O governo brasileiro emitiu comunicado saudando o “caráter pacífico” das eleições realizadas nesse domingo (28), na Venezuela, e disse que acompanha com atenção o processo de apuração. O Brasil reafirmou ser fundamental a soberania popular e que aguarda a publicação pelo Conselho Nacional Eleitoral dos dados por mesa de votação. Roberto Menezes, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília acredita que a “incerteza” sobre os resultados traz consequências, como o acirramento de problemas dentro e fora do país. O professor explica que o principal questionamento da oposição se baseia no não cumprimento do Acordo de Barbados, assinado pelo governo e parte da oposição da Venezuela em outubro de 2023, e que definiu regras paras as eleições do país, incluindo missões de observação estrangeiras. Para Williams Gonçalves, professor titular do Departamento de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, os questionamentos sobre as eleições na Venezuela são resultado do acirramento político nos últimos anos. Segundo ele, a posição tomada pelo Brasil neste caso precisa ter um horizonte político mais amplo. EUA e Reino Unido contestaram o resultado das eleições. Rússia e China parabenizaram Maduro. Segundo Williams Gonçalves, professor da UERJ, essa diferença reflete a disputa por influência geopolítica sobre a Venezuela por razões, principalmente, econômicas. Para o professor do Departamento de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Brasília, Raphael Seabra, a expectativa é de que os questionamentos continuem nas próximas semanas. Mas, são as manifestações violentas que mais preocupam, dentro da Venezuela, como aconteceram nos últimos 20 anos, principalmente após a morte de Hugo Chaves. Independente do reconhecimento internacional dos resultados eleitorais, Raphael Seabra lembra que os problemas econômicos vão continuar, porque a Venezuela não se industrializou e é dependente do petróleo, sua principal produção. De acordo com a autoridade eleitoral da Venezuela, Maduro garantiu nesse domingo cerca de 80% dos votos contados, mais de 5 milhões de votos, em comparação aos 4,4 milhões do ex-diplomata González Urrutia.