Em uma reviravolta, a coalizão de partidos de esquerda foi a mais votada nas eleições legislativas na França. O que impediu mais uma vez que a extrema-direita chegasse ao poder. Mas sem nenhum campo político conquistando maioria absoluta nas urnas, agora o país mergulha em um período de incerteza, até que negociações definam o novo primeiro-ministro. A esquerda francesa não escondeu a surpresa e a felicidade com o resultado das urnas, que também levou a protestos em paris e diversas cidades. Ninguém esperava que a nova frente popular ficaria em primeiro lugar. Muito menos que o Reunião Nacional, de extrema direita, ficaria em terceiro, depois de ter sido o mais votado no primeiro turno. O resultado foi fruto de uma estratégia dos campos mais progressistas. Centenas de candidatos de centro e de esquerda, qualificados para o segundo turno, abriram mão da disputa para concentrar votos. A Assembleia Nacional Francesa tem 577 assentos. O Reunião Nacional e aliados elegeram 142 parlamentares. O melhor resultado da história do movimento, mas que garantiu a eles o terceiro lugar. Em segundo, ficou o grupo do partido Renascentista, de centro, do presidente Emanuel Macron, com 150 cadeiras. E em primeiro, a Nova Frente Popular, que reúne diversos partidos da esquerda. Juntos, eles conquistaram 178 assentos. Nenhum grupo, porém, obteve maioria para indicar um primeiro-ministro. Agora, a esquerda, da mais moderada à mais radical, vai precisar negociar entre si. E com os centristas. Diante do impasse, o presidente Emanuel Macron pediu ao atual primeiro-ministro, Gabriel Attal, que permaneça no cargo até que um substituto seja indicado. Attal havia renunciado pela manhã. O resultado representou um revés para a líder de extrema direita Marine Le Pen que não poderá indicar Jordan Bardella como primeiro-ministro. Bardella acusou o presidente Macron de lançar a França nos braços da extrema esquerda. Mas classificou o resultado como a base sobre a qual irão construir futuras vitórias. Hoje, Bardella foi apontado como líder da extrema-direita no parlamento europeu. Na política internacional, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, em uma postagem, disse que essa semana, o Reino Unido e a França disseram sim ao progresso e ao avanço social e não ao retrocesso nos direitos e liberdades. Não há acordo ou governo com a extrema direita. O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, escreveu: entusiasmo em Paris, decepção em Moscou, alívio em Kiev. O suficiente para ser feliz em Varsóvia. E o chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que estava “aliviado” com os resultados, que espera negociações construtivas para a formação de um governo, no espírito de uma União Europeia forte. Também pela internet, o presidente Lula se disse muito feliz com a demonstração de grandeza e maturidade das forças políticas da França, que se uniram contra o extremismo nas eleições legislativas. Esse resultado, assim como a vitória do Partido Trabalhista no Reino Unido, reforça a importância do diálogo entre os segmentos progressistas em defesa da democracia e da justiça social. Devem servir de inspiração para a América do Sul, disse ele. * Com informações da Agência Reuters
Em reviravolta, esquerda consegue ficar em primeiro na França
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