Entenda relação entre presença de aguapés no Rio Piracicaba e risco de mortandade de peixes

Entenda relação entre presença de aguapés no Rio Piracicaba e risco de mortandade de peixes

🏞️A vista do Elevador Turístico deixa evidente as manchas verdes em cima da água. De acordo com o Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (Daee), o nível do Rio Piracicaba estava em 0.93 metro às 7h desta quinta-feira (10). 📉A marca é quase 40% abaixo da profundidade média estimada para outubro, que é de 1,5 m. A vazão do manancial também era 77% menor que a esperada para essa época do ano. O cenário reflete os números da Sala de Situação das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), a partir de dados online do Sistema de Alertas a Inundações de São Paulo (Saisp). Aguapés no Rio Piracicaba — Foto: Claudia Assencio/g1 🥛Análise da água Uma análise do campus da Universidade de São Paulo (USP) de Piracicaba, aponta que o índice de poluição da água no Rio está cerca de quatro vezes acima do ideal. O professor e pesquisador em Ecologia Aplicada, Plínio Barbosa de Camargo, responsável pela Divisão e Funcionamento de Ecossistemas do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), explica que o índice de sais dissolvidos, que demonstra o nível de poluição, está bastante elevado, em torno dos 800. “São valores muito altos e característicos deste período seco. É como se estivéssemos jogando fertilizantes dentro da água. A título de comparação, em momentos quando o Rio Piracicaba está mais cheio, o índice de sais cai para 200. A planta aquática cresce exatamente pelo rebaixamento do rio. Então, como o aguapé fica exposto à luz e à agua que passa por essas plantas, com muito nutrientes, essa vegetação deve continuar a crescer até o nível subir de novo”, comenta. Aguapés no Rio Piracicaba — Foto: Edijan Del Santo/EPTV Oxigenação em nível crítico Ainda de acordo com Plínio Camargo, as coletas analisadas pelo laboratório da USP em Piracicaba demonstraram que o nível de oxigenação da água no Rio Piracicaba está bastante crítico. “A medida de oxigênio feita deu em torno de 3,5. Um nível crítico. O ideal seria sempre acima de cinco. Alguma descarga de matéria orgânica, seja por revolvimento ou por descarte, pode fazer o índice de oxigenação baixar repentinamente e gerar a próximo de zero, causando mortandade de peixes”, alertou. Presença de aguapés no Rio Piracicaba preocupa especialista. — Foto: Edijan Del Santo/EPTV Mortandade O dano ambiental gerou uma multa de R$ 18 milhões à Usina São José, de Rio das Pedras (SP), apontada pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) como a origem da poluição que gerou as mortes dos animais. O Ministério Público e Polícia Civil também investigam o caso e a empresa diz que não foi comprovada a responsabilidade dela. Rio Piracicaba tem vazão 58% menor que volume médio esperado para o mês de setembro; produtor da EPTV caminha no salto do manancial; veja imagens. — Foto: Edijan Del Santo/EPTV Estiagem Piracicaba (SP) registrou queda de 56,2% de chuvas até o momento em 2024, quando comparado com os nove primeiros meses de 2023. Os dados foram divulgados em setembro pela Defesa Civil do município, a pedido do g1, e são baseados nas coletas realizadas no pluviômetro utilizado pelo órgão, localizado no bairro Paulista. Setembro seco O volume de água registrado no Rio Piracicaba ficou abaixo da média esperada para setembro. Na última semana do mês, no dia 23, a vazão do manancial era de 23,23 mil litros de água por segundo (m3/s). A marca é cerca de 58% menor do que a média observada nesta época do ano, de aproximadamente 55,3 (m3/s). Produtor da EPTV caminha pelo salto do Rio Piracicaba no dia 20 de setembro, quando a vazão do manancial ficou 72% abaixo do esperado para setembro. — Foto: Edijan Del Santo/EPTV A Defesa Civil explica que, apesar