Homens negros, nem tão jovens e sem descanso: estudo da Unicamp traça perfil de motoboys em Campinas

Homens negros, nem tão jovens e sem descanso: estudo da Unicamp traça perfil de motoboys em Campinas

💧 O levantamento também mapeou dados de saúde dos entregadores, revelando que 66,5% dos entrevistados bebem até 1,5 litro de água durante o horário de trabalho, e 38% não chegam a 1 litro consumido por dia. 😴 O trabalho também afeta outros pontos da qualidade de vida dos trabalhadores, segundo a pesquisa. Um quarto dos participantes afirma dormir até cinco horas por noite, o que está diretamente ligado à disponibilidade em tempo integral para as entregas. “Não são pessoas enfraquecidas, pessoas vulnerabilizadas. São trabalhadores compromissados, fortes, dedicados, mas que, ao mesmo tempo, você fica imaginando, na posição de profissional de saúde, quanto tempo essas pessoas vão aguentar nesse regime tão demandante de estresse orgânico, de estresse para a saúde?”, questiona a médica e diretora-executiva de Direitos Humanos da Unicamp, Silvia Maria Santiago. ⚠️ Na pesquisa, 65,7% dos motoboys entrevistados dizem ter sofrido algum tipo de acidente de trânsito no trabalho. Para 45% dos entregadores, os acidentes de trabalho levaram a afastamento por mais de três meses. “A gente espera que dados desse tipo possam amparar políticas públicas dirigidas a esses trabalhadores. Acho que nós, como sociedade, não podemos conviver com pessoas tão próximas, que às vezes nos auxiliam tanto, mas com condições de trabalho tão ruins”, pontua Santiago. Médica e diretora-executiva de Direitos Humanos da Unicamp, Silvia Maria Santiago — Foto: Reprodução/EPTV Raio-x da rotina 40% dos motoboys entrevistados trabalham 7 dias por semana;50,5% têm mais de quatro anos de trabalho nessa função;43,7% trabalham mais que 60 horas semanais;43,5% têm como principal fonte de renda as entregas por aplicativo. 12 horas na moto Com 23 anos, dois deles atuando como motoboy, João Pedro Batista diz acumular uma lista de problemas por conta das 12 horas diárias de trabalho em cima da moto. Ele faz, em média, 40 entregas por dia. “Pressão alta tenho às vezes. Quando dá dor de cabeça, ela meio que fica embaralhada, abaixa demais e aumenta demais, 14 por 6, geralmente. [Trabalho] mais de 10 horas, 13, 14 horas, de 12 horas para frente. Sete dias por semana”, relata. Já Luís Cláudio Villas Boas, entregador há seis anos, admite beber pouca água e vê com preocupação as condições precárias de trabalho. Nos dias de calor, o motoboy sente “na pele” as consequências da desidratação. “Quando o restaurante fornece [bebo água]. Quando não, a gente deixa uma garrafinha. A gente não tem nem benefício, né? A nossa situação está assim, a Deus dará”, diz o entregador. Estudo da Unicamp traça perfil de motoboys em Campinas — Foto: Reprodução/EPTV

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