São Paulo Lançada em maio passado, a cinebiografia de Amy Winehouse causou polêmica entre os fãs da cantora britânica. Para boa parte de seus admiradores, o longa exagerou nos clichês e não retratou fielmente a vida profissional da artista, focando excessivamente em sua dependência química. Ela morreu de overdose de álcool em 2011, aos 27 anos. Pianista na banda de Amy entre 2007 e 2009, o cantor e multi-instrumentista nigeriano Xantoné Blacq conviveu com ela logo no início de sua popularidade —o disco que dá nome ao filme foi lançado em 2006— e não vê exageros na produção, dirigida por Sam Taylor-Johnson, de “Cinquenta Tons de Cinza”. “O filme mostrou o que aconteceu. É a história dela. Nós temos nosso ponto de vista porque estamos fora”, defende Blacq, relembrando seus tempos de banda. Em conversa com o F5, o músico, que vai fazer dois shows no Brasil, conta suas primeiras impressões sobre Winehouse. Simples, gentil, talentosa e batalhadora. É assim que Xantoné a descreve ao lembrar de uma das viagens que fizeram juntos. “A gente estava na cozinha do ônibus da turnê e ela me perguntou: ‘Posso fazer uma xícara de café para você?’ Porque ela estava fazendo para ela. Eu não bebia café, mas conversamos um pouco. E então, ela ficou cantando para si mesma e eu me lembro de pensar: ‘ok, essa garota é real. Porque às vezes, tem gente que faz muito sucesso, mas, na verdade, não é super talentosa ou trabalha duro no que faz. Mas ela era realmente talentosa e passou anos trabalhando para fazer o que fez”, disse. As coisas foram mudando, no entanto. Entre apresentações importantes como a do Festival de Glastonbury, em 2007, e o Grammy, em 2008, o músico disse que o estilo de vida da turnê de Amy passou a não combinar com o seu. Ela já estava abusando das drogas e da bebida —e Xantoné não a julga, pelo contrário. “É muita pressão que acontece em uma banda, em uma situação de turnê. Há muitos tipos de egos e inseguranças. Temos que ficar no palco, às vezes, em frente a 50 mil pessoas…”, disse ele, defendendo a cantora, de personalidade naturalmente tímida. Xantoné lembrou também que, no início, Amy viajava de ônibus com o resto do grupo. Mas, em 2007, quando iniciou o relacionamento e casou-se com o produtor de vídeos Blake Fielder-Civil, passou a viajar com ele. Foi bem nessa época que a cantora virou dependente química e passou a beber mais, como o filme mostra —e o próprio Blake não nega. “Eu a arrastei para isto e sem mim ela nunca teria seguido este caminho. Eu arruinei algo bonito. Agora quero deixá-la para que ela consiga salvar sua vida. Não estou a abandonando. Estou fazendo isto por amor”, disse o produtor, em entrevista ao jornal inglês News of the world assim que se separou, em 2009. Xantoné já não fazia parte da banda de Amy quando ela tocou no Brasil, no mesmo ano de sua morte. Ele resolveu apostar num voo solo em 2009 e, desde então, já veio ao país algumas vezes. Colaborou com artistas brasileiros como Caio Satch, Dora Sanches, Lica Tito e Sabrina Malheiros. Atualmente, o músico produz o álbum “My Brazilian Soul: As Mulheres do Brazil”, com colaboração de Patricia Marx. Blacq se apresenta no Blue Note em São Paulo, em 5 de setembro, e no Rio de Janeiro, também no Blue Note, em 6 de setembro. Patricia Marx, Bruno E, Luciane Dom e Rodrigo Sha serão convidados nas apresentações.
Ex-pianista de Amy Winehouse, Xantoné Blacq diz que filme ‘Back to Black’ é realista
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