Espécie rara é registrada em área urbana de Mongaguá, em SP

Espécie rara é registrada em área urbana de Mongaguá, em SP

No último dia de suas férias do trabalho, em 24 de julho, o biólogo e observador de aves Leonardo Casadei, que já tem o hábito de passarinhar na região onde mora, na Baixada Santista, em São Vicente, decidiu explorar a área rural de Mongaguá em busca de aves. No entanto, não foi uma expedição bem-sucedida. Quando estava voltando para a área urbana, por volta das 17h15 da tarde, horário que não costuma ser adequado para passarinhar, ele resolveu tentar mais uma vez. Num local onde a vegetação é praticamente escassa, Casadei estacionou o carro para observar. Mesmo dentro do veículo, ele conseguiu registrar um bando de bico-de-lacre que se alimentava de sementes de capins, quando de repente, avistou um pequeno passarinho amarelo entre o capinzal. “A princípio, por ser muito parecido, pensei imediatamente se tratar de uma fêmea de pia-cobra, porém quando o bichinho se aproximou um pouquinho mais da janela do carro consegui ver o detalhe do rosto e das asas e notei ser uma espécie diferente. Nessa hora bateu aquela tremedeira e emoção que a gente sente quando encontra uma espécie diferente do que estamos acostumados a observar diariamente”, revela. O biólogo conta que fez apenas duas fotos, até que o bicho alçasse voo. E, logo escureceu, então não deu para ver para onde o animal foi. Quando observou o registro com mais calma, teve a certeza: se tratava de um tricolino-oliváceo (Pseudocolopteryx acutipennis). A descoberta da espécie no local atraiu diversos observadores de aves. — Foto: Leonardo Casadei “Fiquei bastante extasiado no momento. Sabe aquela sensação que a gente não sabe se só fica admirando a ave, se bate a foto. Dá uma sensação de não saber o que fazer. A câmera chega a tremer na mão. Depois aquela alegria e o sorriso que não saí do rosto, voltando para a casa feliz da vida. Por isso que sempre digo que a observação de aves é sempre uma caixinha de surpresas. Observo aves há mais de 12 anos na região e a probabilidade de encontrar espécies diferentes ainda existe. Às vezes a gente pode desanimar de sair na nossa área e encontrar sempre os mesmos bichos, mas há sempre uma ação diferente, um momento inusitado, uma surpresa”. As informações sobre o tricolino-oliváceo são escassas. No Wikiaves, maior site de observação de aves, existe pouco mais de 300 registros da espécie e nem todos em território nacional. A ave é típica de campos sujos, campos cerrados e carrascais do Chaco paraguaio-boliviano. No sudeste do Brasil, geralmente é encontrado em áreas úmidas, sendo incomum em áreas urbanas, e por ser um animal com cerca de 10 centímetros, é difícil de avistar. “Estamos vivendo momentos totalmente adversos, mudanças climáticas, frio e calor totalmente fora de hora, estações do ano indefinidas. A ave deve ter achado aquele minúsculo espaço apropriado para ela, possivelmente com uma pequena vegetação semelhante ao seu ambiente de origem e resolver passar um período”. Ainda segundo Casadei, geralmente quando chega uma frente fria, aparecem animais diferentes na região que possivelmente interrompem a migração para descansar e se alimentar. Como biólogo, ele acredita que o desmatamento e a redução das áreas naturais estão forçando muitas espécies a se aproximarem de áreas urbanas. O tricolino-oliváceo, provavelmente, acabou nessa região devido à falta de opções em ambientes mais naturais e preservados. Nesse pequeno espaço, a ave encontrou alimento e condições favoráveis para se estabelecer temporariamente, aproveitando a oportunidade que o local oferecia. O tricolino-oliváceo mede cerca de 10 centímetros. — Foto: Leonardo Casadei “Os riscos existem e são muitos. No local há uma grande população de gatos, alguns abandonados e outros das residências em volta do local que ficam perambulando pela área o tempo todo, além do lixo jogado e das pessoas passando atravessando a linha do trem em direção a praia”, revela Casadei. O biólogo comenta que retornou ao local algumas vezes e seu registro atraiu muitos outros observadores de aves, que também tentaram registrar essa espécie rara. Quando chegaram lá, a surpresa foi ainda maior: existiam dois indivíduos no local. Assim como outros membros da família Tyrannidae, o tricolino-oliváceo se alimenta predominantemente de insetos e outros pequenos artrópodes. VÍDEOS: Destaques Terra da Gente Veja mais conteúdos sobre a natureza no Terra da Gente

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