O exercício anual, chamado “Steadfast Noon”, terá duas semanas de duração e envolve mais de 60 aeronaves participando de voos de treinamento sobre a Europa Ocidental, entre elas, caças capazes de carregar ogivas nucleares dos EUA. O exercício, no entanto, não envolverá o uso de armas reais, segundo a Otan. De acordo com a aliança, o exercício envolverá dois mil militares de oito bases aéreas e uma variedade de tipos de aeronaves, incluindo jatos com capacidade nuclear –incluindo avançados caças F-35A–, bombardeiros, caças de escolta, aviões de reabastecimento e aeronaves capazes de realizar reconhecimento e guerra eletrônica. “A dissuasão nuclear é a pedra angular da segurança dos Aliados. O Steadfast Noon é um teste importante da capacidade de dissuasão nuclear da Aliança e envia uma mensagem clara a qualquer adversário de que a Otan protegerá e defenderá todos os Aliados”, disse o secretário-geral da organização, Mark Rutte. Segundo a Otan, o exercício nuclear é uma atividade de treinamento de rotina que acontece todo mês de outubro. A operação deste ano envolve voos principalmente sobre os países anfitriões Bélgica e Holanda, e no espaço aéreo da Dinamarca, Reino Unido e Mar do Norte. Ao todo, treze países enviarão aeronaves para participar dos exercícios, informou a Organização. O exercício militar ocorre em meio à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, iniciada em 2022 após uma invasão de tropas russas em território ucraniano. No início de agosto, tropas da Ucrânia iniciaram uma contraofensiva em território russo. O conflito continua se desdobrando: a Rússia anunciou que tomou controle de Ostrivske, uma vila no leste da Ucrânia, segundo a agência estatal Tass. As tensões entre a Rússia e a Otan se intensificaram à medida que o conflito foi se desenrolando e as tropas russas foram avançando no território ucraniano. A Otan também informou em comunicado que está tomando medidas para garantir a segurança, a eficácia e a credibilidade da capacidade de dissuasão nuclear da aliança militar, citando que os primeiros caças F-35A aliados, da Holanda, foram declarados prontos neste ano para desempenhar funções nucleares. Foto de arquivo, de agosto de 2020, mostra treinamento militar da Otan na Suécia. — Foto: Antonia Sehlstedt/AP Rússia critica exercício nuclear O Kremlin afirmou nesta segunda (14) que o exercício nuclear da Otan está alimentando as tensões à luz da “guerra quente” que se desenrola na Ucrânia. “Nas condições de uma guerra quente, que está acontecendo no contexto do conflito ucraniano, esses exercícios não levam a nada além de uma maior escalada da tensão”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. Peskov afirmou que também era impossível realizar negociações sobre armas nucleares com os EUA, algo que Washington sinalizou estar disposto a fazer, porque as potências nucleares ocidentais estão envolvidas no conflito contra a Rússia e, portanto, qualquer conversa sobre segurança teria que ser muito mais ampla em escopo. Em resposta, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, disse que a Otan não se deixará intimidar pelas ameaças russas e continuará com seu forte apoio à Ucrânia. “A mensagem (para o presidente russo Vladimir Putin) é que continuaremos, que faremos o que for necessário para garantir que ele não consiga o que quer, que a Ucrânia prevalecerá”, disse ele à Reuters em uma entrevista conjunta com a rádio pública alemã Hessischer Rundfunk na segunda-feira.
Mais de 60 caças, 13 países e 2 mil soldados: Otan inicia exercício militar nuclear na Europa, e Rússia acusa escalada de tensões
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