Boa Esperança do Sul e Santa Lúcia estão entre os 214 municípios brasileiros que terão candidatura única à prefeitura nas eleições municipais, segundo levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Os dois municípios têm menos de 10 mil eleitores e perderam eleitores desde a última eleição municipal, em 2020. Boa Esperança do Sul tem 12.978 habitantes, segundo Censo 2022, dos quais 9.846 estão aptos a votar. Um eleitorado 4,3% menor do que em 2020, quando haviam 10.287 eleitores. Eles poderão votar, mas não irão decidir muita coisa em relação à prefeitura, já que o candidato do MDB, Manoel do Vitórinho está praticamente eleito (veja porque mais abaixo). Em Santa Lúcia, o cenário é o mesmo. As eleições terão quase 400 eleitores a menos. De de 6.885, em 2020, são, agora, 6.488, o que corresponde a uma diminuição de 5,8%. E os eleitores têm apenas Junior da Farmácia (PT) como opção de voto. Candidaturas únicas aumentaram De acordo com a CNM, o número de candidaturas únicas na disputa municipal em 2024 é o maior registrado desde 2000, quando a instituição deu início aos estudos sobre as eleições. Ainda segundo a entidade, em 2020, quando ocorreram as últimas eleições municipais, foram 107 candidaturas únicas. Pela legislação eleitoral, em situações assim, basta um voto válido para que o candidato seja eleito – ainda que todos os outros sejam brancos ou nulos. Sendo assim, quando há apenas um candidato ao posto, ele pode ser eleito apenas com seu próprio voto. Mas, caso isso não aconteça, caso o candidato não tenha nenhum voto – nem o seu mesmo – uma nova eleição deve ser marcada. Candidaturas únicas desafiam a representatividade Para o cientista social Vinício Carrilho Martinez candidaturas únicas são um desafio para a democracia porque permitem – mesmo que não seja da melhor forma – que a população expresse sua vontade, mas sem diversidade de escolha. “Vamos pensar que sem a possibilidade de candidatura única o resultado seria muito pior, do ponto de vista da democracia representativa. A candidatura única permite a expressão do eleitorado nas eleições municipais e que, sem nenhuma candidatura, a expressão popular eleitoral, por meio do voto, seria igualmente nula. Com candidatura única, a urna eletrônica trará três opções: voto no candidato/a, voto nulo, voto em branco. Desse modo, neste caso que está longe do ideal democrático, os eleitores podem manifestar suas declarações eleitorais.” Martinez analisa que candidaturas únicas traz também prejuízos para o município. “O fenômeno da candidatura única nos indica a pouca ou questionável “saúde política” desses municípios. Os impactos são variados, em todas as áreas. Pode-se dizer que com baixíssima representatividade política, o município andará no final da fila daqueles que buscam compensação financeira em seus governos estaduais. Sem contar que o eleitorado seguirá ainda mais descrente na solução democrática da vida pública – começando pelo seu município. O que, por si, é péssimo”, afirmou o cientista social . Veja os vídeos a EPTV Central
Eleições 2024: Boa Esperança do Sul e Santa Lúcia têm apenas um candidato na eleição para prefeito
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