A vitória de Dissanayake confirma a rejeição dos eleitores indicada em pesquisas à velha guarda da política do país, que estava no poder e é acusada de empurrar o país para a pior crise econômica de sua história. Dissanayake garantiu a vitória sobre o líder da oposição, Sajith Premadasa, e o atual presidente, o liberal Ranil Wickremesinghe, que assumiu o país com a promessa de reerguer a economia. Na ocasião, parte dos manifestantes chegou até a invadir o palácio do presidente para forçar a renúncia de Rajapaksa (veja vídeo abaixo). Manifestantes invadem piscina da residência oficial da presidência no Sri Lanka Segundo a Comissão Eleitoral, Dissanayake recebeu 5.740.179 votos, seguido por Premadasa, com 4.530.902. “Esta conquista não é o resultado do trabalho de uma única pessoa, mas do esforço coletivo de centenas de milhares de vocês. Seu comprometimento nos trouxe até aqui e, por isso, sou profundamente grato. Esta vitória pertence a todos nós”, disse Dissanayake após a vitória. Dissanayake, um deputado de 55 anos, lidera a coalizão de esquerda Poder Nacional do Povo, um “guarda-chuva” de grupos da sociedade civil, profissionais, clérigos budistas e estudantes. Nas eleições anteriores, em 2019, Dissanayake também concorreu, mas, na ocasião, só levou 3% dos votos. O forte crescimento do presidente eleito no pleito deste ano foi reflexo do descontentamento da maior parte dos eleitores com a crise econômica. A eleição, realizada no sábado (21), foi também vista como um referendo sobre a liderança de Wickremesinghe em uma recuperação frágil, incluindo a reestruturação da dívida do Sri Lanka sob um programa de resgate do Fundo Monetário Internacional após o calote em 2022. Dissanayake disse durante a campanha que renegociaria o acordo com o FMI para tornar as medidas de austeridade mais suportáveis. Já o atual presidente alegava que qualquer movimento para alterar os princípios básicos do acordo poderia atrasar a liberação de uma quarta parcela de quase US$ 3 bilhões (cerca de R$ 16,5 bilhões) do FMI ao país, crucial para manter a estabilidade. Nenhum dos candidatos recebeu mais de 50% dos votos. Sob o sistema eleitoral do Sri Lanka, que permite que os eleitores selecionem três candidatos na ordem de sua preferência, os dois primeiros são retidos, e as cédulas dos candidatos eliminados são verificadas quanto às preferências dadas a qualquer um dos dois primeiros votantes. Aquele com o maior número de votos é declarado o vencedor.