Aumentaram os casos de intolerância religiosa em Campinas (SP) denunciados à Polícia Civil. Números da Secretaria de Segurança Pública (SSP), obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI), mostram que as 27 ocorrências registradas até outubro superam o total de notificações em 2023. Entre os alvos está um terreiro de umbanda localizado na Vila Ipê, atingido por pedradas e que já registrou quatro boletins de ocorrência em 2024. “A gente não pode ficar quieto. Por que como eu denunciei, tem muita casa que não tem coragem de denunciar. Às vezes por medo de represália, por não saber os caminhos. Então a gente tem que ir na delegacia, tem que representar, para ter estatística. Se a gente ficar quieto, a gente vai morrer. Não pode tolerar isso em pleno 2024”, afirma o pai de santo João Carlos Galerani Júnior. O último ataque ao terreiro ocorreu há duas semanas, e mexeu quem estava no local. “A gente fica assustado por que pode machucar alguém. Se cair na cabeça de uma criança, de uma pessoa de idade, mata. É um crime, não é necessário isso. Falta conhecimento”, diz Galerani. Zelador do terreiro na Vila Ipê, Nilton Vincoletto contou que um dos ataques ocorreu durante a inauguração do espaço, em pleno trabalho. “De repente, um barulho grande no telhado, as pedradas vieram, não sabe de onde veio. Isso é muito triste pra gente, a gente não faz nada de errado, faz o bem para todos”. De acordo com Edna Almeida Lourenço, presidente da Associação das Comunidades Tradicionais de Matriz Africana de Campinas e Região (Armac), as religiões de matriz africana são o alvo mais frequente da intolerância. “Existe um ódio que está expresso às comunidades tradiconais de matriz africana. A base da intolerância relilgiosa é o racismo. Muitos terreiros têm à frente pessoas brancas, mas eles são vistos também como negros, porque professam religião de África”, diz. O pai de santo João Carlos Galerani Júnior em terreiro em Campinsa (SP) alvo de pelo menos quatro ações de intolerância religiosa em 2024 — Foto: Reprodução/EPTV Pena para o crime aumentou A advogada Thamiris Nunes e Alves, da comissão de Direito e Liberdade Religiosa da OAB Campinas, explica que a pena para esse tipo de crime aumentou no Brasil. “Houve uma alteração jurídica que equiparou a injúria religiosa ao crime de racismo, e aumentou a pena de 1 a 3 anos de prisão, para 2 a 5 anos de prisão, foi uma mudança muito importante na legislação a fim de combater a intolerância religiosa”, destacou. VÍDEOS: tudo sobre Campinas e região
Intolerância religiosa cresce em Campinas e supera casos de 2023: ‘Se ficar quieto, a gente morre’
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