Gêmeos siameses nascem quando um embrião não se separa completamente para formar duas pessoas, que ficam fisicamente conectadas. Esse foi o caso de Luna e Alice, filhas de Renata e Marcel da Silva, que nasceram ligadas pelo abdômen. Esse tipo de situação é bastante incomum. Segundo a Secretaria da Saúde do Estado, nos últimos dez anos foram registrados 52 casos de siameses nascidos vivos no estado de São Paulo. Seis deles foram no Departamento Regional de Saúde de Campinas (SP). Cirurgia separa irmãs siamesas de Sumaré que nasceram unidas pelo abdômen — Foto: Reprodução EPTV No caso de Luna e Alice, o desafio marcou a trajetória do médico que acompanhou o caso, dos pais e das crianças, que agora têm uma nova vida. “É uma história de fé, de superação, de coragem. Elas foram muito corajosas. Final feliz, muito orgulho dessas meninas”, fala Renata. A cirurgia aconteceu quando as duas tinham cerca de seis meses de vida. Agora, com um ano e recuperadas, a família comemora o sucesso. A operação aconteceu quando Luna e Alice completaram seis meses, em um hospital de São Paulo. Na mesa cirúrgica passaram por um procedimento de distensão da pele, separação das partes ligadas e fechamento feito por um cirurgião plástico. A mãe conta que foram sete horas de tensão com as crianças na sala cirúrgica, mas que felizmente tudo ocorreu bem. “Nosso sonho sempre foi cada um poder carregar uma, e até aquele momento a gente não tinha conseguido ainda”, comenta a mãe. A gestação E o sonho começou logo que Renata descobriu que estava grávida. Com 12 semanas, veio a notícia de que eram gêmeas siamesas. Foi durante a ultrassonografia que o médico constatou a união das duas crianças pelo abdômen. Elas também compartilhavam o fígado. “O momento mais emocionante de uma mãe é ver o ultrassom da criança. Mas para mim não. Era o medo de encontrar alguma coisa além daquilo que eles já achavam que poderia estar compartilhando. Então para mim era muito desesperador. Eu sentia muito medo de ter alguma coisa mais do que os médicos falavam. Mas graças a Deus que tudo deu certo”, conta a mãe. Renata lembra que não foi fácil saber do diagnóstico, mas que ainda precisou enfrentar a dificuldade de encontrar médicos que acompanhassem a gestação. Ela chegou a ouvir, inclusive, que precisaria se preparar, porque certamente uma das crianças iria morrer. Cirurgia separa irmãs siamesas de Sumaré que nasceram unidas pelo abdômen — Foto: Reprodução EPTV Chegou a ficar quatro meses sem nenhum apoio médico, até conhecer o Dr. Carlos Politano, que acompanhou as meninas até a cirurgia. Ela passou, ainda na gestação, a fazer consultas quinzenais, que trouxeram algum alívio. O médico conta que Renata ficou assustada com a possibilidade de suas filhas terem algum outro órgão comprometido. Mas com o passar das consultas pré-natais, ela foi sendo tranquilizada. “O mais importante nesses casos é dar uma assistência psicológica para a paciente. E para isso você deixa aberta a sua disponibilidade sempre que for necessário. E, além disso, eu mandava ela vir aqui a cada 7 ou 10 dias. Isso deu uma segurança”, diz o médico. Cirurgia separa irmãs siamesas de Sumaré que nasceram unidas pelo abdômen — Foto: Reprodução EPTV Nascimento Quando Renata chegou a 30 semanas de gestação, a pressão arterial começou a subir e duas semanas depois foi internada em um hospital e maternidade de São Paulo (SP). Foi uma sugestão do Dr. Carlos, que conhecia o centro hospitalar por já ter feito partos de gêmeos siameses. Passadas outras duas semanas, aconteceu o parto. A mãe conta que a sala de cirurgia estava preparada para qualquer dificuldade, mas o nascimento surpreendeu a equipe médica por não ocorrer nenhuma complicação. Conta que os bebês receberam inicialmente apenas o auxílio do oxigênio, mas logo já ficaram sem máscaras. “Na hora que eu vi o rostinho delas, foi me acalmando e mostrava que tudo ia dar certo”, lembra. As meninas nasceram em maio de 2023, cada uma com pouco mais de 1 quilo e 700. O médico complementa que a cesariana foi bastante tranquila e os exames indicavam havia apenas uma união na região do fígado. “Eu estava ansiosa e com muito medo. Mas conforme foi chegando o momento, eu estava na sala aguardando para entrar no centro cirúrgico, fui me acalmando. Eu senti uma tranquilidade muito grande, uma paz. Eu não senti medo, porque eu confiei, eu acreditei que tudo daria certo”, recorda. Os pais tiveram desafios dobrados para cuidar das duas crianças quando nasceram, e precisaram adaptar roupas e aparelhos em casa para que o desenvolvimento delas ocorresse da melhor maneira. Agora separadas e saudáveis, a família respira aliviada. VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região
Meses após cirurgia de separação, gêmeas siamesas ligadas pelo abdômen completam um ano: ‘Muito orgulho’, diz mãe
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