da chuva não ter refletido em melhora significativa para aumentar o volume do manancial, a precipitação foi importante para aumento dos índices de qualidade do ar. A chuva não aliviou muito quanto a estiagem e o nível do rio, mas ajudou a melhorar a qualidade do ar. Que estava bem ruim por conta dos incêndios. Precisamos de mais chuva em maior volume”, observa a representante da Defesa Civil de Piracicaba, Graziela Steagall. Caminhada no salto do Rio Piracicaba Na última sexta-feira (20), a vazão do Rio Piracicaba estava 72% menor do que a média estimada para setembro. Com o baixo volume, o salto do manancial apresentava um paredão de pedras por onde era possível caminhar, como mostrou o produtor da EPTV, afiliada da Globo para Piracicaba e região, Edijan Del Santo. – Veja nas imagens. Rio Piracicaba tem vazão 58% menor que volume médio esperado para o mês de setembro; produtor da EPTV caminha no salto do manancial; veja imagens. — Foto: Edijan Del Santo/EPTV Os boletins diários da Sala de Situação PCJ têm por finalidade compilar informações das Bacias PCJ tais como: chuva acumulada em 24 horas; total de chuva acumulada no mês corrente e nos anteriores; vazões e níveis dos rios monitorados pela telemetria do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e previsão de chuva para os próximos 5 dias. La Niña A representante da Defesa Civil de Piracicaba, Graziela Steagall, destacou que o mês de setembro foi de atenção. “Os centros meteorológicos mundiais indicam que haverá uma rápida transição do fenômeno El Niño para o La Niña entre julho e setembro deste ano”, alerta. Com estiagem mais severa, Rio Piracicaba tem baixa vazão e pedras aparentes. — Foto: Claudia Assencio/g1 🌎Mas, o que é o La Niña? – O La Niña é o resfriamento das camadas mais superficiais do oceano Pacífico e esse fenômeno pode ter mais de um ano de duração e ocorrer em intervalos de tempo que variam de dois a sete anos, explica a representante da Defesa Civil. “Então, as projeções dos centros especialistas de meteorologia indicam que o mês de setembro continuará a ter clima seco, diferente de outros anos, quando as chuvas geralmente ocorrem no início da Primavera”, explicou. Vazão do Rio Piracicaba fica quase 62% menor do que a média esperada para setembro nesta terça-feira. — Foto: Claudia Assencio/g1 Volume de chuvas abaixo do esperado Dados captados pela Defesa Civil na cidade indicaram que o volume de chuvas neste ano foi abaixo do esperado. Neste ano, segundo Graziela, o regime de chuvas foi drasticamente menor quando comparado ao ano de 2023. Para se ter noção, nos três primeiros meses de 2023 registramos 880,4 milímetros cúbicos(mm3) de chuva, e para os mesmos meses de 2024, foram de apenas 329,5 mm³. “Diante disso, o nível de água disponível nos rios e mananciais está muito baixo, e não há perspectivas de chuvas até pelo menos o início de outubro pelo que acompanhamos pelos centros de estudo”, disse. Rio Corumbataí, que abastece Piracicaba, tem baixa vazão e pedras aparentes em setembro. — Foto: Edijan Del Santo/EPTV 🔥Risco de incêndio – A especialista explica que, por isso, o risco de incêndio é elevado devido à influência da estiagem, porque a vegetação está sofrendo de estresse hídrico. Dessa forma, se não houver uso consciente da água e também se continuarem a atear fogo em mato seco, haverá o agravamento de uma situação já crítica”, completou. A Prefeitura, por meio da Defesa Civil, em conjunto com demais órgãos da cidade, como o Corpo de Bombeiros, também atua no monitoramento e alerta urgente para evitar ocorrências com fogo em áreas verdes de Piracicaba. Vazão do Rio Corumbataí inicia setembro com volume abaixo da média esperada em Piracicaba — Foto: Edijan Del Santo/EPTV VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região

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