Expulsão de González da Venezuela interessava mais a Maduro do que o desgaste de sua prisão

Expulsão de González da Venezuela interessava mais a Maduro do que o desgaste de sua prisão

É bastante simbólico que a saída de Edmundo González Urrutia da Venezuela tenha sido anunciada pelo regime de Nicolás Maduro, por meio de sua vice-presidente, Delcy Rodríguez, e só depois confirmada pelo governo espanhol. Trata-se de um exílio forçado, que interessa mais ao regime do que a prisão do opositor, decretada pela Justiça alinhada ao ditador. Encarcerar o ex-diplomata, de 75 anos, seria outro ônus desgastante para Maduro, embora ele reafirme, por meio de perseguições sistemáticas de opositores, que não fará concessões nem está preocupado com o descrédito internacional. A saída de González da Venezuela, em um avião da Força Aérea Espanhola, equivale à sua expulsão. Ao garantir salvos-condutos para ele fugir e obter asilo político na Espanha, o regime Maduro tenta pôr fim ao controverso processo eleitoral do dia 28 de julho, ao qual ele se proclama vencedor, sem apresentar uma ata de votação. O exílio foi, como definiu o procurador-geral Tarek William Saab, “o capítulo final de uma comédia pastelão”. Com o adversário fora do país, Maduro tem a expectativa de impelir definitivamente a sua vitória goela abaixo de seus detratores e iniciar o terceiro mandato sem mais delongas. A oposição publicou 83% dos boletins eleitorais, que apontam González como vencedor, com 67% dos votos, contra 30% obtidos por Maduro. O candidato opositor estava escondido há mais de um mês — no domingo soube-se que foi abrigado na Embaixada da Holanda em Caracas. Tudo indica que o exílio de González foi resultado de uma negociação com a Espanha, que se intensificou após o cerco da Embaixada argentina em Caracas, onde estão refugiados seis opositores, por homens encapuzados. A sede diplomática vinha sendo protegida pelo Brasil depois que seus funcionários foram expulsos da Venezuela. No sábado, além do cerco, a tensão aumentou quando o regime revogou unilateralmente a custódia do Brasil à embaixada e cortou a energia elétrica do prédio. Mas, após a saída de González do país, os milicianos deixaram o local e a luz voltou, segundo informou o site “Efecto Cocuyo”. Já em Madri, num áudio de 41 segundos, o opositor contou que a saída de Caracas foi cercada “de episódios de pressão, coerção e ameaças”. González é mais um, entre 100 mil venezuelanos, a somar-se ao refúgio político na Espanha. Com uma diferença: ele foi exilado por ter obtido a maioria dos votos nas eleições presidenciais de seu país. Após chegar à Espanha, Edmundo González divulga mensagem em áudio

Postagens relacionadas

‘El Patrón’: Grupo investigado por tráfico sorteava pacotes de drogas com embalagens personalizadas em datas comemorativas

Homem morre após se afogar na represa do Broa em Itirapina

Após vitória de Trump, movimento feminista radical ganha força nos EUA