A operação aconteceu com auxílio do biólogo Fábio Motta, pesquisador que já mapeou a fauna da Serra dos Cocais e tem registros detalhados das espécies que vivem no local. A partir destas informações, foram arrecadadas carnes e frutas e espalhadas na região da Pedra do Urubu. “É uma ação emergencial que a gente só utilizaria nesse tipo de caso. É uma ação que a gente precisa fazer para evitar que a gente perca mais animais que estão ameaçados de extinção”, explica o biólogo. Moradores de Valinhos fazem mutirão para alimentar animais silvestres vítimas de incêndio na Serra dos Cocais — Foto: Reprodução/EPTV Caso extremo O grupo se juntou na região do Bairro Frutal vindo de diferentes partes do município para levar o alimento para a mata. Com todos reunidos, seguiram carregados com alimentos para uma trilha onde o verde deu lugar à desolação das cinzas da queimada. Em condições normais, Motta explica que não é recomendado alimentar animais silvestres, mas este é um caso extremo e a ação pode evitar que os animais desçam para a cidade ou para as rodovias que cercam a Serra. Participaram voluntários de todas as idades, como os irmãos Júlia e João Pedro Galhardo, que têm 6 e 11 anos. As crianças contam que fizeram questão de vir com o pai e estar nesse mutirão para “ajudar na reconstrução da natureza”. Moradores de Valinhos fazem mutirão para alimentar animais silvestres vítimas de incêndio na Serra dos Cocais — Foto: Reprodução/EPTV O biólogo explica que, para evitar a interação de carnívoros e herbívoros, as carnes e as frutas foram espalhados em locais diferentes. Em alguns pontos foram instaladas câmeras fotográficas para monitorar o comportamento dos animais. As câmeras ajudam a entender também se a alimentação, as quantidades e os locais escolhidos são os mais corretos, ajudando a direcionar as ações futuras que podem ocorrer em mutirão, ou em grupos menores. “Todo o ecossistema foi abalado por esse incêndio”, lamenta o biólogo. Voluntário conta sobre combate ao incêndio na Serra dos Cocais em Valinhos Voluntário ajuda no combate ao incêndio “A gente estava lá combatendo o incêndio, estava no furacão. E me lembro de olhar assim e cada passo era um bicho morto, era cachorro-do-mato, era passarinho. É uma cena de destruição, é muito triste”, relatou o voluntário. Gouveia passou seis dias ajudando no combate aos incêndios, mas precisou interromper o trabalho na quinta-feira (5) para procurar atendimento médico por conta da fumaça. Isso porque o voluntário possui histórico de problemas respiratórios e teve o pulmão afetado. Voluntário fala sobre combate ao incêndio na Serra dos Cocais “cada passo era um bicho morto” — Foto: Bryan Gouveia/Arquivo pessoal Investigação da polícia O incêndio na Serra dos Cocais acontece próximo ao bairro rural Sítios Frutal. Imagens feitas pela EPTV, afiliada da TV Globo, na quarta-feira (4), mostram uma extensa coluna de fogo por toda a mata. O fogo começou no final de semana e foi contido na segunda-feira (2). No entanto, um dia depois, as chamas retornaram. Segundo a prefeitura, soldados do Exército também devem auxiliar no combate. A Polícia Civil vai investigar se o incêndio foi criminoso. Moradores tiveram que fazer barricadas para evitar que as chamas chegassem perto das residências. Até a publicação, ninguém ficou ferido. “Está bem perto de casa, aqui venta muito, está muito quente e seco e o vento alastra o fogo. Eu costumava abrir a janela do quarto e ver tudo verde, lindo, agora está um fogo e vai ficar tudo preto. Aqui tinha muitos animais, é uma área de preservação, então a gente sofre, mas a natureza sofre mais”, disse a moradora Jamile Souza. VÍDEOS: saiba tudo sobre Campinas e região
Moradores fazem mutirão para alimentar animais silvestres vítimas de incêndio na Serra dos Cocais
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