O número, enviado a pedido do g1, leva em consideração pacientes de 0 a 19 anos que buscaram atendimento entre julho de 2023 a junho de 2024. De acordo com a pediatra Camila Prado, dentro desse grupo, a faixa dos 5 aos 6 anos é a mais acometida. (Confira ao final dessa reportagem orientações sobre como evitar um acidente desse tipo e o que fazer caso ocorra). O índice se refere a exposições e, não necessariamente, intoxicações. Isto é: a exposição é o contato inadequado, que pode causar sintomas leves – como quando uma criança ingere um produto de limpeza e vomita. Essa exposição pode ou não evoluir para uma intoxicação, que é mais grave. “Na intoxicação pode ter queimaduras do trato gastrointestinal, dependendo do produto. Aí os vômitos podem ser um sinal de gravidade, que leva a uma conduta cirúrgica. Sono também. Não a sonolência, mas se ficar em coma por causa de medicação, precisa de cuidado intensivo”, diz Camila. Além dos medicamentos, os produtos de limpeza também figuram um espaço importante no levantamento. Eles representam 16,2% do total de ocorrências, seguidos por outros produtos químicos residenciais ou industriais, com 11,8%. 💊 Vale destacar: a exposição a essas substâncias pode ter ocorrido de forma isolada ou pela associação de dois ou mais produtos. Sintomas mais comuns Considerando um período maior, de janeiro de 2023 a junho deste ano, foram 4,6 mil atendimentos. A reportagem questionou ao CIATox quais foram os 10 sintomas pós-exposição mais relatados – sendo que eles podem surgir de forma isolada ou com outras manifestações. O vômito é o mais recorrente, presente em 23,9% dos atendimentos, ao lado da sonolência, com 22,5%. Já a cefaleia (dor de cabeça) e a tontura não passaram de 3,9%. Veja a lista completa no gráfico abaixo: “A minoria tem sintomas de gravidade, que precisam de um cuidado maior. Boa parte dessas exposições, na verdade, acaba evoluindo bem. Como são exposições acidentais, na maioria das vezes, em pequenas quantidades, são casos leves e sem tanta repercussão. Claro que, eventualmente, tem intoxicações graves”. “Tem medicamentos que mesmo em pequenas quantidades têm gravidade, tem produtos de limpeza doméstica que, mesmo em pequenas quantidades, podem ser graves. Então, depende muito do que foi que ela se expôs”, comenta a médica do CIAtox. Mantenha longe do alcance das crianças Camila afirma boa parte dos casos ocorrem pela associação entre a curiosidade dos pequenos e o descuido de deixar essas substâncias acessíveis. “Tinha um comprimido fora do lugar, a criança encontrou e tomou. Do produto de limpeza, às vezes está num armário baixo e as pessoas colocam numa embalagem de garrafa pet, refrigerante, a criança toma”. Exatamente por isso, a prevenção é indispensável. O primeiro passo, de acordo com a especialista, é levar mais a sério a recomendação de manter esses produtos longe do alcance das crianças, conforme indicado nos rótulos das embalagens. ⚠️ A médica também faz as seguintes recomendações: não deixar medicamentos espalhados pela casa: guardar esse tipo de produto de forma organizada e inacessível para crianças;guardar produtos de limpeza e outras substâncias químicas em lugares fechados, fora do campo de visão, e em altura que a criança não alcance;manter substâncias químicas em embalagens originais: guardar em garrafa de refrigerante, por exemplo, pode levar a criança a pensar que o produto pode ser ingerido. O que fazer em caso de exposição Em casos de suspeita ou confirmação de contato inapropriado com esses produtos, como na ingestão, a recomendação é procurar um pronto-socorro ou telefonar para o CIATox, que pode dar orientações sobre o que fazer. O atendimento é feito 24 por dia pelos telefones: (19) 3521-5555(19) 3521-6700(19) 3521-7277(19) 3521-7660 “Se precisar ir pra um serviço de saúde, leva o produto, leva foto do rótulo. Isso ajuda bastante a gente. Leva o medicamento, se achar que a criança tomou o medicamento, pra gente ver quantos miligramas, quantos comprimentos estão faltando”, destaca Camila. “Quanto mais informação a gente tem sobre a exposição, melhor a gente cuida. A gente não precisa ficar tentando se antecipar no pior cenário. A gente consegue entender realmente o que aconteceu”. A pediatra também orienta sobre o que não fazer nessas situações. “Nunca provocar vômito em casa. Antigamente se falava para provocar vômito, dar leite. Dependendo da situação, isso pode piorar. Na dúvida, não dá nada, não provoca vômito, e tenta entrar em contato com um centro de intoxicação”. Unicamp alerta para casos graves de intoxicação de crianças por descongestionante nasal Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.
De remédio a cosmético: Unicamp atende 3,2 mil menores por contato com substâncias químicas em um ano
18
postagem anterior