Igreja do Sul do Brasil celebra acolhida ao novo cardeal

Igreja do Sul do Brasil celebra acolhida ao novo cardeal

Dom Jaime Spengler, franciscano brasileiro de 64 anos, foi criado cardeal pelo Papa Francisco em 7 de dezembro, na Basílica de São Pedro, durante o Consistório Ordinário Público. O arcebispo de Porto Alegre é presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (CELAM), além de ser membro dos dicastérios para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos e para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. Por Pe. Gerson Schmidt* – Porto Alegre Neste 17 de dezembro, às 10h, na Catedral Metropolitana da capital gaúcha (RS), com a presença do clero, autoridades e de todo povo de Deus, aconteceu uma bela e solene celebração de Acolhida ao novo cardeal brasileiro Dom Jaime Spengler, Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e presidente do Conselho dos Bispos Latino-Americano e Caribenho (CELAM). Diversas autoridades civis, eclesiásticas e fiéis do Regional Sul3 e de Santa Catarina, Estado onde o cardeal nasceu, estiveram presentes na Santa Missa de Acolhida à dom Jaime, que presidiu a celebração soleníssima. Apesar de uma terça-feira de trabalhos, a Catedral Mãe de Deus de Porto Alegre, localizada no centro histórico da cidade, da qual o Cardeal é arcebispo desde 2013, ficou repleta de fiéis. O catarinense presidiu sua primeira celebração oficial como novo cardeal brasileiro. Cardeal Jaime Spengler na Catedral Metropolitana A Santa Missa de Acolhida reuniu também os bispos de todas as 18 dioceses do Rio Grande do Sul, centenas de padres e outras autoridades. Os fiéis se mantiveram atentos até quando houve uma queda de luz e Dom Jaime precisou fazer parte do sermão sem a ajuda do microfone. Na homilia, Spengler pregou sobre o Evangelho da Genealogia de Jesus que “cada um dos homens descrito no relato é único, tem um nome, é irrepetível e um acontecimento de fé”. “Em toda a história de Israel, Ele (Cristo) é a referência, Ele é o Messias, nele se realiza as promessas. Ele é o caminho, Ele é a verdade, Ele é a vida”, disse, e “cada ser humano faz história e a história faz o ser humano”. Dom Jaime enfatizou que Cristo veio salvar a todos, não só alguns. Apontou que na história salvífica “o que não é assumido, não é redimido”, frase que é uma máxima sapiencial dos Santos Padres da Igreja. Pregou que essa página do Santo Evangelho sobre a origem de Jesus fala também da nossa genealogia, pois somos criados todos filhos de Deus. “É a fé em Jesus que nos aponta que somos filhos de Deus, Ele é nossa referência de fé, como discípulos e discípulas de Cristo, colocando Ele como centro de nossa vida e história”. O novo Cardeal lembrou na sua pregação a terrível catástrofe climática sofrida pelo nosso Estado, em maio desse ano, que fez unir todo o Brasil, e fora do país, numa solidariedade e comunhão nunca jamais vista. Convocou para a comunhão e unidade, tal como a caminhada sinodal celebrada no mês de outubro e a não “se caminhar num magistério eclesial paralelo”. Também recordou pedido do Papa Francisco, no Vaticano, durante o consistório e entrega do anel cardinalício. “Quando me aproximei dele, recebi o seguinte pedido. ‘Não perca a simplicidade”. “E depois, completou. Como está o Rio Grande do Sul? Ele me pegou de surpresa, no que respondi que o caminho é longo. Então o papa disse. Coragem, vai em frente, com aquele sorriso”. De fato, o Papa esteve unido ao sofrimento da nossa tragédia climática sem precedentes e se solidarizou com o povo gaúcho. Sacerdotes da Arquidiocese de Porto Alegre na concelebração na Catedral Foi na Basílica de São Pedro, na Cidade do Vaticano, que o Papa Francisco, em 07 de Dezembro, criou Cardeal Dom Jaime Spengler, no 10º Consistório do Papa Francisco, tornando-o parte do clero de Roma, considerado um ministro de estado, representando, ainda mais oficialmente, a Santa Sé Apostólica. “É uma responsabilidade e um privilégio”, disse dom Jaime Spengler, único