Segundo dados levantados pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) a pedido do g1, de janeiro a março de 2023, foram 513 atendimentos ambulatoriais e hospitalares a pacientes com a doença nas cidades que compõem o Departamento Regional de Saúde (DRS) de Piracicaba. Já no mesmo período deste ano foram 844. Em 85% dos casos diagnosticados da doença, o principal fator é o cigarro, de acordo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Nesta sexta-feira (31), Dia Mundial Sem Tabaco, o g1 mostra os principais malefícios do cigarro, perfis de risco e como procurar atendimento: Tabagismo é relacionado a uma série de doenças — Foto: Reprodução/TV Globo Quais são os riscos do tabagismo? 🚬 Considerada a terceira maior causa de morte evitável em todo o planeta, o tabagismo passivo apresenta inúmeros riscos que vão desde irritação nos olhos, tosse, aumento das manifestações alérgicas, cefaléia, até doenças respiratórias. “A exposição aos componentes tóxicos e cancerígenos presentes na queima do tabaco contribui para processos inflamatórios pulmonares e sistêmicos, além do aumento do risco de doenças cardiovasculares e respiratórias para quem está em volta”, explica Sandra Silva Marques, coordenadora do Programa Estadual do Controle do Tabagismo da SES. Segundo ela, a nicotina presente no cigarro está relacionada ao desenvolvimento e agravamento de transtornos mentais, como depressão e ansiedade. Entre os pacientes tabagistas que procuram o programa estadual de controle do tabagismo, 39,13% apresentam transtornos depressivos e 49,52% têm transtornos de ansiedade. Impacto do tabagismo nos pulmões — Foto: Arte/g1 Bebês e crianças são ainda mais vulneráveis ao tabagismo passivo, visto que o desenvolvimento incompleto do aparelho respiratório, o volume dos compostos tóxicos inalados e o peso da criança trazem maior risco. “Estudos relatam que, em bebês, há cinco vezes mais chances de morte súbita sem causa aparente e, para crianças, há o risco aumentado de resfriados, pneumonia, bronquite e asma”, explica a coordenadora. Em levantamento do Programa de Controle de Tabagismo, a SES apontou que dentre os 57.730 participantes do serviço, entre os anos de 2022 e 2023, 26,58% haviam desenvolvido asma. Já 20,59%, desenvolveram Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC); 17,58%, bronquite crônica; 10,61%, infecções respiratórias; e 3,14%, tuberculose. Existem outros tipos de câncer ligados ao tabagismo? 🩺 Sim. Um deles é o câncer de boca, que de janeiro a março de 2023 teve 507 atendimentos a pacientes no DRS de Piracicaba, enquanto em 2024 já são 592, uma alta de 16,8%. De acordo com levantamento realizado pelo Centro de Diagnóstico e Tratamento de Lesões Bucais (Orocentro) da Faculdade de Odontologia (FOP), vinculado à Unicamp, os casos de câncer bucal atingem predominantemente pessoas do sexo masculino, com idade média de 65 anos, de raça branca, que fazem uso de tabaco e álcool (ou fizeram por um longo período de tempo). Especialistas também associam o consumo do cigarro aos cânceres de lábio, faringe e esôfago. Jovem segura cigarro eletrônico — Foto: Reprodução/TV Globo Cigarro eletrônico também é prejudicial? 🚭 O cigarro eletrônico também apresenta nicotina na composição e a sua comercialização, importação e publicidade são proibidas no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Dados da Pesquisa Nacional da Saúde (PNS) de 2019 mostraram que aproximadamente 1 milhão de pessoas no país faziam uso do dispositivo, sendo que 70% tinham idade entre 15 e 24 anos. “Um mito que vem sendo disseminado fortemente acerca da utilização desse produto é de que o aparelho seria menos prejudicial que o cigarro tradicional, entretanto, evidências coletadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) comprovam riscos tão grandes quanto. Dentre eles, a forte dependência, emissões tóxicas similares aos cigarros convencionais e maior probabilidade do desenvolvimento de doenças pulmonares, cardiovasculares e câncer”, alerta a Secretaria de Estado de Saúde. Programa que ajuda a parar de fumar em Nova Odessa — Foto: Divulgação/ Prefeitura de Nova Odessa Como buscar atendimento? 🏥 O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito na Atenção Primária e em Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas Adultos (Caps AD) para quem deseja parar de fumar. Para ter acesso, é necessário levar um documento com identidade a uma UBS e se inscrever no Programa Cessação de Tabagismo. O atendimento inclui desde avaliação clínica com os profissionais de saúde até terapia medicamentosa, quando necessário. Nos encontros semanais, são avaliados pontos como: O que leva o usuário a fumar; O nível de dependência da nicotina; A eventual existência de comorbidades. O paciente também é conscientizado sobre os riscos do consumo do cigarro, os benefícios ao parar com o hábito e como prevenir recaídas. O programa é promovido pelo Ministério da Saúde e pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), e coordenado pela SES. Na rede municipal de saúde, o atendimento é feito regularmente e está preparado para realizar o acolhimento e o acompanhamento da cessação do tabagismo. A lista de unidades credenciadas está disponível neste link. A Secretaria de Estado de Saúde também informou que, em janeiro, instituiu a Política Estadual de Controle do Tabaco, com o objetivo de fortalecer as ações de prevenção e tratamento do tabagismo ou nicotinismo no estado. VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região