Com a inflação persistente e os altos preços dos imóveis, o país estima que 771.480 pessoas viviam em situação de rua em janeiro de 2024, um número 18% maior do que o identificado em 2023. Isso representa cerca de 23 a cada 10 mil pessoas no país, que abriga a maior economia do mundo. Os dados compõem uma análise anual levantada pelo Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUD, na sigla em inglês). O Brasil, por exemplo, registrou 308 mil pessoas em situação de rua em agosto de 2024, segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social. O relatório engloba pessoas que viviam em abrigos de emergência ou que estavam sujeitas a programas temporários de moradia para pessoas em situação de rua. Custos de moradia e fim de programas de renda Segundo a Coalizão Nacional de Habitação para Baixa Renda, o aumento acontece em meio a uma pressão generalizada pelos custos de moradia no país. O aluguel médio nos EUA em janeiro de 2024 era 20% mais alto do que no mesmo período de 2021. Além dos custos com moradia, o relatório do HUD destacou os “salários estagnados entre famílias de renda média e baixa, e os efeitos persistentes do racismo sistêmico” como outros fatores. Desastres naturais que desalojaram famílias e o aumento da imigração também foram elencados como fatores determinantes para o problema. Outro ponto crítico identificado pela pesquisa foi o fim dos programas de proteção de renda e proibição de despejo que haviam entrado em vigor durante a pandemia de Covid-19. “Embora esses dados sejam quase de um ano atrás e não reflitam mais a situação que estamos vendo, é crucial que nos concentremos em esforços baseados em evidências para prevenir e acabar com a falta de moradia”, disse a chefe da agência HUD, Adrianne Todman, em nota. Drone mostra casa destruída em Fort Myers, na Flórida, nesta quarta-feira (9), antes da chegada do furacão Milton. — Foto: Ricardo Arduengo/Reuters Crianças registram maior aumento percentual Quase 150.000 crianças e adolescentes de até 17 anos estavam em situação de rua no período analisado neste ano, um aumento de 33% em relação a 2023, informou o relatório. Este foi o maior aumento proporcional entre as pessoas sem moradia na comparação com 2023, o que também pressionou a taxa de famílias com crianças em situação de rua. “[A migração] teve um impacto particularmente alto na falta de moradia familiar”, diz o documento. O relatório também indica que pessoas negras continuam a ter participação desigual na fatia das pessoas sem moradia nos EUA. Enquanto esse grupo representa 12% da população dos Estados Unidos, elas constituem 32% das pessoas em situação de rua. Já latinos e hispânicos representam 30,6% das pessoas sem moradia nos EUA, o equivalente a 235 mil pessoas. Justiça decide que governo americano pode banir TikTok dos Estados Unidos Estados Os estados americanos da Califórnia e Nova York lideram a lista de cidadãos sem moradia em números absolutos, com 187 mil e 158 mil pessoas, respectivamente. A Califórnia é também o estado onde a maior parte deste grupo (66%) vive de fato nas ruas, sem amparo em abrigos.