Em 2014, criança de 5 anos morreu após complicações da retirada do apêndice. O médico Luciano Barboza Sampaio respondia por homicídio qualificado, mas foi inocentado pela 2ª vez. O menino de São Carlos Noah Palermo e o médico Luciano Barboza Sampaio — Foto: Reprodução O menino Noah Palermo morreu aos 5 anos na madrugada de 7 de junho de 2014, após complicações de uma cirurgia para retirar o apêndice, realizada um dia antes na Santa Casa de São Carlos (SP), no interior de São Paulo. O médico que o atendeu, Luciano Barboza Sampaio, foi julgado pelo Tribunal do Júri na segunda-feira (3) e inocentado da acusação de homicídio qualificado. O julgamento durou 14 horas no Fórum de São Carlos. O promotor de acusação avalia se vai recorrer da decisão. Veja a cronologia dos 10 anos do caso: 1/6/2014 – Noah começou a ter febre. Os pais foram até o hospital, onde o garoto tomou uma injeção de benzetacil. Noah Alexandre Palermo morreu no dia 7 de junho de 2014 na Santa Casa de São Carlos — Foto: Reprodução/EPTV 4/6/2014 – Noah piorou e foi internado na Santa Casa de São Carlos, onde foi atendido pelo médico Luciano Barboza Sampaio. O médico Luciano Barboza Sampaio é julgado em São Carlos — Foto: Reprodução/Redes Sociais 5/6/2014 – Noah foi operado para a retirada do apêndice.6/6/2014 – Noah começou a reclamar de fortes dores. O médico disse que eram gases e, por telefone, indicou caminhadas pelo hospital, além de medicamento para o problema. No prontuário, consta que o médico também receitou vitaminas. No mesmo dia, o menino sofreu uma parada cardiorrespiratória, sendo internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e reanimado. Santa Casa de São Carlos — Foto: Divulgação 7/6/2014 – Noah não resistiu e morreu na UTI do hospital. Os pais registraram boletim de ocorrência e a Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso. (relembre no vídeo abaixo). Para a polícia, o médico saiu da cidade após o procedimento, deixando de prestar o atendimento e assumindo o risco da morte do menino. Menino de 5 anos morre após cirurgia na Santa Casa de São Carlos e pais acreditam em erro Abril de 2015: Marcos Palermo, pai da criança, começou a buscar provas contra o médico e postou no Facebook fotos que mostram o médico Luciano torcendo pelo Brasil no amistoso contra a Sérvia em São Paulo, em 6 de junho, dia em que Noah foi para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Por que ele não veio? Ele via o jogo enquanto meu filho morria. Isso não tem cabimento”, desabafou o pai em entrevista ao g1 e à EPTV, afiliada da TV Globo, no dia 15 de abril de 2015. Uma das fotos foi anexada ao processo (veja abaixo). Pai diz que médico investigado pela morte do filho assistia jogo em vez de fazer plantão Médico aparece em foto em estádio de futebol no dia 6 de junho, segundo o pai em São Carlos — Foto: Reprodução/Facebook Agosto de 2017: O Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (Imesc) divulgou um laudo descartando a possibilidade de erro médico na morte do menino. Segundo a perícia, o que provocou a morte da criança foi uma infecção generalizada, mas não era possível dizer que isso tenha sido provocado pelos remédios indicados pelo médico.27/11/2018 – 1º julgamento. Luciano foi julgado e inocentado por um juiz de São Carlos. Na decisão, o juiz Eduardo Cebrian Araújo Reis, da 2ª Vara Criminal de São Carlos, afirmou que o médico não estava juridicamente obrigado a evitar o resultado morte, porque não houve alerta ou solicitação de sua presença na Santa Casa. “Observo, nesse aspecto, que a realização de cirurgia, por si só, não impõe obrigação ao médico, especialmente àquele que a realiza em situação de emergência durante o plantão, de permanecer no interior do hospital durante todo período de internação do paciente que, por outro lado, deve receber o atendimento de emergência necessário e adequado do corpo clínico e da equipe de enfermagem que estiverem no local”, escreveu o juiz. O Ministério Público recorreu da decisão. Fórum Criminal de São Carlos — Foto: Ana Marin/g1 10/02/2022 – O Tribunal de Justiça acatou recurso do MP e determinou que o médico fosse a júri popular.Data não informada: O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) suspendeu o médico do exercício profissional por 30 dias. De acordo com a decisão do órgão, o médico se precipitou ao fazer a cirurgia de apendicite em Noah, já que o quadro clínico não era compatível com o procedimento. O Cremesp entendeu ainda que Sampaio errou ao ignorar as ligações das enfermeiras do hospital e também de um médico da Santa Casa.30/4/2024 – A audiência marcada para a data não ocorreu porque o advogado de defesa pediu adiamento uma semana antes, alegando estar com dengue. 3/6/2024 – 2º julgamento. O médico foi inocentado do crime de homicídio qualificado pelo Tribunal do Júri, após julgamento que durou 14 horas, em São Carlos. Entre as alegações da defesa do médico, é que o Conselho de Medicina não estabelece a distância para o plantão remoto. “Toda a prova que foi produzida nos autos apontavam para a inocência do Luciano”, disse o advogado Eduardo Burihan. O Cremesp afirma que no plantão de disponibilidade ou à distância, o profissional deve estar à disposição da instituição, caso necessite atender alguma emergência. O médico Luciano Barboza Sampaio durante julgamento pela morte do menino Noah em São Carlos — Foto: Reprodução/EPTV Oito testemunhas foram ouvidas, sendo 4 de acusação e 4 de defesa. O resultado do júri popular foi de 4 votos pela absolvição e 3 pela condenação. Entre as testemunhas de acusação estavam os pais do menino. Muito emocionada, a mãe disse que o médico “acabou com a vida dela”. O pai disse que o filho foi “trocado por um jogo de futebol”. Luciano alegou que se sentia injustiçado no processo e que ‘nada ia mudar’ se tivesse voltado para a Santa Casa, após o menino ter complicações. O promotor de acusação Mário José Correa de Paula afirmou que avalia se vai recorrer da decisão. Médico acusado pela morte do menino Noah é julgado em São Carlos Veja os vídeos da EPTV Central:
Morte do menino Noah: médico de plantão que viajou para ver jogo, foto achada por pai e absolvições; relembre os 10 anos do caso
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