Piracicaba (SP) registrou no primeiro semestre de 2024 a menor taxa de natalidade dos últimos seis anos, com 2.394 nascimentos. O número foi menor que o registrado no primeiro semestre de 2021, durante a pandemia da Covid-19. A tendência de queda está ligada a fatores como mudança cultural de casais, vida profissional e financeira e acesso à informação, segundo especialista. Os dados são fornecidos pela Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-SP). Diretora da Arpen SP, Moneta Serra explicou sobre a queda na taxa de registros de nascimentos, os motivos pelos quais isso tem ocorrido e se isso deve se manter nos próximos anos. Veja a seguir: Mudança cultural No topo da lista de fatores que contribuem para que as pessoas estejam tendo menos filhos, Moneta cita a mudança de cultura dos casais. Ela explica que, durante a pandemia, muitos resolveram não ter filhos devido à incerteza do momento. Segundo ela, os que ainda mantiveram os planos de aumentar a família, se planejaram para ter filhos logo após a melhora do quadro da Covid-19, o que explica o crescimento nos números em 2022 e 2023. A mudança, de acordo com Moneta, é que os casais tem optado cada vez menos por ter filhos. Ou então, se planejam para ter filhos mais para frente e acabam não conseguindo. “Quando as pessoas tentam ter filhos em idades mais avançadas, muitas vezes elas não conseguem levar pra frente a gestação e ter o filho”, explica a diretora. Pessoas têm priorizado desenvolvimento profissional e segurança financeira ao invés de ter filhos — Foto: Shutterstock Vida profissional e financeira Outro ponto relevante na mudança de pensamento, não só dos casais, mas das pessoas em geral, é a prioridade de se desenvolver profissionalmente e ter segurança financeira antes de pensar sobre ter filhos, de acordo com a diretora da Arpen. Ela pontua também a questão das despesas necessárias para a criação de crianças como um dos grandes motivos pelos quais as pessoas tem deixado de ter o desejo de ter filhos, já que o custo acaba sendo alto para muitos. Além da parte financeira, profissional e da segurança de vida, Moneta explica que as pessoas têm optado, por outros motivos, não aumentar a família. “Ou, por outro lado, muitas pessoas que têm priorizado a liberdade e projetos individuais ao invés de ter uma família composta por filhos”. Acesso à informação A mudança cultural dos casais em relação aos filhos contribui para a queda, mas os avanços sociais em relação ao acesso à informação, planejamento de natalidade e perspectivas profissionais também têm grande impacto na tendência, diz Moneta. Ela também deixa claro que o quadro registrado em Piracicaba, com queda na taxa de nascimentos ano a ano, é um reflexo de uma tendência em todo o país. O quadro nacional registra uma queda consecutiva de 2019 a 2023, sem crescimento em nenhum dos anos. A diretora explica que há uma tendência de queda contínua. *Sob supervisão de Rodrigo Pereira e Caroline Giantomaso VÍDEOS: Tudo sobre Piracicaba e região