brasileiro a se tornar cardeal nessa ocasião. Dom Jaime aos 64 anos recebe essa honraria, responsabilidade e missão maior, que o une diretamente ao Sumo Pontífice. O novo cardeal se torna conselheiro do papa, juntamente com todo colégio cardinalício. Pode eleger um novo papa, também podendo receber votos, quando da convocação do Conclave, que é congregado quando da eleição do novo Pontífice. Os cardeais com até 80 anos podem votar. Dom Jaime será ainda mais servo de Deus, mais disponível ao trabalho para a Igreja local e universal. (Foto: Marcia Kazumi) É a segunda vez que a Arquidiocese de Porto Alegre recebe tão grande dom da Igreja, num gesto de continuidade e reconhecimento de que estamos ligados pela história eclesial ao Sumo Pontífice.  Lembrando essa caminhada eclesial do Rio Grande do Sul, tão atingido pelas terríveis enchentes de maio, Dom Jaime utiliza a mesma cruz peitoral usada pelo grande e renomado Cardeal Vicente Scherer, que marcou história da Igreja do Rio Grande do Sul e do Brasil.  Após 55 anos, a Arquidiocese de Porto Alegre volta a ver seu Arcebispo criado cardeal. Dom Vicente Scherer foi criado cardeal pelo papa São Paulo VI, no dia 28 de abril de 1969, e governou a diocese por 34 anos, até o ano de 1981, quando teve sua renúncia aceita por são João Paulo II. “Dom Vicente foi arcebispo e cardeal em um tempo muito diferente. A Arquidiocese era maior em seu território, algumas viagens levavam dias, eram feitas até a cavalo. Dom Vicente foi muito simples e vivia de forma bastante despojada”, disse dom Jaime em entrevista coletiva. Após a Oração Pós-comunhão na Missa de Acolhida, em nome da Pastoral Presbiteral, representando todo o Clero da Arquidiocese de Porto Alegre, Pe. Carlos Feeburg saudou o novo cardeal e lembrou as palavras do Papa Francisco de um cardinalato marcado por humildade e missão serviçal. Lembrou a cruz da missão, cujo lema do brasão episcopal de Dom Jaime recorda: “In Cruce Gloriari”, que significa “Gloriar-se na Cruz”, adotado por Spengler, que se inspirou no hino de São Paulo aos Filipenses. Na qualidade de presidente do Regional Sul 3 da CNBB, representando as 18 dioceses rio-grandenses, Dom Leomar Brustolin, Arcebispo de Santa Maria, disse que o cardeal é essa ponte da Igreja de Roma conosco aqui e daqui para lá. Também fez referência ao grande momento difícil sofrido pelo povo do Sul e que o Papa, após essa maior provação sofrida pelo Rio Grande do Sul, nomeia um Cardeal como sinal de alento e esperança. Como outrora bispo auxiliar de Dom Jaime, lembrou uma frase repetida muitas vezes, quase todos os dias: “Tu não te pertences mais, agora tu és ´cataúcho’(catarinense-gaúcho), és nosso, viestes para servir a Igreja”. Coletiva de Imprensa (Foto: Leo Mayer) Após a Missa Solene, O Cardeal concedeu entrevista coletiva. Falou de dois maiores desafios que vê para a Igreja universal: as vocações e a transmissão da fé para as novas gerações. “A fé é fruto sobretudo de uma relação entre pessoas e com o transcendente. Como Jesus conquistava os seus seguidores? Era no contato, no corpo a corpo”, comentou. Para ele, “a geração na faixa de zero aos 16 anos possui uma estrutura mental lógica diferente da nossa. Como transmitir a fé, como compartilhar a experiência, como entregar na mão desta geração a fé, quando esta já possui uma lógica mental diferente da nossa?”. Afirmou que “o Rio Grande do Sul possui uma das menores taxas de natalidade no Brasil. É uma realidade muito forte presente entre nós, que traz desafios fortes para a sociedade gaúcha e para a Igreja, pois estamos inseridos nesta sociedade”. Depois da Missa Solene, houve uma importante e digna confraternização de almoço na cripta da Catedral Metropolitana, reunindo o clero e autoridades. O prefeito da capital, Sebastião Melo, se fez presente na solenidade. *Pe. Gerson Schmidt –  Jornalista e colaborador do Vaticannews Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

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