Maria de Lourdes Vanderlei, que diz que sua filha foi ofendida, conta que apesar de nunca ter se desentendido com a suspeita, a relação entre elas era distante, sem interação por parte da vizinha. “Minha filha queria brincar com o filho dela, ela não falava comigo e eu não sabia que era por isso, por ela ter preconceito. Eu falava bom dia e ela não respondia e eu não sabia que era por esse motivo”, explica. ‘Por que não posso brincar com o filho dela?’ Para a mãe, a dor de ver a filha passar por essa situação é como se as ofensas fossem diretamente a ela. Maria conta que a criança tem perguntado aos pais sobre o motivo de não poder brincar com o filho da vizinha e de ter sido chamada daquela forma. “Eu sinto a dor, né, porque é minha filha, eu sinto pra mim essas coisas. Minha filha ficou perguntando: ‘por que, mãe, eu não posso brincar com o filho dela?’ . E ela falou: ‘você não vai brincar com essa macaca mais’. Eu falei: ‘chama a polícia agora’ . Por que minha filha vai crescer com isso? Porque ela fica perguntando porque chamaram ela assim”. O pai da vítima, Evandro Aparecido Nascimento, diz que também já foi vítima de discriminação e que vai lutar pelos direitos da filha. “Não pode acontecer esse tipo de coisa né, preconceito. Esse racismo eu venho passando já há muito tempo, então vou dar procedimento em diante, e vou com todo direito pra cima. Coisa horrível passar a situação.” Garota é vítima de ofensa racista em Limeira — Foto: Reprodução/ EPTV Presa por injúria racial e liberada O caso ocorreu no terreno dividido pelas duas famílias no bairro Olga Veroni. Todos moram no mesmo local há três meses. Segundo a Polícia Militar (PM), os agentes foram acionados, a princípio, para atender uma ocorrência de desentendimento. No local, o pai da criança informou aos policiais que houve uma discussão entre ele, sua esposa e a suspeita, que é vizinha da família, após ela praticar a ofensa racista. Todos os envolvidos foram encaminhados ao Plantão Policial de Limeira, onde uma testemunha foi acionada para prestar depoimento. A testemunha não possui relação com nenhuma das partes e estava passando em frente ao local quando os desentendimentos ocorreram. Ele confirmou a versão da família da vítima à polícia. O caso foi registrado como injúria racial. Em nota, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) informou que a mulher recebeu liberdade provisória durante audiência de custódia, na tarde desta terça (10). No entanto, terá de cumprir as seguintes determinações: Comparecer a todos os atos do processo;Não alterar seu endereço sem prévia comunicação à Justiça;Não ter qualquer contato com a vítima e familiares. O descumprimento das medidas pode levar a nova prisão, segundo o TJ-SP. O que diz a suspeita A suspeita disse aos policias que o casal teria iniciado a discussão e que teria sido chamada de “prostituta”. Ela disse, também, que teria pedido que seu filho saísse de perto da filha do casal e fosse para casa, por causa da discussão. Segundo ela, essa teria sido a atitude que levou os vizinhos a chamarem a polícia por racismo. Ela não contratou um advogado e será atendida pela Defensoria Pública. VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região
Mãe de criança que sofreu racismo afirma que suspeita não falava com ela: ‘Não sabia que era por preconceito’
4