“Minha linda. Você é uma heroína. Você está em casa. Terminou”, diz sua mãe enquanto os três riem e choram juntos. O momento filmado pelos militares israelenses foi a primeira vez que a família se viu em mais de 15 meses. Liri estava entre os primeiros israelenses a serem feitos reféns no ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, quando a base militar na fronteira de Gaza onde ela estava servindo foi invadida. Ela foi uma das quatro soldadas devolvidas a Israel no sábado (25) como parte da primeira fase de um acordo de cessar-fogo com o Hamas. Duzentos prisioneiros palestinos foram libertados em troca. “O sentimento de alívio e felicidade nos envolve após 477 dias longos e insuportáveis de espera estressante”, disse sua família em um comunicado logo após seu retorno. Liri Albag abraça seus pais. — Foto: Reuters via BBC Multidões se reuniram em uma praça em Tel Aviv na manhã de sábado, assistindo a um noticiário ao vivo de Gaza em um telão enquanto esperavam que o grupo fosse trazido de volta a Israel. Soltas ao lado de Liri estavam as soldadas Karina Ariev, Daniella Gilboa e Naama Levy, todas com 20 anos. A praça explodiu em comemoração quando o telão mostrou as mulheres —acompanhadas de homens armados mascarados das Brigadas al-Qassam do Hamas — em uma cerimônia de entrega das reféns na Praça Palestina da Cidade de Gaza. Elas se deram as mãos e acenaram ao público, antes de serem levadas em veículos da Cruz Vermelha. “É incrível. Elas são incríveis. Você as viu de pé e sorrindo?”, disse uma mulher assistindo à transmissão ao vivo com a multidão em Tel Aviv. Na multidão assistindo em Gaza, um homem disse à BBC que o Hamas estava devolvendo os reféns de uma “maneira honrosa” e declarou o momento uma vitória para o grupo. As mulheres foram então transferidas para o exército israelense e depois levadas de helicóptero para um hospital. Em uma coletiva de imprensa, a diretora do Hospital Beilinson, Lena Koren Feldman, disse que as reféns soltas estão em “condição estável” e que elas continuariam a receber uma “avaliação médica e emocional abrangente”. Elas foram o segundo grupo de reféns a ser libertado sob um acordo de cessar-fogo, que tenta pôr fim permanente à guerra entre Hamas e Israel. As quatro mulheres foram feitas reféns em 7 de outubro na base militar de Nahal Oz, a cerca de um quilômetro da cerca da fronteira de Gaza. Elas faziam parte de uma unidade desarmada de observadoras, formada apenas por mulheres, conhecida como “tatzpitaniyot” em hebraico, cujo papel era estudar imagens de vigilância ao vivo capturadas por câmeras ao longo da cerca de alta tecnologia e procurar sinais de atividade suspeita. Várias recrutas da unidade e famílias de pessoas que morreram nos ataques do Hamas disseram que estavam alertando que uma ação do grupo palestino estava prestes a acontecer nos meses anteriores a 7 de outubro. Era óbvio que algo “iria estourar”, disse um dos ouvidos pela BBC. Os soldadas acenaram da plataforma na Cidade de Gaza antes de serem soltadas pelo Hamas. — Foto: Reuters via BBC O exército israelense disse anteriormente que está fazendo uma “investigação completa sobre os eventos de 7 de outubro, incluindo aqueles em Nahal Oz, e as circunstâncias anteriores”. Uma mulher da unidade, Agam Berger, permanece em Gaza. Em uma declaração no sábado, sua família disse que estava “muito feliz e comovida” com o retorno das outras quatro, mas que seguem “aguardando ansiosamente o abraço de Agam, se Deus quiser, na próxima semana”. Outra mulher que serviu na unidade com elas, mas não estava de plantão em 7 de outubro, disse à BBC: “Estou muito emocionada… Isso é como irmãs voltando para casa.” “Se Deus quiser, todos nós sentaremos juntas e conversaremos, mas é claro, sem pressão. Elas precisam se curar primeiro.” Para as famílias das observadoras que foram mortas em 7 de outubro, o momento foi de emoções conflituosas. “Este é um dia muito emocionante para nós”, disse Elad Levy, cuja sobrinha Roni Eshel serviu ao lado das quatro mulheres, mas foi morta nos ataques. “Estamos muito felizes em ver Karina, Daniella, Liri e Naama voltando para casa com suas famílias. Ao mesmo tempo, lembramos que ainda há reféns em Gaza. E para nós, lembramos de Roni que nunca mais voltará para casa.” Israel esperava que a refém civil Arbel Yehud fosse incluída na libertação de sábado, e acusou o Hamas de violar os termos do cessar-fogo para priorizar civis mulheres. O Hamas disse que Yehud será libertada no próximo fim de semana. Outra civil que ainda não foi libertada é Shiri Bibas, que foi feita refém com seu marido e dois filhos pequenos, Ariel e Kfir.
‘Minha linda, você está em casa’: as soldadas israelenses que voltaram para suas famílias
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