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Dom Oriolo: A percepção de Deus no mundo digital

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Estamos vivendo numa galáxia digital, as pessoas cada vez mais conectadas. A sociedade em transformação é marcada pelo consumo massivo de conteúdos digitais. Vídeos, podcasts, blogs, e-books, infográficos, games e redes sociais estão influenciando nossas opiniões, decisões e nos conectando com pessoas do mundo inteiro. Dom Edson Oriolo – Bispo da Igreja Particular de Leopoldina MG Nos últimos anos, a paisagem urbana transformou-se radicalmente. Andando pelas ruas, seja em grandes metrópoles, seja em pequenas cidades, somos testemunhas de uma realidade cada vez mais solitária: pessoas imersas em seus smartphones e em seus tabletes, com os olhos fixos nas telas luminosas. Em transportes públicos, escolas, parques, ou simplesmente caminhando pelas calçadas, a conexão constante com o mundo virtual parece ter substituído o diálogo face a face. A atenção, antes direcionada aos amigos, familiares e desconhecidos ao redor, agora se concentra em notificações, mensagens e conteúdos on-line em seus ecrãs virtuais. Um verdadeiro silêncio pelo encantamento pelos ecrãs. Estamos vivendo numa galáxia digital, as pessoas cada vez mais conectadas. A sociedade em transformação é marcada pelo consumo massivo de conteúdos digitais. Vídeos, podcasts, blogs, e-books, infográficos, games e redes sociais estão influenciando nossas opiniões, decisões e nos conectando com pessoas do mundo inteiro. Essa revolução digital trouxe inúmeras possibilidades, mas também novos desafios, como a grande dificuldade de explorar as potencialidades do nosso cérebro. O mundo digital, com informações acessíveis a um clique, vem transformando radicalmente a forma como nos relacionamos com o conhecimento. Antes, memorizávamos números de telefone, placas de carros, números de residências, endereços e rotas, exercitando nossa memória e atenção. Hoje, o Google e aplicativos especializados nos fornecem essas informações instantaneamente. Essa dependência tecnológica, embora conveniente, tem um lado estranho: estamos perdendo a capacidade de guardar informações e de desenvolver estratégias para encontrar soluções por conta própria. A facilidade em encontrar tudo on-line está atrofiando nossa capacidade cognitiva e nos tornando cada vez mais dependentes de dispositivos. A cada ano, o Dicionário Oxford elege uma palavra ou expressão, que sintetiza os acontecimentos e as tendências culturais dos dozes meses anteriores. Em 2024, a escolha recaiu sobre o termo brain rot, uma expressão mencionada pelo autor Henry David Thoreau, em seu clássico: “A Vida nos Bosques”. Com essa escolha, o dicionário busca destacar a crescente tendência da sociedade contemporânea de privilegiar informações simples e superficiais, em detrimento de análises mais profundas e complexas. A expressão brain rot serve como um alerta para a necessidade de resgatar o pensamento crítico e a valorização do aprofundamento, numa sociedade cada vez mais dominada pela cultura da rapidez e do instantâneo. A expressão brain rot reflete uma profunda mudança na forma como vivemos e interagimos com o mundo. A constante exposição a estímulos digitais, a pressão por produtividade e a fragmentação da atenção têm levado muitas pessoas a experimentarem um estado de fadiga mental crônica. A popularidade desse termo evidencia a necessidade de repensarmos nossas relações com a tecnologia e de buscarmos um equilíbrio entre o mundo on-line e o mundo off-line. A busca por estratégias para combater o brain rot não é apenas uma questão individual, mas também um desafio coletivo que exige a criação de ambientes mais propícios à concentração e ao bem-estar mental. A era digital, com seu mar de informações instantâneas e superficiais, moldou um novo hábito: a compulsão por estar conectado. A necessidade constante de consumir vídeos, fotos e mensagens em um ritmo frenético está deteriorando nossa capacidade de concentração e atenção. O termo brain rot  (cérebro podre) resume bem essa realidade: ao inundarmos nossos cérebros com estímulos constantes, comprometemos nossa capacidade de pensar de forma crítica e de apreciar a complexidade do mundo. No entanto, em um mundo que celebra a cultura brain rot, a teografia é um exercício que consiste em percebermos “a escrita de Deus no nosso caminhar, ao longo da vida. São as marcas que Deus deixa em nosso coração”, na nossa história pessoal. É um convite à profundidade e à contemplação. Ao buscar as marcas de Deus em nossa vida, estamos, em essência, resistindo à tendência de simplificar e banalizar a experiência humana. A teografia nos convida a desacelerar, a prestar atenção aos detalhes e a cultivar uma relação mais íntima com o divino. Ao perceber a ação de Deus em nossas vidas, podemos encontrar a força e a esperança necessárias para enfrentar os desafios do mundo digital. Destarte, diante da crescente influência digital e da cultura do brain rot, a teografia emerge como luz de esperança. Ao buscarmos a presença divina em nossas vidas, cultivamos a capacidade de transcender as distrações e encontrar um propósito mais profundo. O encontro com o divino nos convida a desacelerar, a contemplar a natureza, a fortalecer os laços humanos e a nos conectarmos com algo maior do que nós mesmos. Ao equilibrar a vida on-line e a vida espiritual, podemos encontrar a paz interior e contribuir para a construção de um mundo mais humano e compassivo. “Oh! Quão bom e quão agradável habitar todos juntos, como irmãos!”(Sl 133,1). Concluindo, a teografia, ao dialogar com o mundo digital, nos convida a uma busca mais profunda pelas marcas de Deus em nossas vidas. Ao identificarmos as ‘pegadas divinas’ nas diversas plataformas e interações, estamos, na verdade, aprofundando a compreensão sobre a ação de Deus na vida das pessoas. A tecnologia, embora desafie nossos paradigmas teológicos, também nos oferece novas ferramentas para experimentar a fé e fortalecer a relação com o transcendente. Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui

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