Mark Zuckerberg faz parceria com estilista e cria suas próprias camisetas com citações clássicas

Mark Zuckerberg faz parceria com estilista e cria suas próprias camisetas com citações clássicas

The New York Times

Mark Zuckerberg gostaria que todos soubéssemos que o aprendizado é melhor alcançado através do sofrimento. E como ele nos diz isso? Por meio de uma camiseta, é claro.

“Eu meio que comecei a trabalhar em uma série de camisetas com alguns dos meus ditados clássicos favoritos nelas”, disse Zuckerberg em meados de setembro durante uma gravação do podcast Acquired, no Chase Center de São Francisco.

Ele estava vestindo uma camiseta preta, quadrada, com letras brancas e volumosas com a frase grega “pathei mathos”. Tradução livre? “Aprender através do sofrimento.” Era, segundo Zuckerberg, “um pequeno ditado de família”.

Outra pérola histórica foi transmitida por meio da camiseta que ele usou em uma apresentação principal da Meta semanas depois. Dessa vez, o grego foi trocado pelo latim —mais ou menos. Sua camiseta (novamente quadrada, novamente preta) dizia “aut Zuck, aut nihil”, uma contorção anglicizada do latim “aut Caesar, aut nihil” ou algo como “ou um César ou nada.”

Foi preciso mais do que um Zuck para criar essas camisetas largas. Como ele explicou no podcast, elas foram feitas em parceria com Mike Amiri, um designer de moda baseado em Los Angeles.

Sim, entre dirigir a Meta, fazer óculos aprimorados por IA, criar três filhos e todo aquele treinamento de MMA, o fundador do Facebook, de 40 anos, encontrou tempo para adicionar mais um título ao seu currículo: designer de roupas.

Antes de criar suas próprias camisetas com slogans antigos, Zuckerberg usou uma camiseta estampada com o latim “Carthago delenda est (Cartago deve ser destruída)” em seu aniversário de 40 anos em maio. Camisetas semelhantes podem ser compradas por US$ 20 (cerca de R$ 110) na Amazon.

O fato de Zuckerberg se importar o suficiente para criar suas próprias camisetas deliberadamente grandes mostra que a transformação extrema de moda do CEO na edição Meta não deve desacelerar tão cedo.

Nos últimos meses, Zuckerberg trocou seus moletons cinza de jornal molhado por camisas da marca Bode de US$ 250 (cerca de R$ 1.370) com flores bordadas. Ele deixou o cabelo crescer, ganhou músculos e colocou uma corrente de ouro. Agora, como aspirantes a Virgil Abloh fizeram antes, ele está fazendo suas próprias camisetas.

Mas qual é a razão do grego e do latim? Através de um representante, Zuckerberg recusou um pedido de entrevista para este texto. Mas ele parece se encaixar no perfil de um homem milenar que lê Ovídio, assiste “Gladiador” e está preocupado com o poder romano.

Ele estudou latim desde o ensino médio. Passou a lua de mel em Roma e nomeou uma de suas filhas de August (tipo Augusto, entendeu?). E encomendou ao artista Daniel Arsham uma estátua imponente de sua esposa, Priscilla Chan, proclamando no Instagram que estava “trazendo de volta a tradição romana de fazer esculturas de sua esposa”.

“Se você parar e olhar para as razões pelas quais as pessoas —especialmente os jovens— parecem citar os clássicos, é um desejo de poder”, disse Marcus Folch, professor associado de clássicos na Universidade de Columbia. “Isso articula um desejo de poder.”

Não é preciso muita imaginação para ver como Zuckerberg, guiando uma nação-estado de milhões de usuários de aplicativos, poderia se imaginar como um Tibério da era tecnológica. Afinal, ele não está apenas citando um César nessas camisetas, ele está se comparando a ele.

Zuckerberg pode ter entrado na fase imperialista de sua transformação, mas o significado das citações pode estar se perdendo entre o texto e a camiseta. John Noël Dillon, leitor sênior do departamento de clássicos da Universidade de Yale, apontou que “aut Caesar, aut nihil” é comumente atribuído ao cardeal italiano Cesare Borgia, a inspiração para o livro “O Príncipe”, de Maquiavel. No final, o poder duradouro o iludiu, e ele foi morto a facadas aos 31 anos.

Segundo os estudiosos, “pathei mathos” é menos diretamente egocêntrico. É uma citação “muito profunda, meio que profunda” originada da peça mitológica de Ésquilo sobre Agamêmnon, disse Folch. Esse texto não é exatamente obscuro —se você fez um curso de literatura grega na faculdade, provavelmente o leu— mas exibe uma expertise histórica mais rica do que usar uma camiseta estampada com “veni vedi vici” (“vim, vi, venci”).

Mas o que pensar das camisetas da produção Amiri-Zuck? Essas camisetas largas são objetos de design de alto nível? Andrew Groves, professor de design de moda na Universidade de Westminster, disse que sim.

“Onde ela difere de sua camiseta padrão de US$ 10 (menos de R$ 55) é na materialidade, corte, construção e silhueta, todos muito mais pensados e deliberados”, disse ele, descrevendo como seus ombros caídos, ajuste mais folgado e mangas mais longas empurram as camisetas personalizadas para o território de peça-declaração.

Por enquanto, como um aplicativo em desenvolvimento inicial, as camisetas não estão disponíveis para consumo público, embora Zuckerberg tenha insinuado em comentários no Instagram que um “lançamento limitado” pode estar a caminho. Nenhuma pista foi compartilhada sobre o preço, mas camisetas semelhantes da Amiri são vendidas por US$ 750 (mais que R$ 4.116). Uma soma principesca, de fato.

Postagens relacionadas

Tom Brittney diz ter rasgado traje de Superman em teste para filme de James Gunn

VÍDEOS da Tusca 2024: veja tudo sobre a festa em São Carlos

‘Dama dos Cravos’, símbolo da revolução que colocou fim à ditatura em Portugal, morre aos 91 anos