“Nos conhecemos desde os 3 aninhos na escolinha, é muito tempo de amizade, temos uma relação desde sempre, desde que estamos vivas praticamente. Criamos um elo muito forte”, contou Beatriz. No Dia Nacional do Amigo, celebrado neste sábado (20), conheça histórias de conexão da dupla de amigas de Araraquara (SP) (que agora é um trio) e também de dois amigos unidos pelo rock’n roll há mais de 30 anos no município. Do lado esquerdo do peito Nenéns: Beatriz Borghi (à esquerda) e Juliana Batosto são amigas desde o jardim da infância. — Foto: Arquivo pessoal As amigas Bia e Juliana acompanharam várias etapas uma da outra, do primeiro beijo ao primeiro ‘porre’, descobertas artísticas e profissionais. “Lembro do primeiro beijo da Bia , da primeira vez que tomamos cerveja, shows, ano novo, aniversários surpresas. Passamos por muitas fase e descobertas e nos influenciamos bastante”, disse Juliana, que é designer e multiartista. Super conectadas, elas se comunicam com olhares, dividem os mesmos gostos e já chegaram a se interessar pelas mesmas pessoas, mas garantiram que isso nunca deu briga. A amizade está acima de tudo, claro. “A gente se conhece a um ponto de saber o que a outra estava pensando, só pelo olhar, conexão mesmo. Eu e Bia sempre tivemos interesse por pessoas parecidas e nunca brigamos por isso”, contou Juliana. Beatriz é artista da dança e comentou que elas sempre tiveram muita coisa em comum e que isso influenciou a trajetória de ambas. As trocas e referências artísticas, de séries a músicas, reverberaram em projetos culturais recentes que incluem premiações e abriram novas portas. Mas uma peça importante na amizade delas estava a caminho e chegou no ensino médio. De dupla a power trio A dupla que virou trio: Juliana, Viccy e Bia têm quase 20 anos de muita parceria e arte. — Foto: Arquivo pessoal Em 2005, a dupla virou um trio inseparável com a chegada de Viccy Ferrari na escola. A partir da 5ª série, as três não se desgrudaram mais, e concluíram o ensino fundamental juntas. ‘Rolezinhos’ em shopping, primeiro amor, viagens, festas e muitas madrugadas foram compartilhadas ao longo dos anos. Bia e Viccy continuaram no ensino médio e foram estudar dança e teatro na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e também moraram juntas por lá. A distância física entre elas não foi empecilho. Trio inseparável: a chegada de Viccy na 5ª série não abalou a relação das amigas de Araraquara, pelo contrário, só fortaleceu as conexões artísticas.. — Foto: Arquivo pessoal “Temos uma relação de amizade que vai fazer 20 anos no ano que vem. Nos conhecemos com 11 anos. Nossas famílias já se conheciam e a nossa amizade sempre foi muito natural e honesta. O tempo foi passando e nos mantemos unidas, estudamos e hoje desenvolvemos projetos também”, contou a produtora de teatro Viccy. Já na fase adulta, elas acompanharam e apoiaram a transição de gênero da produtora. A artista da cena tem 29 anos é uma pessoa trans não binária – pessoa que não se identifica nem com o gênero masculino, nem com o gênero feminino. De rolê: Bia Borghi e Viccy Ferrari “causando” em alguma lanchonete de Araraquara; afinidade e parceria desde os 11 anos de idade. — Foto: Arquivo pessoal “Quando a Viccy se identificou como não binária na vida adulta para mim foi muito natural ver ela se transformando e acontecendo. Não vejo um momento onde eu tive que perguntar algo, ela começou a se interessar por maquiagem, se pintava, foi simplesmente natural. A gente já se tratava no feminino antes de brincadeira e foi acontecendo no cotidiano”, lembrou Bia. Para Viccy o apoio das amigas foi muito fluído e rolou de forma orgânica. “Não precisei contar para elas, já entenderam e captaram os sinais e respeitando os limites e tempos. Elas sempre me acolheram e tenho muito apoio delas para tudo. É uma parceria de anos e é até louco falar sobre isso, é muito bonito se pararmos para refletir no ontem e o hoje se misturando na memória afetiva”, comentou. Bia, Juliana e Viccy são