De acordo com o promotor Gustavo Pozzebon, as novas denúncias apresentam o mesmo modo de abordagem relatado por outras vítimas. “Ele manipulava os alunos, ganhava a confiança deles, fazia com que eles sentissem que ele era um verdadeiro pai. Ganhava a confiança e fazia com que fossem no apartamento dele, e lá praticava os rituais de purificação de chacras, que dizia que faria. Pedia que eles ficassem nus e apalpava os garotos”, detalha o promotor. A ação em curso contra o professor tramita na 1ª Vara de Serra Negra, que manteve marcada para o próximo dia 20 de agosto a audiência de instrução, próxima etapa relevante do caso. Esse processo específico analisa a acusação de três estupros de alunos de 12, 13 e 14 anos da escola particular Libere Vivere, que procurou a polícia para denunciar os abusos. Entenda nesta reportagem como funciona a audiência. Veiga Filho está preso desde o dia 11 de junho deste ano na Penitenciária de Sorocaba (SP) e, em decisão publicada na última sexta-feira (2), teve o pedido de Habeas Corpus negado pelo desembargador Euvaldo Chaib, do Tribunal de Justiça de São Paulo (SP). Professor de teatro preso por abuso sexual tinha empresa de acampamento em Serra Negra A defesa de Carlos Veiga Filho afirmou ao Fantástico que a “verdade será alcançada e provada a inocência do professor”. Ex-alunos de uma escola tradicional de São Paulo acusam um professor de teatro de abusos sexuais Ação na escola Nesta segunda (5), o colégio de Serra Negra onde o professor atuou fez um evento com 120 alunos para orientar e incentivar denúncias de possíveis novos casos. “Foi um volta às aulas diferentes, no sentido de criar uma consciência de possíveis abusos, para que eles possam se proteger. Também para que possamos identificar com mais antecedência, mas que eles possam denunciar, também situações fora da escola”, defende Rosângela Mendes Simões, diretora da escola. Audiência de instrução e interrogatório A audiência de instrução e interrogatório do processo de Serra Negra está marcada para 20 de agosto às 13h e será realizada de forma híbrida, sendo opcional a participação presencial no Fórum. Na audiência, serão ouvidos o professor Veiga Filho, as testemunhas e policiais civis, guardas municipais e policiais militares que atuaram na investigação e condução do caso. A audiência de instrução é uma das etapas mais importantes do processo criminal. É o momento em que as partes (acusação e defesa) apresentam as provas, fazem o depoimento das testemunhas e o interrogatório do réu a fim de convencer o juiz. Depois dessa audiência, as partes ainda tem prazo para apresentar as alegações finais e, em seguida, o juiz expede a sentença em que pode absolver ou condenar o professor. Carlos Veiga se mudou para Serra Negra em 2003, após ser demitido da Colégio Rio Branco. Na cidade, ele reabriu uma empresa de organização de acampamentos e continuou dando aulas de teatro. No ano passado, três alunos da escola particular Libere Vivere denunciaram Veiga para a direção da instituição, que procurou a polícia – ele já havia sido demitido pelo colégio. Segundo as investigações, o modo de agir era o mesmo da época do Rio Branco: Veiga tirava fotos de alunos nus e tocava na região genital deles. Em abril deste ano, a pedido da polícia e do Ministério Público, a Justiça decretou a prisão de Carlos Veiga Filho – que sumiu de Serra Negra e foi preso apenas no mês passado, a 115 km de distância, em Hortolândia. Ele responde por estupro de vulnerável e produção de imagens pornográficas de adolescentes. Roteiro de abusos Ex-alunos de Veiga Filho ouvidos pelo Fantástico acusaram o professor de abusar deles sexualmente em rituais durante acompanhamentos. “Ele fazia um discurso, falava sobre ser uma pessoa boa e pedia para tirarem as roupas. Com todo mundo nu, ele ia tirando as fotos enquanto a gente se pintava com guache no corpo”, conta Cesar Resende, advogado de 42 anos. Em 1995, Cesar foi vítima de seu professor de teatro aos 13 anos, no Colégio Rio Branco, uma das escolas mais tradicionais de São Paulo – onde este professor lecionou durante 17 anos, entre 1986 e 2003, quando foi demitido pela instituição. Primeiras denúncias Cesar relata que nas excursões escolares havia rituais para definir quem seriam os alunos monitores das viagens. Um desses rituais exigia um pacto de silêncio: segundo Cesar, depois de colocar todas as demais crianças do acampamento para dormir, Carlos Veiga pedia aos alunos monitores para ficarem nus e se pintassem – e, então, ele tirava fotos. Um outro ex-aluno do Colégio Rio Branco, que não quis se identificar, afirma que Veiga guardava em casa um livro com as fotos. “Eu vi inúmeras crianças peladas de diversas gerações”. Este ex-aluno acusou ainda Veiga de abusar sexualmente dele e de outros alunos. “Ele propõe de dar um passe na gente, seria para limpar energia e energizar os chacras. Ele tocando na gente pelado, com essa história aí de chacra, tem um que se concentra bem na região genital, e ele ficava lá um tempão com a mão na gente”, relata. O Fantástico conversou com 30 pessoas sobre os abusos no Rio Branco, 22 afirmaram ser vítimas de Carlos Veiga Filho. Os responsáveis pelo Colégio Rio Branco afirmam que “compartilham do sentimento coletivo de repulsa por toda e qualquer conduta desta natureza”. Carlos Veiga Filho, professor de teatro preso acusado de abusos sexuais — Foto: Reprodução/TV Globo VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região
MP recebe mais três denúncias contra professor preso acusado de abusar de alunos em SP
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