Terminaram neste sábado (1º) as eleições gerais na Índia após a última fase de uma votação de mais de seis semanas. A disputa foi marcada pelo grande favoritismo do primeiro-ministro, Narendra Modi, representante do nacionalismo hindu, e por uma forte onda de calor. Os centros de votação fecharam às 10h, no horário de Brasília. A contagem de votos terminará na terça-feira (4) e os resultados devem ser divulgados até quinta (5). Há poucas dúvidas sobre a vitória do partido de Modi, o Bharatiya Janata (BJP), garantindo ao premiê um terceiro mandato. A política nacionalista do primeiro-ministro, cada vez mais misturada com a religião, é extremamente popular em Varanasi, banhada pelo rio Ganges, onde os fiéis hindus cremam os seus entes queridos. “Obviamente Modi vencerá”, disse à agência de notícias francesa AFP Vijayendra Kumar Singh, que trabalha em um dos muitos hotéis dessa cidade de peregrinação. “Há um sentimento de orgulho em tudo o que ele faz e é por isso que as pessoas votam nele”, acrescentou. Modi já conduziu o seu partido a duas grandes vitórias nas eleições de 2014 e 2019, graças em parte a sua popularidade entre os hindus. Segundo analistas, o premiê, com alta popularidade, atuou para fomentar a polarização para que os hindus, religião de cerca de 85% da população e da base de sua sigla, comparecessem aos locais de votação. Uma estratégia que pode ter sido redesenhada às pressas por conta de outro fator que marcou a primeira das sete fases do pleito: um baixo comparecimento às urnas, principalmente por parte da população hindu. O Modi tem mais camadas que a questão religiosa, mas a religião é o grande ponto de mobilização [de sua campanha]. Ele já entendeu que os muçulmanos não importam para sua reeleição. — Tanguy Bagdhadi, professor de política internacional em entrevista ao g1 Muçulmanos rezam em frente a mesquita em Nova Déli, na Índia, em 11 de abril de 2024. — Foto: Manish Swarup/ AP Votação escalonada A votação ocorreu ao longo de quase sete semanas, com cada região votando em datas diferentes, para contemplar o grupo de 970 milhões de eleitores convocados a votar no pleito do país, que formam mais de 10% da população mundial. No entanto, a participação da população até agora caiu vários pontos em comparação com as últimas eleições nacionais, em 2019. Os analistas atribuem essa queda à esperada vitória de Modi e às sucessivas ondas de calor no norte do país, com temperaturas acima dos 40 ºC. As potências ocidentais têm, em grande parte, feito vista grossa aos relatos de violações de direitos e liberdades na Índia, a fim de cortejar um aliado valioso face à crescente influência da China. Eleições na Índia — Foto: Arte/g1 * Com agências internacionais