Lar Cidades Embalagens de salgadinho, de biscoito e sacola: por que nem todo plástico é reciclável e o que tem sido feito para reduzir impactos

Embalagens de salgadinho, de biscoito e sacola: por que nem todo plástico é reciclável e o que tem sido feito para reduzir impactos

por admin
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Exemplos corriqueiros, como o pacote de um salgadinho ou o envelope que guarda um sachê de chá, estão entre os vilões. A explicação para isso está na baixa qualidade desses materiais, o que os torna desinteressantes para o reaproveitamento e, consequentemente, gera impactos importantes para o meio ambiente. No entanto, especialistas ouvidos pelo g1 Campinas pontuam que há alternativas, desde a diminuição do consumo, até novas tecnologias que buscam viabilizar a reutilização. Além disso, alertam que a separação do lixo e o trabalho das cooperativas de reciclagem continuam sendo essenciais para a destinação correta. Nessa reportagem você vai entender: Por que alguns plásticos não são recicláveisQuais plásticos tem menos reciclabilidadeNovas soluções na indústriaPor que reduzir o consumo ainda é a melhor opção Por que alguns plásticos não são recicláveis? A professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em gestão de resíduos sólidos Ana Paula Bortoleto diz que a resposta está no potencial reaproveitável de determinados tipos de plástico. Um problema que atinge, principalmente, os mais finos – pode haver exceções. “Algumas embalagens de óleo, vasilhame para líquidos, garrafa de água, mesmo que não sejam propriamente PET, são recicláveis. Isso inclui todos aqueles que têm uma densidade maior, que você aperta e tem uma certa dureza. O resto, o plástico fino e sem muita estrutura, não é reciclável”, detalha Bortoleto. “[Eles são] de baixíssima qualidade já, né? E quando você tenta reciclar esse plástico, ele acaba perdendo tanta qualidade que não tem matéria-prima secundária. Não tem mais uso, né? É, não vai gerar uma matéria-prima secundária que tenha uma qualidade para ser colocada no processo industrial novamente”. Diferentemente do que ocorre com o PET, que pode ser granulado e virar matéria-prima secundária para outros produtos, os plásticos finos se perdem pela pouca estrutura e ficam inutilizados. Um dos motivos disso é a composição repleta de misturas e que leva utiliza diferentes tipos de polímeros – moléculas que o integram. Atenção: mesmo que não tenham a mesma reciclabilidade de uma garrafa PET, esses materiais não devem ser colocados no lixo orgânico. Segundo a especialista, eles ainda precisam ser descartados com outros tipos de plásticos, pois caberá à cooperativa de reciclagem – ou quem fizer a separação – definir qual fim será dado. ♻️ Isso significa que o trabalho dos recicladores continua sendo essencial para minimizar o impacto desses materiais no meio ambiente. Índice de reciclagem diária em Campinas é de 6,9%; média nacional chega a 2% Quais são esses plásticos com menor chance de reaproveitamento? Entre os exemplos citados pela especialista estão: sacolas plásticas (mesmo as biodegradáveis, pois geram microplásticos poluentes)embalagem de salgadinho e biscoito (com interior metalizado)embalagens de chásplásticos transparentes e finos que costumam envolver alimentos secos, como biscoitos, doces, caixas de bombom, entre outrosalguns copos, pratos e talheres recicláveiscelofane O que tem sido feito para contornar isso? Embora ainda seja um desafio, a indústria vem tentando criar alternativas para contornar o problema e viabilizar a reciclagem desses materiais. Um exemplo foi criado pelas cientistas e pós-doutoras em química Carla Fonseca e Silmara Neves, fundadoras de uma empresa em Valinhos (SP). Elas desenvolveram aditivos que transformam plásticos complexos em material reciclável, como explica Silmara. “Permite que materiais diferentes que compõem essas embalagens tenham uma mistura e gerem resina de boa qualidade. Com essas boas propriedades, pode voltar a ser embalagem”. Por regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), essa resina não pode voltar a embalar alimentos, como um pacote de arroz, por exemplo. No entanto, pode ser usada para produzir a embalagem do fardo que vai carregar esses pacotes. “Tem sacaria para produto químico, sacaria para outros tipos de produtos. Então, essa resina reciclada com o aditivo que a Envisa desenvolveu, ela encontra circularidade. Ela pode voltar a ser embalagem, ela pode ser aplicada na produção de produtos que não sejam de baixa qualidade”. De acordo com Silmara, a cada 30 quilos do aditivo é possível recuperar uma tonelada de resíduos de embalagens plásticas, impedindo que sejam destinadas para aterros sanitários. Além disso, a aplicação desse produto pode ser feita pelas próprias recicladoras ou pelo fabricante das embalagens. “Nós estamos em grupos de trabalho para entender como é que nós vamos atuar junto às cooperativas, como é que nós vamos comunicar catadores, cooperados, recicladores, essa tecnologia embarcada que já torna viável a reciclagem da embalagem, São algumas frentes que nós estamos nos dedicando agora pra poder avançar e, de fato, gerar o impacto socioambiental positivo”. A expectativa é que esse material ajude a dar um novo destino, principalmente, para embalagens de alimentos gordurosos, que sempre são descartados como rejeitos. Por que reduzir o consumo ainda é a melhor opção? Apesar de qualquer alternativa, as especialistas concordam que reduzir o consumo de plástico e continuar separando os materiais continua sendo a melhor opção. “A gente tem que pensar: se eu tenho ciência de que se aquela embalagem não é reciclada, se não tem viabilidade financeira, que as pessoas não reciclam aquela embalagem, eu devo consumi-la?”, indaga a professora da Unicamp. “Então, eu não vou comprar um pacote de bolacha que está embalado em plástico. Eu vou comprar um pacote de bolacha que está embalado em papel. Porque aquela embalagem de papel, sim, ela é reciclada. Eu não vou comprar um chá que está embalado individualmente em um monte de saquinhos plásticos. Eu vou dar prioridade para aquele que vem o saquinho já dentro da embalagem de papel “A questão aqui não é desacreditar na reciclagem, mas usar da prevenção. Porque o que vai acontecer? A indústria só vai mudar o sistema de embalagens quando tiver uma demanda da população”, diz Ana. Em resumo, da parte do consumidor, cabe: Reduzir o consumo de embalagens plásticas, optando por produtos embalados em papel, papelão, vidro ou alumínio, por exemplo;Continuar separando o plástico do lixo orgânico, mesmo os citados nessa reportagem, pois caberá à recicladora dar o destino correto. VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região

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