos e irmãs. Obrigado por ter lido este artigo. 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O Papa: a missão das religiosas é servir aos últimos, e não serem servas de alguém
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