A explosão ocorreu em 24 de fevereiro e no imóvel onde o coronel guardava um arsenal de 123 armas e munições, em Campinas (SP). De acordo com a investigação, o incêndio no imóvel começou após a explosão de um artefato que estava no cofre, localizado em um cômodo ao lado da cozinha, onde o coronel armazenava grande quantidade de pólvora e um arsenal de armas, incluindo pistolas, revólveres, espingardas e fuzis. A devolução do inquérito aconteceu nesta segunda-feira (20), e o g1 teve acesso ao documento nesta terça (21). No auto, o MP solicita que sejam identificados e ouvidos sobre os fatos ao menos cinco moradores do edifício, “vítimas que tiveram suas vidas e saúde expostas, que foram encaminhadas ao hospital em decorrência do incêndio causado.” O g1 entrou em contato com a defesa do coronel, mas não houve retorno. A Secretaria de Segurança de Pública (SSP) foi procurada para comentar o pedido do MP, e a reportagem será atualizada assim que a pasta se manifestar. Apartamento com munições que pegou fogo em Campinas e armas de coronel — Foto: Defesa Civil e Arquivo Pessoal CAC caçado A decisão de cassar o registro foi tomada pelo comando da 2ª Região Militar, em São Paulo. No ofício, o qual o g1 teve acesso nesta quarta-feira (4), o Exército aponta que o militar cometeu três faltas graves e, com isso, recebeu a penalidade de cassação. As faltas que constam no documento são as seguintes: Possuir produto controlado pelo Exército (armas) sem autorização;Recarregar munições sem autorização;Comprar produtor controlado pelo Exército (armas) sem autorização; Com a punição, o coronel terá 90 dias para transferir ou vender a parte do arsenal que estava legalizada para outra pessoa. O g1 apurou que a defesa do militar já acionou a Polícia Civil solicitando o armamento apreendido à época da explosão. O g1 procurou o Exército para ter mais detalhes sobre a cassação, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. À época da explosão, a Força havia informado que instaurou processo administrativo para apurar as condições do arsenal do coronel. Agora, após a cassação do registro, o procedimento foi finalizado. O indiciamento Delegado fala sobre indiciamento de coronel reformado do Exército por 3 crimes Parra Dias tinha licença de CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) para manter 86 armas. A Polícia Civil apurou, no entanto, que ele tinha 42 armas a mais armazenadas, por isso, o crime de posse de arma de uso restrito foi incluído no indiciamento. “Ele foi iniciado pelos crimes de incêndio, explosão e pelo crime previsto no Estatuto do Desarmamento, porque nós apuramos no decorrer da investigação que ele tinha 42 armas a mais no apartamento dele não constantes do acervo do sistema do Exército”, afirmou o delegado José Mecherino. Coronel reformado é indiciado por explosões que causaram incêndio em imóvel em Campinas Depoimento O coronel prestou depoimento no 1º Distrito Policial de Campinas. Na saída, o advogado de defesa do militar, Anderson Souza Daura, afirmou que o militar esclareceu ao delegado a origem das armas e, sobre o excedente, afirmou que o coronel acreditava que não era crime manter exemplares sem registro. “Essas armas (que não tinham registro) ele tentou registrar no Exército em 2008, 2009 e tempos depois ele recebeu a notícia de que não foi possível registrar todas. Ele ficou com as armas guardas em casa acreditando que não era crime, acreditando que era apenas uma irregularidade administrativa e ele estava esperando uma nova anistia”. Coronel Parra Dias (usando boina) deixa 1º DP de Campinas após depoimento — Foto: Clausio Tavoloni/EPTV Sobre a explosão no apartamento, a defesa afirmou que uma perícia contratada constatou que foi causada por ignição espontânea, afastando qualquer ação humana dolosa ou negligente, e que o coronel, na verdade, também foi vítima do incidente. “Estava tudo nos conformes, não foi constatado nenhuma irregularidade, nem pelo laudo do IC, nem em nenhum outro documento, que aponte que ele guardava as munições, as pólvoras, etc, de forma irregular”. Relembre o caso Imagens mostram como ficou apartamento de coronel que guardava arsenal de armas em casa após incêndio Um laudo do Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo apontou ao menos duas explosões, vestígios de pólvora e disparo de munições no apartamento do coronel Parra Dias. No laudo, o perito confirma que a explosão de um artefato dentro do cômodo-cofre onde ficava o armamento do militar iniciou o incêndio que, segundo o documento, chegou a 327°C de temperatura. O documento lista os danos causados no apartamento do coronel, no apartamento vizinho e nas áreas comuns do prédio e afirma que as explosões, o incêndio e o disparo de munições colocaram em risco a vida dos moradores. “A onda de choque provocada e os fragmentos de alvenaria arremessados pelas explosões, além dos disparos das munições provocados pelo incêndio acarretariam perigo para a integridade física e para a vida de quem se encontrasse durante o período que ocorreram as explosões e o incêndio, nos corredores do 1º pavimento e na escada entre o térreo e o 1º pavimento”, diz laudo. A perícia, no entanto, afirma que não é possível determinar se a explosão foi fruto de ação criminosa ou de acidente. Aposentado como general Virgílio Parra Dias, de 69 anos, é coronel aposentado e instrutor de tiro. Segundo o Exército, o militar possui certificado de registro válido como atirador, caçador e colecionador (CAC) e tinha licença para manter 86 armas no imóvel. VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região
MP pede novos depoimentos e devolve investigação sobre explosão de apartamento de coronel à Polícia Civil
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