Impedido de viajar por recomendação médica, Lula participa de reunião dos Brics por vídeo nesta quarta

Impedido de viajar por recomendação médica, Lula participa de reunião dos Brics por vídeo nesta quarta

O grupo, formado originalmente por Brasil, Rússia, China e Índia (África do Sul entrou num segundo momento), foi criado na tentativa de promover o crescimento das economias emergentes e uma reforma em instituições internacionais. No entendimento dos Brics, os organismos internacionais são dominados por interesses das potências ocidentais, com pouco espaço para demandas dos países em desenvolvimento. Na terça-feira (21), o presidente Lula conversou por telefone com o presidente russo Vladimir Putin, anfitrião da cúpula dos Brics. Lula recebeu a ligação no Palácio da Alvorada, de onde trabalhou nos últimos dias. “O presidente Putin quis saber do estado de saúde do presidente, e lamentou que ele não pode vir à Cúpula dos Brics, e o presidente Lula também, devido ao acidente sofrido no sábado. E que serão feitos os arranjos para a participação dele na reunião por videoconferência”, diz a nota divulgada pelo Palácio do Planalto. A reunião de cúpula do Brics começou na terça e segue nesta quarta. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, chefia a delegação brasileira na Rússia. A avaliação na comunidade exterior é que Putin está usando essa cúpula dos Brics para passar uma mensagem ao mundo de que ele não está isolado internacionalmente. As potências do Ocidente, desde 2022, quando a Rússia de Putin invadiu a Ucrânia, têm aplicado sanções contra o país. Em Kazan, Putin tem encontros com presidentes como Xi Jinping (China), Masoud Pezeshkian (Irã), o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o presidente Tayyp Erdogan (Turquia). Para especialistas, a tendência do Brics de formar uma oposição às potências ocidentais gera uma posição delicada para o Brasil. Se, por um lado, o Brasil enxerga no Brics um importante instrumento para uma nova governança global — uma das demandas diplomáticas mais caras ao presidente Lula —; por outro, o país ainda depende de suas alianças com lideranças ocidentais. As potências ocidentais são cada vez mais desafiadas por Putin e Xi Jinping, líderes influentes dos Brics. “A presença do Brasil bloco pode dificultar a manutenção de canais de diálogo com países ocidentais, sobretudo em temas ligados aos conflitos contemporâneos (Ucrânia, Gaza e, cada vez mais, Venezuela) e esse será um grande desafio brasileiro para os próximos anos”, avaliou o professor Guilherme Casarões, de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Novos membros nos Brics O Brics foi formado originalmente por Brasil, Rússia, Índia e China. A África do Sul entrou num segundo momento. No início deste ano, foram admitidas as entradas de Arábia Saudita, Egito, Irã, Etiópia e Emirados Árabes. Arábia Saudita ainda não aceitou formalmente o convite. Segundo o Itamaraty, o principal tema da cúpula em Kazan é a criação da categoria de “países parceiros” do Brics, um modelo de adesão ao bloco sem as mesmas prerrogativas dos “membros plenos”, como é o caso do Brasil. Guerras Não havia previsão de discussões na cúpula a respeito da guerra entre Rússia e Ucrânia, que se arrasta há mais de dois anos. Já a situação no Oriente Médio, onde Israel enfrentao Hamas e o Hezbollah, está na pauta das reuniões.

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