“Foi identificado um sistema de delivery de drogas, em que, mediante aplicativo, os indivíduos recebiam um cardápio das drogas e realizavam os pagamentos via Pix. […] Esse grupo de WhatsApp é bastante ativo com promoção de dia dos pais, de Páscoa, sorteando pacotes com drogas”, explicou o delegado regional de Poços de Caldas, Cleyson Brene. Droga era armazenada em embalagens estilizadas de marcas famosas — Foto: Polícia Civil de Minas Gerais Durante as investigações, iniciadas há cerca de um ano e meio, foram descobertos materiais de divulgação de ofertas especiais que a organização distribuía em grupos. Assim como ocorre no comércio convencional, o grupo usava um “catálogo” digital contendo a lista de drogas disponíveis. Segundo a Polícia Civil, esse modelo de venda de entorpecentes cresceu durante a pandemia. “Além das drogas mais comuns, como cocaína, crack, maconha, que foram apreendidas, nós também localizamos haxixe preto, haxixe branco, cristais e uma novidade, que é o THC, que é o princípio ativo da maconha, em ampolas”, afirmou o delegado. A operação resultou na prisão de 27 pessoas. O líder do grupo, que é de Poços de Caldas, foi preso em um condomínio de luxo em Mogi Guaçu (SP). A polícia identificou que ele recebia os lucros finais após a lavagem do dinheiro do tráfico. O acusado já havia sido investigado na Operação Kaballah, em 2019. Polícia Civil prende 27 pessoas e apreende diferentes drogas durante operação El Patrón — Foto: Polícia Civil de Minas Gerais Ainda conforme a Polícia Civil, as prisões ocorridas nesta quarta-feira estão relacionadas a várias funções da organização criminosa. “Nós prendemos diversas funções, desde os laranjas que emprestavam os nomes para que esse dinheiro pudesse ser lavado pelos principais integrantes dessa organização criminosa, mas também dos motoboys, dos indivíduos responsáveis pela manutenção das rotas do tráfico de drogas, pelo abastecimento desses veículos utilizados e de todos os envolvidos na lavagem de dinheiro”, explicou. Documentos e comprovantes bancários encontrados durante as buscas estão sendo investigados para identificar mais vínculos. A Polícia Civil informou que as oitivas dos investigados serão feitas a partir da próxima semana. Operação El Patrón A operação recebeu o nome de El Patrón com base no perfil utilizado pelo grupo criminoso nas redes sociais, que modificava frequentemente os dados de contato para dificultar a identificação. Na quarta-feira (3), a ação cumpriu 72 mandados de busca e apreensão e prendeu 27 pessoas. Entre os presos, 24 foram capturados em Poços de Caldas e os outros três foram encontrados em Mogi Guaçu (SP), Osasco (SP) e São José do Rio Pardo (SP). Dentre todos os detidos, 21 deles foram em flagrante por envolvimento no tráfico de drogas. Foram apreendidos oito veículos, sendo uma motociclista, além de R$ 27 mil em espécie. Uma estrutura de estufa para cultivo de maconha também foi apreendida durante as buscas em Poços de Caldas. Laboratório de drogas foi apreendido durante a Operação El Patrón em Poços de Caldas — Foto: Polícia Civil de Minas Gerais Ao todo, 204 policiais e 50 viaturas foram mobilizados, com apoio do 6º e do 17º Departamento da PCMG, incluindo a colaboração da Core, da Coordenação Aerotática (CAT) e da Coordenação de Operações com Cães (COC), além da Polícia Civil do Estado de São Paulo (PCESP). Embalagens personalizadas O esquema que levou à prisão de 27 pessoas chamou a atenção da Polícia Civil pela embalagem usada para vender as drogas. Os pacotes imitavam marcas famosas de forma personalizada para cada tipo de entorpecente. Uma estufa de maconha foi encontrada durante a ação policial em Poços de Caldas. Segundo o delegado regional de Poços de Caldas, Cleyson Brene, as drogas eram acondicionadas em pacotes com símbolos que remetiam a marcas conhecidas, porém, incorporando imagens específicas. “É uma embalagem estilizada, muitas vezes utilizada, o nome de uma marca famosa, mas com a indicação da droga utilizada, por exemplo, uma folha de maconha”, detalhou. Lavagem de dinheiro Com o avanço das investigações, a polícia identificou um elaborado esquema de lavagem de dinheiro, com transações bancárias suspeitas que somaram mais de R$ 2 milhões em seis meses. Em um dos casos, uma conta movimentou cerca de 500 mil reais em um único mês, um valor desproporcional à renda declarada do titular. “Uma vez identificados esse movimento de mais de R$ 2 milhões, nós também conseguimos identificar a participação de uma série de envolvidos em condutas típicas de lavagem de dinheiro”, informou Brene. Oito veículos foram apreendidos durante a Operação El Patrón — Foto: Júlia Reis/g1