Lula chegou aos Estados Unidos no sábado (21) e passará cinco dias no país. Na próxima terça (24), deve abrir os discursos da Assembleia Geral da ONU (veja a agenda abaixo). No discurso de 5 minutos (tempo máximo dado a cada líder), Lula voltou a temas que vem adotando em fóruns internacionais, como o combate à fome e às mudanças climáticas. E criticou o ritmo lento de adoção das metas de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030 da ONU. “Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram o maior empreendimento diplomático dos últimos anos, e caminham para se tornar o nosso maior fracasso coletivo. No ritmo atual de implementação, apenas 17% das metas da Agenda 2030 serão atingidas dentro do prazo”, disse Lula. Segundo o brasileiro, os chefes de Estado e de governo têm duas “grandes responsabilidades”: não retroceder nas garantias de direitos humanos e “abrir caminhos diante de novos riscos e oportunidades”. Lula e a reforma da ONU Ao citar avanços previstos no “Pacto pelo Futuro” – documento que motivou a cúpula e deve ser assinado pelos países neste domingo –, no entanto, Lula criticou a falta de reformas estruturais em organizações como a própria ONU. “Todos esses avanços serão louváveis e significativos, mas ainda assim, nos falta ambição e ousadia. A crise da governança global requer transformações estruturais. A pandemia, os conflitos na Europa e no Oriente Médio, a corrida armamentista e a mudança do clima escancaram as limitações das instâncias multilaterais.” “A maioria dos órgãos carece de autoridade e meios de implementação para fazer cumprir suas decisões. A Assembleia Geral perdeu sua vitalidade e o Conselho Econômico e Social foi esvaziado. A legitimidade do Conselho de Segurança encolhe a cada vez que aplica duplos padrões ou se omite diante de atrocidades”, listou Lula. O presidente brasileiro cobra, desde seu primeiro mandato em 2003, que o Conselho de Segurança da ONU passe a incluir países em desenvolvimento e potências globais que, quando a ONU foi criada no pós-Segunda Guerra, acabaram excluídas por terem perdido o confronto. 🌍Junto com Alemanha, Japão e Índia, o Brasil forma o “G4”, grupo que pressiona pelo aumento das cadeiras permanentes no Conselho de Segurança e pleiteia as novas vagas. 🌍O Conselho de Segurança vem sendo criticado por sua paralisia frente a guerras que envolvem seus próprios membros, como a invasão da Ucrânia pela Rússia e a guerra entre Israel (apoiado pelos EUA) e os grupos extremistas Hamas e Hezbollah no Oriente Médio. “As instituições de Bretton-Woods [FMI e Banco Mundial] desconsideram as prioridades e as necessidades do mundo em desenvolvimento. O Sul Global não está representado de forma condizente com o seu atual peso político e econômico e democrático”, disse Lula antes de estourar o tempo e ter o microfone cortado. Além de Lula, compareceram à sessão na ONU a primeira-dama, Janja da Silva; o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Marina Silva (Meio Ambiente), e o assessor especial de Lula e ex-chanceler Celso Amorim. Comitiva brasileira acompanha discurso de Lula na Cúpula do Futuro da ONU, em Nova York — Foto: PR/Reprodução Pacto pelo Futuro No evento, a ONU espera que líderes globais sinalizem a adesão ao Pacto pelo Futuro – documento de 42 páginas com metas e compromissos para, nas palavras da organização, “garantir um futuro mais justo, seguro e sustentável”. O pacto inclui temas defendidos pela diplomacia brasileira e por Lula, como: a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas;a reforma do sistema financeiro internacional para impulsionar o desenvolvimento sustentável;o fortalecimento de entidades multilaterais como a própria ONU e a Organização Mundial do Comércio (OMC);a implementação de políticas de igualdade de gênero e combate às violências e discriminações baseadas em sexo, gênero e raça;o fortalecimento das ações contra a mudança climática, com a concretização dos compromissos assumidos pelos países em documentos como o Acordo de Paris. No Brasil, queimadas e seca Lula tem previsão de retornar ao Brasil na quarta-feira (25) – e faz essa viagem em um momento delicado para a imagem externa do país. O governo defende pautas de preservação ambiental e tenta ser protagonista na transição energética, porém tem dificuldades para enfrentar a onda de incêndios e queimadas das últimas semanas. O combate às mudanças climáticas deve ser um dos temas abordados por Lula na Assembleia Geral das Nações Unidas. Neste ano, o Brasil vivenciou dois extremos, com as cheias de maio no Rio Grande do Sul e a atual seca no país. Pacto Global da ONU alerta: crise climática tem impacto maior nas comunidades vulneráveis Veja a agenda completa de Lula nos Estados Unidos: Sessão de Abertura da Cúpula do Futuro – Lula deve discursar no evento Encontro bilateral com a Presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der LeyenEncontro bilateral com o Primeiro-Ministro da República do Haiti, Garry ConilleParticipa de evento da Iniciativa Global Clinton, organizada pelo ex-presidente dos EUA Bill ClintonParticipa da premiação anual da iniciativa Goalkeepers, organizada pela Fundação Bill e Melinda Gates Encontro com o Secretário-Geral das Nações Unidas, Antonio GuterresDiscurso na Abertura do Debate Geral da 79ª Sessão da Assembleia Geral das Nações UnidasAudiência concedida ao Presidente de Governo do Reino da Espanha, Pedro SánchezParticipa do evento “Combatendo os Extremismos”, em defesa da democraciaEncontro com o presidente da República Francesa, Emmanuel Macron Participa da sessão de Abertura da Reunião Ministerial do G20 Relembre abaixo o discurso de Lula na ONU em 2023: Na ONU, Lula chama atenção para a emergência climática, a desigualdade e a crise da governança global Brasil abre discursos na ONU Lula será o primeiro chefe de Estado a discursar no debate geral da assembleia, na terça-feira (24). Por tradição, cabe ao Brasil abrir os discursos de presidentes, primeiros-ministros e chanceleres no encontro anual de líderes dos países da ONU. Mais uma vez, Lula deve abordar nos discursos em Nova York temas clássicos da diplomacia brasileira e pautas centrais de seus três mandatos, como: inclusão e combate à fome, necessidade de encerrar as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, defesa da democracia e reforma dos órgãos que balizam as relações entre países. O presidente aproveita a viagem aos Estados Unidos para cumprir outros compromissos, como um debate a respeito da defesa de democracia e um encontro, também organizado pela ONU, para firmar um “Pacto para o Futuro”. Lula também terá reuniões bilaterais com outros presidentes e primeiros-ministros.
Cúpula do Futuro: Lula cita fome no mundo e mudanças climáticas, cobra reformas e diz que falta ‘ambição e ousadia’ a líderes
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