Novas espécies de bichos-pau homenageiam divulgadores científicos brasileiros

Novas espécies de bichos-pau homenageiam divulgadores científicos brasileiros

O trabalho contou com a ajuda de outros 12 pesquisadores brasileiros, de diferentes instituições, que descreveram as espécies para o gênero Urucumania. O artigo foi publicado em abril na revista internacional Biologia, da Springer. As treze espécies descritas são: U. guadanuccii, U. varellai, U. pirulai, U. atilai, U. intervalica, U. brasil, U. tapirape, U. rasocatarinensis, U. dilatata, U. sertaneja, U. albopunctata, U. oriomadeirensis e U. candanga. Além de homenagear o Prof. José Paulo Guadanucci, um pesquisador da Unesp de Rio Claro que ajudou a estabelecer o Projeto Phasma, um grupo de pesquisa e divulgação de bichos-pau, o trabalho ressalta a importância de outros acadêmicos ligados às ciências biológicas, que contribuíram com informações importantes para a população. ‘Urucumania varellai’ foi uma homenagem ao médico brasileiro Dr Drauzio Varella — Foto: Abel Figueiredo “Também homenageamos o médico Drauzio Varella, o paleontólogo ‘Pirula’ [Paulo Miranda Nascimento] e também o biólogo Atila Iamarino, que foi importante na divulgação de informações sobre a Covid-19”, comenta Edgar Crispino, que também contribuiu no estudo. Insetos ‘compactos’ De acordo com Victor, os insetos recém-descritos ocorrem desde o sul da Amazônia até o norte da Argentina e todos têm asas pouco desenvolvidas. “Diferente dos bichos-paus mais comuns que são finos e alongados, ficando mais em vegetação alta entre galhos espaçados, os Urucumania são compactos, de corpo robusto e são mais encontrados perto do chão ou em galhos e folhas densos”, explica o pesquisador. Fêmea da ‘Urucumania nigrovittata’ foi encontrada em Echaporã (SP) — Foto: Victor Ghirotto Os novos exemplares descritos foram encontrados em acervos de museus nacionais e internacionais, principalmente no Museu de Zoologia da USP, em São Paulo, assim como em trabalhos de campo feitos na natureza. “Sabia que era uma espécie diferente, mas provar isso não é nada simples, é um processo rigoroso. Por isso, comecei aos poucos o trabalho de comparar com espécies similares já existentes para embasar uma descrição formal”, comenta Ghirotto. Uma curiosidade é que os bichos-pau do gênero Urucumania podem expelir uma substância ardida como pimenta para afastar predadores, o que fez com que fossem conhecidos como “mijão” em algumas regiões do Nordeste. “Eles são bichos-pau de tamanho médio, medindo em geral de 4 a 8 centímetros dependendo da espécie, sendo os machos um pouco menores e mais finos que as fêmeas”, complementa o pesquisador. Transferência de gênero Logo no início da pesquisa, quando foi analisar duas espécies similares a uma que encontrou (Pseudophasma nigrovittatum e Pseudophasma dentata), Victor percebeu que ambas estavam no gênero errado. Por diferenças morfológicas detalhadas, como padrão de coloração e formato de algumas estruturas, as duas espécies precisavam passar do gênero Pseudophasma para Urucumania. Elas passaram a se chamar Urucumania nigrovittata e Urucumania dentata na nova classificação. Urucumanai dentata foi uma das espécies que mudou de gênero — Foto: Camila T. Cegoni “Essas decisões de transferência de gênero são comuns e acontecem muito, principalmente em grupos que não foram revisados recentemente. Por exemplo, as duas espécies mencionadas foram descritas há 85 e 149 anos atrás, respectivamente, e por isso precisavam ser melhor caracterizadas, seguindo padrões da ciência moderna”, esclarece o autor principal do trabalho. O reconhecimento de novas espécies contribui, entre outros fatores, para um maior entendimento sobre a fauna, o que auxilia em planos de manejo e conservação de várias áreas. Segundo Edgar, ainda há muitas outras espécies de bichos-pau a serem estudadas e descritas, já que há um “vácuo grande”, principalmente da década de 80 até agora, nos estudos desses animais pela falta de pesquisadores da área. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente

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