Trinta anos após a morte do Servo de Deus Jérôme Lejeune, foi a presentada a biografia do geneticista francês, primeiro presidente da Pontifícia Academia para a Vida e descobridor da Trissomia 21 como causa da síndrome de Down. O Arcebispo Paglia: dizia que “a qualidade de uma civilização é medida pelo respeito para com os mais fracos” Alessandro Di Bussolo – Vatican News “A qualidade de uma civilização é medida pelo respeito que ela tem para com os mais fracos. Não há outros critérios de julgamento”. São palavras do servo de Deus Jérôme Lejeune, médico geneticista e primeiro presidente da Pontifícia Academia para a Vida (PAV), que, para o arcebispo Dom Vincenzo Paglia, atual diretor da PAV, condensam “a importância e a atualidade de sua pesquisa e ensino em nível científico e humano”. O prelado o recordou ao introduzir o evento de apresentação do livro ‘Jérôme Lejeune – a liberdade do cientista’, de Aude Dugast, realizado na sexta-feira (14/06) no Palácio San Calisto, em Roma, sede da Pontifícia Academia para a Vida. Faleceu dois meses após sua nomeação como presidente Na presença da autora da biografia, que descreve como “preciosa e completa”, Dom Paglia enfatizou que Lejeune, o descobridor da Trissomia 21 como causa da síndrome de Down, foi “um antecipador” do novo caminho iniciado por São João Paulo II na vida da Igreja, marcado pela atenção sobre a importância de defender e promover a vida humana. Em 1994, o Papa Wojtyla o nomeou, recorda o prelado, como o primeiro presidente da Pontifícia Academia para a Vida, criada em 11 de fevereiro, mas em 3 de abril daquele ano o cientista faleceu em Paris, aos 68 anos. Em 1974, São Paulo VI o havia nomeado membro da Pontifícia Academia das Ciências e, em 1986, São João Paulo II o chamou para fazer parte do Pontifício Conselho para a Pastoral no Campo da Saúde. Lejeune e a cultura do descarte dos mais frágeis Dom Paglia usa as palavras do Papa Francisco para dizer que “Jérôme Lejeune, em seu trabalho como geneticista, forneceu ferramentas válidas e modernas para combater essa cultura muito difundida do descarte que afeta os frágeis e os fracos, sobretudo os idosos e as crianças”. É por isso que, continuou, “fico contente em pensar que hoje Jérôme Lejeune está ao nosso lado, ao lado do Papa, reafirmando a preciosa e inviolável dignidade de todo ser humano, sempre, especialmente quando ele é afetado sem culpa por uma síndrome genética”. O arcebispo recorda que, graças à pesquisa do geneticista francês, “pela primeira vez no mundo foi estabelecida uma ligação entre um estado de deficiência intelectual e uma aberração cromossômica. Os pais de crianças com síndrome de Down”, enfatiza Paglia, “ficaram sabendo enfim que a deficiência de seus filhos não se devia a uma doença hereditária. E esperamos que o progresso científico erradique essa síndrome. Essa é a verdadeira ciência a serviço da humanidade”. O caminho para o desenvolvimento humano integral universal A biografia apresentada, segundo o presidente da PAV, nos traz de volta Lejeune “em seu trabalho, em suas convicções, em suas escolhas de vida, em sua dimensão humana, profissional, familiar”. E recorda sua esposa, a Sra. Birthe Lejeune, falecida em 2020, a qual pôde conhecer pessoalmente, “muito animada mesmo quando a Academia estava começando sua nova fase para enfrentar os novos desafios que se colocavam diante de nós, como a pandemia”. Agora, o caminho a ser seguido, conclui o Arcebispo Paglia, é o do desenvolvimento humano integral universal, obrigado pelas “condições econômicas, sociais, culturais e ambientais nas quais nossas vidas se desenvolvem”. E novamente usando as palavras de Francisco, explica que “somente em um planeta não poluído, somente em um mundo no qual nos reconheçamos verdadeiramente como irmãos e irmãs entre nós, será possível criar as condições para um autêntico desenvolvimento humano integral”. Contrastar ideologias que apostam na divisão O Pontífice ofereceu a “visão global” que todos nós devemos ter da “Vida” com as duas encíclicas: Laudato sì e Fratelli tutti: “uma grande família humana à qual o Senhor confiou a custódia da única Casa comum e a responsabilidade das gerações futuras. Sim, uma só humanidade, um só planeta”. No dia em que o Papa Francisco “está na cúpula do G7 para falar sobre inteligência artificial e paz”, conclui Dom Paglia, Jérôme Lejeune “sabia que estava vivendo em um mundo em que a política e as ideologias visam à divisão”. Mas a tarefa da Academia “é viver e dar testemunho da visão de um mundo no qual a harmonia é bem-vinda e respeitada, caminhando em direção à unidade e à concórdia entre todos, com o critério “da primazia a ser dada aos mais fracos e aos menores”. Etapas do processo de beatificação Por fim, López Barahona, membro da Academia e representante da Cátedra “Jérôme Lejeune” em Madri, refez as etapas do processo de beatificação de Lejeune, que começou em 2012: em 2014, o médico e geneticista francês foi declarado pela Igreja Servo de Deus e, em 2021, Venerável. A Fundação Jérôme Lejeune, conclui, criada em 1995, “reúne seu patrimônio científico e cultural e continua sua missão de pesquisa e apoio a pessoas com deficiência intelectual de base genética, perpetuando seu compromisso com a ciência e a dignidade humana”. Missão que realiza acolhendo e tratando pessoas com deficiência intelectual de base genética, em Paris, na maior clínica da Europa para esses pacientes, que já atendeu mais de 12.000 pacientes, mas também na Espanha, Argentina e Nantes. Assim como, através de pesquisas médicas sobre doenças da inteligência de origem genética e a defesa da vida e da dignidade das pessoas, “especialmente as mais vulneráveis, que devem ser respeitadas desde a concepção até a morte natural”. Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui