O partido de Kickl venceu as eleições parlamentares em setembro de 2024, obtendo 28,8% dos votos e superando o Partido Popular Austríaco, do chanceler Karl Nehammer, que ficou em segundo lugar. Junto com o cargo de chanceler, Nehammer também renunciou à liderança do Partido Popular. O novo líder do partido, Christian Stock, anunciou no domingo que a legenda está pronta para negociar com a extrema direita para formar um governo. “Como testemunhamos, neste fim de semana o Partido Popular abandonou seu ‘não’ categórico a uma coalizão sob a liderança de Herbert Kickl. Eu o encarreguei [Kickl] de iniciar as conversas para formar um governo. Não tomei essa decisão levianamente. Continuarei garantindo que os princípios e as regras de nossa constituição sejam devidamente observados e respeitados”, afirmou Alexander Van der Bellen em coletiva. O presidente Van der Bellen afirmou que deu a chance a Kickl porque ele “tem a confiança para encontrar soluções viáveis no âmbito das negociações de governo” e por conta da nova abertura de Stock a negociações com a extrema direita. Renúncia de chanceler Chanceler da Áustria, Karl Nehammer, anuncia renúncia ao cargo em 4 de janeiro de 2025. — Foto: REUTERS/Elisabeth Mandl Chanceler da Áustria, Karl Nehammer, anunciou no sábado (4) sua renúncia ao cargo em meio a uma crise política e de governança no país europeu. Segundo Nehammer, ele deixará o poder nos próximos dias e realizará uma transição ordenada. A decisão de Nehammer ocorre após o fracasso das negociações entre os dois maiores partidos centristas da Áustria, Partido Popular e Social-Democratas, para formar um governo de coalizão sem o Partido da Liberdade, de extrema direita. “Eu renunciarei como chanceler e como líder do Partido Popular (conservador) nos próximos dias e possibilitarei uma transição ordenada”, afirmou Nehammer em um vídeo publicado no X, após as conversas de coalizão com os Social-Democratas. As negociações pela formação de um novo governo na Áustria vinham se arrastando desde outubro de 2024, quando o presidente do país, Alexander van der Bellen, encarregou o chanceler conservador de formar um novo governo. A tarefa foi dada após todos os outros partidos se recusarem a trabalhar com o líder do Partido da Liberdade, de extrema-direita, que em setembro venceu as eleições nacionais pela primeira vez na história do país, com 29,2% dos votos. O colapso das negociações por uma nova configuração de governo se deu de vez um dia após o abandono, considerado inesperado, do partido liberal Neos na sexta-feira (3). A Áustria é uma república parlamentarista que tem um chanceler, um presidente e um Parlamento bicameral. O chanceler atua como chefe do Executivo, enquanto o presidente é o mais alto representante do Estado austríaco. Segundo Nehammer, seu partido negociou “de forma longa e honesta”, mas divergências com os Social-Democratas ainda persistiram. “Fizemos tudo o que era possível até este ponto. Um acordo sobre pontos-chave não é viável, então não faz sentido para um futuro positivo para a Áustria. Não aceitaremos medidas que sejam prejudiciais ao desempenho e à economia ou novos impostos, por isso, estamos encerrando as negociações [com os Social-Democratas] e não as continuaremos”, afirmou o chanceler austríaco. O líder social-democrata Andreas Babler lamentou a decisão do Partido Popular de encerrar as negociações. “Essa não é uma boa decisão para o nosso país”, afirmou. Babler destacou que um dos principais obstáculos era como lidar com o “déficit recorde” deixado pelo governo anterior. Nehammer afirmou que “forças destrutivas” dentro do Partido Social-Democrata “ganharam espaço” e que o Partido Popular não apoiará um programa que seja contrário à competitividade econômica. O próximo governo da Áustria enfrentará o desafio de economizar entre 18 e 24 bilhões de euros (entre 114,7 bi e 153 bi, pela cotação atual), segundo a Comissão Europeia. Além disso, o país está em recessão há dois anos, enfrenta aumento do desemprego e tem um déficit orçamentário atualmente em 3,7% do PIB — acima do limite de 3% da União Europeia.
Extrema direita ganha chance de liderar governo na Áustria pela primeira vez desde 2ª Guerra Mundial
1
postagem anterior