“Eu sempre gostei de arte, desde que eu me entendo por gente. Sempre admirei obras realistas ao mesmo tempo em que sempre tive admiração pela natureza. Eu gosto de perceber os detalhes dos elementos, como funcionam as flores, como funcionam as penas, sou um curioso”, conta o ilustrador Victor Silvestre, de 42 anos. Rabo-branco-de-garganta-rajada (Phaethornis eurynome) ilustrado pelo artista — Foto: Victor Silvestre Nascido em São Paulo, Victor estudou em um colégio com grande foco em arte, até se mudar para o Parque Nacional do Itatiaia, onde conheceu o trabalho de Margaret Mee, artista botânica inglesa que se especializou em plantas da Amazônia brasileira. Em 2005, o ilustrador iniciou o curso de ilustração botânica na ENBT (Escola Nacional de Botânica Tropical), e no final de 2006, já teve sua primeira exposição individual de ilustração botânica. O gavião-carijó (Rupornis magnirostris) é a espécie mais comum de nosso país, ocorrendo em todos os estados — Foto: Victor Silvestre “No caso das ilustrações botânicas todas elas foram de observação, não tem referência fotográfica. Nas aves não tenho como não usar referência fotográfica”, explica. “Em um país que pouco presa pela arte visual, ainda mais em papel, por que fazer isso? Não saberia dizer por outro modo que não seja uma necessidade pessoal, necessidade da alma”, completa o artista. A partir de 2016, Victor migrou para o desenho de aves. Foi nesse período em que deixou de morar no Parque Nacional do Itatiaia após 17 anos, e se mudou para Alfenas (MG), onde começou a fotografar e observar aves, participando da fundação do Clube de Observação de Aves (COA) da cidade. Além de participar da criação do COA, Victor já trabalhou em um projeto fazendo ilustrações para um Atlas de acupuntura veterinária. Em suas ilustrações, Victor trabalha com aquarela, tinta guache e lápis de cor — Foto: Victor Silvestre Atualmente, trabalhando com comunicação, o ilustrador consegue utilizar de seu trabalho para explorar a natureza através de fotografia e filmagem. “Como faço bastante uso da câmera fotográfica, acabei transferindo minha paixão por natureza para ela. O tempo está mais restrito para desenhar, porém, com a fotografia dá para explorar melhor esse curto espaço de tempo”, conta ele. Entre suas ilustrações, uma delas se tornou a preferida. Victor passou dois dias dentro de um viveiro de patos, quando ainda estava descobrindo o desenho de observação. Desenho favorito feito pelo ilustrador — Foto: Victor Silvestre “Fazem-me lembrar do querer genuíno. Ninguém entendia o que eu estava fazendo lá dentro com a minha prancheta, talvez nem eu entendesse, mas foi uma época boa. Desenho puro, sem pretensões ou pressões. Pura vontade”, conta o artista. Bromelia Billbergia desenhada por Victor — Foto: Victor Silvestre O benedito-de-testa-amarela (Melanerpes flavifrons) vive na Mata Atlântica de montanha e na de encosta, em restinga, plantações, pomares, palmitais, matas secundárias e capoeiras. — Foto: Victor Silvestre A bromélia-zebra ou Aechmea chantinii é uma bromélia do gênero Aechmea. — Foto: Victor Silvestre *Texto sob supervisão de Lizzy Martins VÍDEOS: Destaques Terra da Gente