O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem recebido briefings periódicos sobre aspectos da inteligência artificial de membros da Presidência e da Esplanada e determinou que o tema precisa ser prioridade do G20. Segundo interlocutores, Lula quer que o assunto esteja na declaração final do G20, a ser divulgada após a reunião de cúpula no Rio, em novembro, e deve também inclui-lo em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, em setembro. Foi a partir de uma conversa com o secretário -geral da ONU, Antônio Guterres, que Lula passou a se dedicar mais ao assunto. Na reunião da COP em Dubai, em dezembro do ano passado, Guterres disse a Lula que seria crucial tratar da regulação de IA no âmbito do G20, para que as regras não fossem debatidas apenas pelos países ricos do G7 ou pela OCDE. O temor é que haja uma colonização regulatória e que as regras e parâmetros acordados deixem os países do chamado Sul Global na periferia. Entre os assuntos que têm interessado o presidente estão as armas autônomas e a falta de regras para o uso desses armamentos, também uma preocupação de Guterres. Desvendando IA Um guia do New York Times em formato de newsletter para você entender como funciona a IA Lula também foi brifado sobre os perigos e vieses do reconhecimento facial, efeitos da IA sobre o trabalho e os empregos. Para Bruno Bioni, integrante do T20, grupo dos think tanks do G20, é importante haver uma agenda de IA específica para países em desenvolvimento, que têm questões distintas das prioridades dos países ricos. “Essa globalização da IA pode gerar práticas extrativistas de dados, de minérios (pra chips) e também de mão de obra (países pobres ficarem com a parte precarizada do trabalho em IA como a anotação de dados). Não podemos ter uma padronização ditada pelos países ricos que gere uma nova colonização”, diz Bioni, diretor fundador da Data Privacy Brasil. “Isso não elimina o dever doméstico de ter política pública e uma boa regulação para IA.”