O corpo de Rodrigo Raineri chegou do Paquistão no fim da tarde de quarta-feira (10) pelo Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP). O velório no ginásio começou às 8h desta quinta e o corpo seguiu às 14h para Ibitinga (SP), cidade natal do alpinista, onde acontecerá o sepultamento nesta sexta-feira (12). Ele morava em São Pedro (SP), na região de Piracicaba. Velório do alpinista Rodrigo Raineri acontece no Ginásio da Unicamp — Foto: Reprodução/EPTV O velório aconteceu com caixão fechado, por conta do estado de decomposição do corpo, que demorou a ser liberado do país asiático devido aos trâmites burocráticos do traslado. Desde as primeiras horas da manhã, o movimento foi grande na Unicamp com a presença de familiares, amigos e admiradores do alpinista. A causa do acidente de Raineri, o primeiro brasileiro a escalar três vezes o Monte Everest, foi o rompimento de um paraquedas. A cerimônia foi na Unicamp por causa da relação do esportista com a universidade. Além de ter se formado na instituição, ele ajudou a construir uma parede de escalada ao lado do ginásio onde será velado. “O Rodrigo era uma das pessoas mais generosas que eu já conheci e a generosidade inspirou várias pessoas. Estar aqui nessa cidade tem um simbolismo muito grande, porque projetou ele para as montanhas. Quando a gente perguntava para ele sobre a morte, ele falava que tinha medo de não viver”, disse o amigo Carlos Eduardo Fontes. Talita Camargo, viúva do alpinista Rodrigo Raineri — Foto: Reprodução/EPTV ‘Estava me preparando para isso’ Talita Campos Camargo, viúva de Rodrigo, também falou à EPTV, afiliada da TV Globo, sobre a relação com o marido e o legado que ele deixa para várias gerações. “Tudo marcou, vivemos cinco anos intensamente, ele era calmo, paciente, me ensinou muito. Esses ensinamentos que ele me deixou, eu tenho certeza que ele estava me preparando para esse momento. A paixão dele pelo esporte, pelo turismo, nunca vai morrer”, afirmou, emocionada. Escalador completo Rodrigo Raineri era considerado um escalador “completo” e estava entre os alpinistas mais técnicos do Brasil, com experiência de mais de 30 anos e atuação em rocha, gelo e alta montanha, como é descrito no site profissional do atleta. Ele liderou centenas de expedições pelo mundo.Além de ser o primeiro brasileiro a escalar três vezes o Monte Everest, Raineri se tornou o único brasileiro a guiar expedições aos sete Cumes, projeto que abrange escalar as mais altas montanhas de cada continente em 2016. Rodrigo Raineri, em escalada no Aconcágua (Argentina) — Foto: arquivo pessoal Completou a 6ª expedição à montanha mais alta do planeta, em 2019, com mais de 8,8 mil metros de altitude. Na companhia de Vitor Negrete, formou a única dupla brasileira a escalar a Face Sul do Aconcágua, topo mais alto das Américas, a 6.962 metros de altitude, com subida considerada uma das difíceis do mundo. A conquista é um marco no montanhismo brasileiro. Com o parceiro, também escalou o Aconcágua durante inverno de -30ºC. Durante a subida, enfrentaram uma tempestade de neve. Em 2013, realizou uma de suas expedições ao topo da maior montanha do mundo, o Everest, na Ásia. Foram 67 dias de expedição. Utilizou uma máscara de oxigênio durante a subida. A temperatura chegou a -29ºC, com sensação térmica de -50ºC. “Chegar no cume do Everest é sempre uma sensação indescritível, muito bom. Eu acho que a gente buscando grandes conquistas, realização de sonhos, a gente tem mais motivação para viver”, comentou Rodrigo à época. Alpinista Rodrigo Raineri, em 2013, após chegar de expedição ao Aconcágua — Foto: Reprodução EPTV Escritor, palestrante e consultor Formado em Engenharia de Computação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Raineri também era diretor de uma empresa de turismo, além de palestrante e consultor. O atleta somava mais de 1,8 mil palestras sobre temas motivacionais, além de áreas como segurança do trabalho, cultura e educação. Ainda ministrava cursos de escalada e resgate, dos básicos aos mais avançados, liderou mais de uma centena de expedições no mundo todo. Rodrigo assina os livros “No Teto do Mundo” e “Imagens do Teto do Mundo”. Em 2015, organizou uma campanha de doações de roupas e alimentos para ajudar vítimas de um terremoto no Nepal, que deixou mais de 5 mil mortos. Naquela época, o montanhista brasileiro já tinha viajado mais de 15 vezes para o país. Rodrigo e Vitor Negrete durante subida no Aconcágua — Foto: AcervoEP VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região
Familiares e amigos se despedem do alpinista Rodrigo Raineri em velório aberto ao público no ginásio da Unicamp
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