Lagarto que imita tatu? Espécie africana impressiona por mecanismo de defesa curioso

Nativo do sul da África, o lagarto-tatu (Ouroborus cataphractus), não recebe o nome popular por cavar o solo, mas devido ao comportamento de se enrolar, assim como o tatuzinho (Armadillidium vulgare) e o tatu-bola (Tolypeutes). Quando ameaçado, este é seu modo de defesa. “A parte mais vulnerável do animal é o ventre, sendo a área mais fácil para um predador atacá-lo ou rasgá-lo. Para evitar que o predador possa mordê-lo, ele se enrola, porque as escamas podem furar quem tentar mordê-lo”, explica o herpetólogo Willianilson Pessoa. O lagarto-tatu alimenta-se principalmente de insetos e geralmente são encontrados em grupos. São ativos apenas no período mais quente. No inverno, hibernam. Como todos os répteis, eles não transpiram, mantendo o corpo selado. As escamas e o couro impedem a perda de água por suor. Além disso, há uma outra adaptação na urina, na forma do ácido úrico, que se transforma em uma massa para não perder água. O lagarto-tatu é um forte aliado no controle de insetos. — Foto: saindigenous / iNaturalist Esses lagartos medem entre 15 e 20 centímetros de comprimento e habitam os desertos do sul da África. “Como a necessidade metabólica é muito maior, esses animais do deserto têm um tamanho menor, assim como os animais da Caatinga”, explica o herpetólogo. Importância ecológica O lagarto-tatu é um forte aliado no controle de insetos. “Mesmo em áreas desérticas, tudo tem um equilíbrio. Portanto, mesmo que seja um animal pequeno, ele desempenha um papel ecológico importante. Se um animal que come vários insetos for removido da região desértica, pode ocorrer uma superpopulação de insetos, afetando o equilíbrio do ecossistema”, completa o herpetólogo. Tráfico internacional As escamas e o couro do lagarto-tatu impedem a perda de água por suor. — Foto: gusbenson / iNaturalist A espécie é criada em cativeiro em vários países do mundo e por isso acaba sendo adquirido pelas pessoas que desejam ter animais exóticos em casa. Com isso, infelizmente, o lagarto-tatu acaba sendo uma possível vítima do tráfico de animais. *Texto sob supervisão de Lizzy Martins VÍDEOS: Destaques Terra da Gente