Toda vez que um jovem jogador de futebol desponta como craque, aparece alguém pra dizer que surgiu “o novo Pelé”. Neymar já recebeu essa alcunha no início de carreira e, mais recentemente, Endrick foi chamado assim também. É compreensível que, eventualmente, as pessoas comparem atletas, artistas e até prêmios com as maiores referências, basta lembrar que toda vez que tem um prêmio importante vem alguém pra dizer que é o Oscar de tal área. Hebe Camargo, por exemplo, sempre foi tida como a maior apresentadora do Brasil. Espontânea, divertida, humana, querida por todos. Faz sentido que jovens apresentadoras a tenham como ídolo, mas basta uma mulher fazer entrevistas em um sofá que lá vem: “fulana, a nova Hebe Camargo”. Já disseram isso de Virginia Fonseca e até da ex-BBB Beatriz Reis. Na área da música, a onda é chamar Marina Sena de “a nova Gal Costa” e Luísa Sonza de “a nova Rita Lee”. Eu acho que isso não enaltece nenhuma das envolvidas, nem as artistas originais, nem as de agora. Para as divas que se foram, qualquer comparação beira o desrespeito. Para as jovens artistas, vira um compromisso inatingível, um fardo. Gal foi uma das maiores cantoras do nosso país. Foi e sempre será, uma voz única, incomparável. Marina Sena pode homenageá-la, reverenciá-la, interpretar as mesmas canções. Mas ninguém poderá substituí-la. Nem acredito que Marina queira isso para sua carreira. Não tem “a nova Gal”, assim como não existe “a nova Elis Regina”. E, certamente, não existe uma “nova Rita Lee”, definição que alguns tentam imputar à Luísa Sonza, especialmente agora, por causa de uma peça publicitária que envolve Luísa, Rita e o Rock in Rio, que virou polêmica no Twitter (não chamo de X). Uma garota criticou a peça dizendo que Rita nunca apoiaria Luísa. Esse post foi republicado com mais uma crítica, defendendo que Rita, a Rainha do Rock, não poderia ser comparada a Luísa, que nunca fez nada de visionário. Até que uma terceira pessoa esclareceu que Rita Lee gostava de Luísa, já que falou dela em sua autobiografia e que, se o comercial foi veiculado, é porque a família deve ter autorizado. Sim, Rita gostava de Luísa. As duas eram amigas. E, certamente, o comercial foi autorizado pela família de Rita Lee. A comparação entre as duas é que não faz sentido. Artistas são únicos. Pessoas são únicas. Mas, mais que isso, cada pessoa tem uma história, vive numa determinada época, dentro de um contexto histórico. Não tem como comparar. Não importa se gostamos ou não de uma artista. Isso é questão de opinião. O fato é que Luísa Sonza não é Rita Lee. Marisa Sena não é Gal Costa. E nunca haverá outro Pelé. Rosana Hermann Salvar artigos Recurso exclusivo para assinantes assine ou faça login Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.
Luísa Sonza não é Rita Lee, Marina Sena não é Gal Costa
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