rolezeiras culturais e realizam projetos juntas em Araraquara e região. — Foto: Arquivo pessoal Amizade premiada Na universidade os primeiros projetos artísticos começaram a aparecer. Bia e Viccy produziam peças teatrais e de performance na Unicamp, e Juliana ia até Campinas para assistir e apoiar o rolê. Hoje elas produzem peças, festivais e tem projeto premiado por editais de cultura. “Sempre tivemos gostos parecidos, não teria me interessado tanto por teatro e dança se não fossem por elas”, disse Juliana. A performance “Cabeção” já passou por várias cidades do interior de São Paulo e começou como um projeto online de vídeo na pandemia com o apoio dos editais municipais da lei Aldir Blanc. Projeto “Cabeção” foi premiado por editais de cultura e circula por várias cidades do país. — Foto: Arquivo pessoal “Saiu das telas e foi pra rua pela primeira vez pelo Itaú Cultural em São Paulo, rodou vários Sesc pelo interior, fomos pro Fringe, um festival de teatro de Curitiba e agora vamos rodar Araraquara durante esse ano pela Lei Paulo Gustavo. A Viccy na performance, eu na direção de movimento, Ju no figurino e outras pessoas adentraram ao projeto porque ele ficou grande”, contou Bia. Viccy também comentou que a amizade do trio sempre foi guiada por sonhos e arte. “Nossa amizade é construída na troca, sem tanta reflexão, é somando forças e sonhos. Não é à toa que trabalhando juntas nesse projeto”, disse. ‘Migos’ sonoros Amizade sonora: Flavinha Antunes e Paulo Pires tocam na mesma banda há 30 anos. Hellside é uma das bandas do underground de Araraquara. — Foto: Amanda Rocha/g1 Outra amizade de longa data é a da autônoma Flávia Antunes, de 51 anos e do arquiteto Paulo Pires, de 51 anos. Há mais de 30 anos, a paixão dos dois pela música extrema uniu os riffs pesados de guitarra e bateria acelerada na banda Hellside. Os dois se conheceram quando Flavinha decidiu formar a banda no final dos anos 1980 em Araraquara. O grupo já passou por diversas formações, mas o duo de amigos sempre permaneceu fixo e combativo com Flavinha na guitarra e vocal e Paulo (Pirão) na bateria. Dentro ou fora dos palcos, eles são amigos para todas as horas. “Nossa amizade começou através da música e nos tornamos verdadeiros irmãos de alma mesmo. A gente se gosta muito e a capa do nosso novo trabalho são duas caveiras siamesas juntas, que nos representam com o símbolo de gêmeos, que é o que somos. Ele é meu irmão gêmeo mesmo”, disse Flavinha. Riffs de ideias Jovens cabeludos: Pirão (à esquerda) e Flavinha na ponta da direita em foto dos anos 90 com a formação da banda ainda em quarteto. Banda já teria acabado se não fosse a insistência deles. — Foto: Arquivo pessoal A amizade de Flávia e Paulo começou na adolescência e passou por várias fases, mas a música sempre esteve presente como um ímã atraindo ambos. A banda começou como um quarteto e hoje é só um duo formado por eles e, se não fosse a persistência e parceria deles, o grupo já teria acabado. Apesar do baterista morar em São Paulo há quase 20 anos, eles sempre encontram tempo para ensaiar na casa de Flávia e tocam com frequência em eventos underground na região de Araraquara e São Carlos (SP). Para dar conta das ideias, composições e conselhos diversos, eles se falam praticamente todos os dias, seja por áudio de WhatsApp, ligação ou vídeo chamada. “Em geral fazemos as composições juntos, ela me envia um riff ou faço uma batida de batera, e vamos criando de acordo com a necessidade. Nos falamos e nos vemos com frequência”, contou Pirão. Eles garantem que nunca brigaram ou se afastaram ao longo das décadas. “Nunca tretamos, de verdade, o projeto nosso mais do que a banda é se manter junto sempre criando algo. Ela é minha irmãzona”, finalizou. Flavinha e Pirão compões riffs e letras a distância, parceria duradoura tem funcionado há décadas. — Foto: Amanda Rocha/g1
Dia do Amigo: grupos celebram décadas de amizade conectados no amor pela arte e o rock em SP
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