Lar Cidades Nativo da América do Norte e Europa, conheça o verme que transforma caracóis em ‘zumbis’ para se reproduzir

Nativo da América do Norte e Europa, conheça o verme que transforma caracóis em ‘zumbis’ para se reproduzir

por admin
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Apesar de incomum, esse comportamento tem uma explicação. O parasita manipula o corpo e os comportamentos do caracol para garantir sua sobrevivência e reprodução. Os olhos pulsantes e coloridos são, na verdade, tentáculos oculares alterados pelo verme, que os transforma em iscas perfeitas para aves predadoras. De acordo com o Animal Diversity Web (ADW), o alcance geográfico do Leucochloridium paradoxum segue o de seu hospedeiro, os caracóis do gênero Succinea. Ele é um endoparasita de caracóis desse gênero e também de várias aves – como corvos, gaios, pardais e tentilhões. Mas, como essa transição acontece? Marcel Miranda, pós-doutorando no Instituto Oceanográfico da USP e especialista em caracóis terrestres, explica que o ciclo começa a partir das aves infectadas. Elas liberam os ovos do parasita em suas fezes, que acabam sendo ingeridas pelos caracóis ao se alimentarem. “Dentro do estômago do caracol, os ovos eclodem, liberando o primeiro estágio larval (mirácidio). Após isso, a larva rompe o tubo digestório e se instala nos tentáculos oculares, passando para os estágios larvares posteriores nesse processo (esporocisto, cercária e metacercária), tornando hipertrofiada e colorida”, diz Marcel. Além de causar alterações físicas nos caracóis, o Leucochloridium paradoxum também interfere no comportamento deles — Foto: Roman Providukhin/iNaturalist Já atuando no corpo do caracol, o verme se alimenta de tecido e órgãos internos do molusco, especialmente do tubo digestório e músculos dos tentáculos dos caracóis. Além de causar alterações físicas nesses moluscos, o Leucochloridium paradoxum também interfere no comportamento deles. Uma vez infectado, o caracol instintivamente sobe até o topo das árvores e de folhas de grama. Lá, ele fica bem visível para as aves que passam. Ao visualizar os caracóis, elas comem os tentáculos ou o caracol inteiro. No organismos das aves, as metacercárias se tornam adultas e se reproduzem, completando o ciclo do verme. A espécie é um parasita obrigatório e depende totalmente do caracol para completar seu ciclo de vida. “Os caracóis são muito importantes para o ciclo de vida do parasita, pois as larvas só conseguem infectar os gastrópodes para completar seu ciclo, possuindo um certo grau de especificidade com espécies da família Succineidae”, informa o especialista em caracóis. O parasita não apresenta qualquer risco para os seres humanos. Em seus hospedeiros definitivos, as aves, ele se aloja no reto, alimentando-se principalmente de resíduos prestes a serem excretados. Por isso, seus efeitos patogênicos tanto nos pássaros quanto nos humanos são considerados insignificantes. Leucochloridium paradoxum é endoparasita de caracóis e aves — Foto: Andrey Gulivanov/iNaturalist A capacidade do L. paradoxum de manipular completamente o corpo e o comportamento de seus hospedeiros destaca a complexidade fascinante do mundo natural. Essa relação parasitária, por mais cruel que pareça, é essencial para a sobrevivência da espécie e reflete o equilíbrio delicado dos ecossistemas. Estudar parasitas como essa espécie não apenas ajuda a compreender o complexo funcionamento da natureza, mas também ressalta a importância de preservar esses ambientes, garantindo que fenômenos tão extraordinários como esse continuem existindo. Afinal, cada detalhe, por menor ou mais estranho que seja, desempenha um papel fundamental no grande teatro da vida. *Texto sob supervisão de Lizzy Martins VÍDEOS: Destaques Terra da Gente

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