A mortandade começou a ser registrada no último domingo (7) após despejo irregular de resíduos agroindustriais vindos de uma usina de açúcar e álcool, em Rio das Pedras (SP). O empresário Thiago Diniz também participou do mutirão de limpeza do Rio Piracicaba após a mortandade de peixes. “É uma situação bem triste. Esse cheiro de morte que fica no rio”, lamentou. Empresário Tiago colabora no mutirão de limpeza do Rio Piracicaba após mortandade — Foto: Edijan Del Santo/EPTV A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) aguarda a conclusão das análises laboratoriais das amostras recolhidas no Rio Piracicaba, para embasar o processo administrativo que definirá a penalidade a ser aplicada à Usina São José. “O manancial contaminado por resíduos com alta carga orgânica; águas residuais industriais da usina São José S/A Açúcar e Álcool. O laudo das amostras das coletas para análises laboratoriais feitas no rio, com os dados específicos, está previsto para ficar pronto na próxima terça-feira (16)”, aponta boletim mais atualizado da Companhia, enviado nesta quinta-feira. Mutirão faz retirada de peixes mortos no Rio Piracicaba após despejo irregular de resíduos agroindustriais. — Foto: Edijan Del Santo/EPTV O Sistema de Monitoramento da Qualidade da Água da Cetesb apontou que concentração de oxigênio dissolvido na água do Rio Piracicaba estava normalizada nesta quarta-feira (10). Isso porque a fonte de poluição, que causou a mortandade dos peixes foi eliminada na última segunda-feira (8). Além de peixes, durante o percurso feito para a limpeza em diferentes pontos do manancial, a equipe da EPTV também flagrou uma capivara morta no Rio Piracicaba. Peixes mortos após despejo irregular de resíduos em ribeirão que desagua no Rio Piracicaba. — Foto: Edijan Del Santo/EPTV Rio pede socorro O empresário Thiago Diniz ressaltou a importância da participação da população no trabalho de limpeza e conscientização do que Rio Piracicaba representa. “Esse trabalho [de limpeza] tem que ser feito. A população de Piracicaba precisa chamar a atenção. Todos nós precisamos aprender a cuidar desse bem precioso, que é o nosso rio. É nome da nossa cidade. Ele [o rio] precisa e pede socorro. Não é de hoje que o nosso rio pede socorro a nossa cidade”, disse. O aposentado José Roberto Pedroso cresceu na região da Rua do Porto e ajudou a salvar alguns peixes com um balde. “A mortandade de peixes foi muito grande. É degradante. Não tenho palavras para expressar. É chocante. Tem dourado, tem cascudo, curimbatá”, disse o morador olhando alguns peixes ainda na rampa do pescadores. “Pegamos alguns curimbatás que estavam [às margens do rio] aqui no domingo e colocamos em um balde. Soltamos todos na lagoa da Rua do Porto. Não perdemos nenhum. Sobreviveram todos. A nossa parte, nós fizemos. Agora, o pessoal precisa fazer a parte deles”, disse. Gian Carlos Machado retira peixes mortes de até seis quilos do Rio Piracicaba — Foto: Edijan Del Santo/ETPV O empresário Thiago Diniz, também participou do mutirão de limpeza do Rio Piracicaba após a mortandade de peixes. É uma situação bem triste, esse cheiro de morte que fica no rio. Esse trabalho tem que ser feito. Só assim, a população de Piracicaba precisa chamar a atenção. Todos nós precisamos aprender a cuidar desse bem precioso, é o nosso rio. E nome da nossa cidade. Ele [o rio] precisa e pede socorro. Não é de hoje que nosso rio pede socorro a nossa cidade”, disse. Samira Vicente é uma das voluntárias que participou do mutirão de limpeza do Rio Piracicaba após mortandade de peixes. — Foto: Edijan Del Santo/EPTV A comerciante Samira Jaqueline Vicente, que dona de um restaurante na Rua do Porto, se juntou ao mutirão de limpeza. “É muito gratificante saber que estamos lutando pelo nosso rio. Eu, como cria do Rio, é bom ver a mobilização e poder estar junto com o pessoal, ajudando”, disse. “Um ‘curimba’ desse aqui chega a pesar cinco ou seis quilos”, estima o guia de pesca local e representante de grupo de defesa do Rio Piracicaba, Gian Carlos Machado Rodrigues, ao carregar nas mãos o peixe já sem vida após o despejo irregular de resíduo industrial. “É revoltante a cena quando nos deparamos com essa situação que ocorreu no Rio Piracicaba. Para que o Rio se regenere dessa maneira vão uns nove anos”, pontuou. Capivara morta é encontrada durante mutirão de retirada de peixes no Rio Piracicaba. — Foto: Edijan Del Santo/EPTV MP investiga caso A Prefeitura de Piracicaba (SP) afirmou, nesta quarta-feira (10), que acionou o Ministério Público (MP-SP) para investigar a morte de milhares de peixes após despejo irregular de resíduos agroindustriais vindos da Usina São José, em Rio das Pedras. A Promotoria de Justiça Cível de Piracicaba informou que o caso será apurado. De acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, pelo crime ambiental é prevista multa no valor de até R$ 50 milhões aos responsáveis. A mortandade, segundo relatório preliminar da Cetesb, foi provocada pelo despejo irregular de resíduos orgânicos industriais da usina diretamente no Ribeirão Tijuco Preto que desagua no Rio Piracicaba. O flagrante dos peixes mortos foi notado no domingo. Segundo análises da Cetesb, a concentração de oxigênio dissolvido na água do Rio Piracicaba foi normalizada. A substância atingiu área de 42 quilômetros de extensão, entre o local do lançamento no ribeirão até o leito do Rio Piracicaba, na região da Rua do Porto. Peixes mortos boiando às margens do Rio Piracicaba neste domingo — Foto: Gian Carlos Machado/Arquivo pessoal Providências O prefeito de Piracicaba, Luciano Almeida, afirmou em coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (10), que acionará a administração municipal de Rio das Pedras para que providências mais sérias sejam tomadas em relação ao caso e exigirá o repovoamento dos animais no Rio Piracicaba. O chefe do Executivo declarou ainda que vão propor pontos de monitoramento no Córrego do Tijuco Preto, no Rio Atibaia e no Rio Jaguari para aumentar a eficiência e tempo de diagnóstico de crimes ambientais e irregularidades. “Temos informações de recorrência de descarte através do Córrego do Tijuco Preto. Então, exigiremos que sejam tomadas medidas mais eficientes para que não ocorram e que os responsáveis sejam prontamente penalizados”, afirmou. Cetesb identifica indústria responsável por mortes de peixes no Rio Piracicaba, prevê punição severa e alerta população — Foto: Edijan Del Santo/EPTV Punições De acordo com a Cetesb, os valor da penalidade prevista aos responsáveis pode variar de R$ 500 a R$ 50 milhões. “Nesse universo, deverá ser considerado a extensão dos anos, o período de tempo e ainda os agravantes, como a ausência de comunicação do fato pela empresa, por exemplo. Ainda não delimitamos o valor, mas deverá ser alto”, afirmou técnico da Companhia Ambiental. Falta de oxigênio Qualidade da água Dados do Sistema de Monitoramento da Qualidade da Água (Simqua), da Cetesb, mostram que na manhã de hoje (10) a concentração de oxigênio dissolvido na água do Rio Piracicaba está normalizada. Isso porque a fonte de poluição, que causou a mortandade dos peixes foi eliminada na última segunda-feira (8). O laudo das amostras das coletas para análises laboratoriais feitas no rio, com os dados específicos, está previsto para ficar pronto na próxima terça-feira (16). Alerta A Cetesb alerta a população para evitar contato direto com a água do Rio Piracicaba, assim como a manipulação ou consumo dos peixes mortos encontrados às margens do manancial. O resíduo foi despejado no Ribeirão Tijuco Preto, que deságua no rio. A Cetesb afirmou que equipes da companhia monitoram a operação da Usina São José S/A Açúcar e Álcool, responsável pelo problema, para evitar novos despejos. “[As equipes da Cetesb] exigiram que fosse feita a limpeza dos resíduos empoçados em alguns trechos do rio, o que está sendo feito”, afirma no documento. A EPTV e o g1 procuraram a Usina São José S/A Açúcar e Álcool e aguardam posicionamento sobre o caso. Cetesb identifica indústria responsável por despejo irregular no Rio Piracicaba Monitoramento automatizado Em relação ao monitoramento da qualidade das águas, o Comitê PCJ afirma que está focado na implantação de estações tecnológicas de monitoramento automatizado, tendo, segundo o documento, já deliberado aprovação de investimentos. “[…] Em parceria com a Cetesb, pretendemos viabilizar a implantação de mais 4 sondas especificamente no trecho onde esse tipo de mortandade tem acontecido. Com a total implantação destes mecanismos, estima-se identificar com mais precisão o momento, a origem e o tipo de carga poluidora presente no rio, sendo um importante instrumento para apoiar e melhorar a gestão de recursos hídricos e auxiliar os órgãos competentes a tomarem as devidas medidas punitivas”, acrescenta. Peixes mortos boiando às margens do Rio Piracicaba neste domingo — Foto: Gian Carlos Machado/Arquivo pessoal VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e Região