Lar Cidades Entre planaltos e vales, Serra da Canastra abriga espécies raras e ameaçadas

Entre planaltos e vales, Serra da Canastra abriga espécies raras e ameaçadas

por admin
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A reportagem deste sábado (25) da série “EPTV nas Férias: Trilhas” viaja até a Serra da Canastra, um dos mais importantes parques nacionais do Brasil, para se aventurar em trilhas com muitas espécies de animais e plantas. Saiba mais sobre elas nesta reportagem do Terra da Gente. Criado em 1972, o Parque Nacional da Serra da Canastra tem como objetivo preservar as nascentes das bacias dos rios São Francisco, Araguari e Santo Antônio, além da população de pato-mergulhão – uma das aves mais raras mundo, e seus locais de forrageamento e nidificação. Pato-mergulhão (Mergus octosetaceus) — Foto: Tonn Viana Com quase 200 mil hectares de extensão, a unidade de conservação abrange parte dos municípios de São Roque de Minas, Capitólio, Vargem Bonita, São João Batista do Glória, Delfinópolis e Sacramento. Serra da Canastra abriga biodiversidade de 1,3 mil espécies — Foto: Tonn Viana Todo esse espaço abriga mais de 1.300 espécies de animais, catalogadas no plano de manejo do parque de 2023. Ao todo, isso inclui aproximadamente 405 aves, 52 peixes, 49 anfíbio, 67 répteis, 96 mamíferos e 646 invertebrados. Casal de gaviões-carcará na Serra da Canastra — Foto: Tonn Viana Quem anda pelas trilhas da região se depara com árvores vistosas como o jequitibá-rosa (Cariniana legalis) e o raro palmito-juçara (Euterpe edulis), assim como sente o aroma de espécies como a canela-sassafrás (Ocotea odorífera) e a canela-de-ema (Vellozia intermedia). Canela-de-ema (Vellozia intermedia) — Foto: Tonn Viana Adaptadas ao bioma, as plantas candeinha (Eremanthus seidelii) e capim-canastra (Canastra lanceolata) também enfeitam as paisagens de campos com gramíneas, arbustos tortuosos e árvores de casca grossa. Em áreas mais úmidas, aparecem veredas com buritis, enquanto nas regiões mais secas predominam campos rupestres e vegetação adaptada ao solo arenoso. Segundo o biólogo e guia turístico da região Tonn Viana, na Serra da Canastra é possível encontrar aves ameaçadas como o galito (Alectrurus tricolor), a águia-cinzenta (Urubitinga coronata), o papa-mosca-do-campo (Culicivora caudacutao), o andarilho (Geositta poeciloptera) e o tico-tico-de-máscara-negra (Coryphaspiza melanotis). Tico-tico-de-máscara-negra (Coryphaspiza melanotis) — Foto: Josh Vandermeulen / iNaturalist Pelo chão, a onça-parda (Puma concolor) e o gato-palheiro (Leopardus colocolo) encantam como felinos típicos da Canastra. O lobo-guará divide espaço com outros mamíferos como o veado-campeiro, o tamanduá-bandeira e o tatu-canastra (Priodontes maximus). Cheia de cores e sons, as trilhas do parque também ganham vida com espécies como a perereca-de-folhagem-com-perna-reticulada (Phyllomedusa ayeaye), a borboleta-parides (Parides burchellanus) e a jequitiranaboia (Fulgora laternaria). Jequitiranaboia (Fulgora laternaria) registrada em Cocalzinho de Goiás (GO) — Foto: Felipe Moreira / iNaturalist O biólogo Tonn Viana comenta que já conseguiu observar essas espécies na região, inclusive raridades como o inhambu-carapé (Taoniscus nanus). “Eu estava guiando um casal dos Estados Unidos e a gente ficou o dia inteiro no parque. Avistamos o pato-mergulhão e outras espécies que eles estavam querendo e o inhambu-carapé era a cereja, né? E a gente já tinha desistido, nós escutamos uma vocalização dele, mas não conseguíamos visualizar porque eles são muito ariscos, minúsculos e ficam no chão. A gente tava indo embora quando, do nada, ele voou na frente do carro e o pessoal ficou super feliz. Não teve como fazer registro fotográfico, mas deu para visualizar”, conta ele. Espécie endêmica do Cerrado e ameaçada de extinção, codorna-carapé é registra na Serra da Canastra — Foto: Vitor Tolentino Levar informação Insubstituível para a distribuição de água no Brasil, o Cerrado tem o solo mais alto, absorve a umidade e leva água para 8 das 12 bacias importantes para o consumo de água e geração de energia no país. A falta de chuva na região influencia na seca do Pantanal, no Rio São Francisco e até em Itaipu, hidrelétrica abastecida pela bacia do Rio Paraguai. Local possui uma das maiores populações de lobo-guará do Brasil — Foto: Tonn Viana “O pessoal acha que esse parque é um parque de diversões, mas não é, é uma área de conservação. Então eu mostro a importância das árvores, daquele Cerrado que está ali e toda sua fitofisionomia. E nele tem uma biodiversidade gigante que está criticamente ameaçada”, alerta o especialista. Especialista em biologia da conservação, Tonn coordena um projeto de pesquisa sobre o pato-mergulhão na Serra da Canastra. Para ajudar a preservar a espécie, a iniciativa conta com ações de educação ambiental nas escolas e cursos de ecoturismo voltados à comunidade local. “Eu fico muito feliz em levar essas informações para todos que estão ali, desde o turista até a comunidade”, diz. Sempre-viva registrada na Serra da Canastra, em Minas Gerais — Foto: Tonn Viana Vídeos: Destaques do Terra da Gente

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