Pela encarnação, Deus faz parte da humanidade na sua integridade. Nós somos chamados a viver o espírito natalino, que aponta para a paz e o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá – PA. Deus se tornou carne (cf. Jo 1,14), gente igual a nós em tudo menos o pecado (cf. Hb 4,15). Esta é a grande noticia do Natal para o ser humano, necessitado da graça da redenção. Pela encarnação, Deus faz parte da humanidade na sua integridade. Nós somos chamados a viver o espírito natalino, que aponta para a paz e o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo. O mundo necessita de paz: Jesus é o Príncipe da Paz (cf. Is 9,6). Vejamos estes dados nos santos padres, os primeiros escritores cristãos que elaboraram uma doutrina sobre a encarnação do Verbo, a entrada de Deus na história humana para reconciliá-la com Deus Pai. Os últimos tempos Santo Ireneu de Lião, bispo no século II afirmou que Deus por quem criou todas as coisas pelo seu Verbo, Senhor Jesus Cristo, nos últimos tempos se fez ser humano entre as pessoas, para unir o fim ao princípio, isto é, o ser humano a Deus. Os profetas receberam da mesma Palavra o carisma profético, anunciaram a vinda do Salvador segundo a carne, realizando-se desta forma a união de Deus e do ser humano, conforme a vontade do Pai[1]. Os seres humanos viram a Deus Segundo Santo Ireneu havia na vinda do Salvador na terra, a idéia de que Deus seria visto pelos seres humanos, o Verbo de Deus conversaria com os homens e com as mulheres. Ele viveria e conversaria com as pessoas na terra, estaria presente à sua criação, para salvá-la, ser percebida por ela, livrando-a do pecado, fazendo-a servi-la na santidade e na justiça todos os dias (cfr. Lc 1,71,74-75) para que, unido ao Espírito de Deus, o ser humano tenha acesso à glória do Pai[2]. O significado da encanação do Verbo de Deus Santo Agostinho, bispo de Hipona, séculos IV e V aprofundou o significado da encarnação do Verbo divino, dizendo que a carne, próprio para não perecer, se uniu ao Verbo em modo que como o ser humano consiste de alma e de carne, assim Cristo Jesus fosse Deus e homem. Ele uniu em si mesmo, na única Pessoa do Verbo a humanidade e a divindade em vista da salvação humana. Ele, Filho de Deus co-eterno a quem o gerou, é sempre do Pai; é o mesmo Filho do homem que começou a existir pela Virgem Maria. Desta forma, à divindade do Filho uniu-se a humanidade, e não teve uma quaternidade de pessoas, mas permaneceu uma única Trindade[3]. É o nascimento dos nascimentos Santo Efrém, o Sírio, Confessor, século IV disse que o nascimento de Jesus na carne foi o nascimento dos nascimentos, O seu nascimento tornou-se por sua vez, a mãe das criaturas, Maria concebeu e deu à luz a humanidade que deu para ela na luz. A mãe o gerou corporalmente, enquanto o Senhor a gerou espiritualmente. Desta forma o Senhor nasceu para fazer nascer os seres humanos a sua imagem. Eis o nascimento que fez nascer a todos. É necessário louvar Aquele que se fez carne, e deu razão para todos[4]. O seu nascimento é fonte de esperança Nós vamos celebrar o ano jubilar cujo tema é: Peregrinos da esperança em 2025. Santo Efrém ainda disse que o nascimento de Jesus é fonte de esperança. Quando a esperança dos seres humanos estava desaparecendo, foi o nascimento do Senhor que a fez reflorescer, pois à alegre esperança anunciaram as fileiras celestes aos seres humanos. O espírito do mal, Satanás que destruiu a nossa esperança, o Senhor destruiu-o com as suas mesmas mãos quando Ele apareceu novamente para todas as pessoas. É louvável a esperança, que nos conduziu à alegre noticia da vinda do Messias na terra[5]. A vivência no Verbo de Deus e humano O natal é o amor de Deus pela assunção da realidade humana. São Clemente de Alexandria, Padre dos séculos II e III disse que o Verbo, isto é o Cristo, foi a causa do nosso existir antigo. No entanto, Ele é também a causa do nosso viver bem porque Ele se mostrou aos seres humanos, o Verbo, o único que uniu a si as duas naturezas: a divina e a humana. Deus e homem, Ele que é a causa de todos os nossos bens. Dele nós tomamos o viver bem e por isso somos convidados à vida eterna. Ele como Criador, nos doou ao início o viver, enquanto nos criava, revelando-se a nós como Mestre nos ensinou a viver bem; Ele nos procurará como Deus, o viver eternamente[6]. O natal é a presença de Jesus na humanidade. Ele a assumiu de uma forma total para a redenção humana. Nós somos felizes pela presença animadora, vivificadora de Jesus que nos convida a amar a Deus, ao próximo como a si mesmo. O nascimento de Jesus é dado entre os pobres, de modo que Ele nos ensina a amar a todas as pessoas, sobretudo as mais necessitadas. [1] Cfr. Ireneu de Lião, IV,20,4. São Paulo, Paulus, 1995, pgs. 429-430. [2] Cfr. Idem, pg. 430. [3] Cfr. Agostino d`Ippona, Sermone 186,1. In: Ogni giorno con i Padri della Chiesa. Milano, Paoline, 1996, pg. 384. [4] Cfr. Efrem Siro. Inno sulla natività 23,5. In: Idem, pg. 385. [5] Cfr. Efrem Siro, Inno sula natività, 23,6. In: idem, pg. 386. [6] Cfr. Clemente di Alessandria. Protreptico 1,7. In: Idem, pg. 389. Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui
Dom Vital: A vinda do Senhor Jesus pelo Natal
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